Chegámos àquela altura em que – e citando o Rui Parreira – já estamos a falar de jogos não porque os nossos leitores tenham que gastar dinheiro para os jogar (que não vão), mas para evitar que percam tempo e espaço de disco a experimentá-los. Como prometi que esta semana iria dedicar o meu tempo a falar sobre jogos do qual não tenho gostado, aqui vai mais um destes casos recentes.  

One Way Road: Firehunt é um side-scrolling shooter desenvolvido pelo solo developer Shabunov Leonid, servindo como prequela e prólogo ao jogo One Way Road, que chegará em breve ao Steam. Este prólogo já está disponível gratuitamente no Steam, oferecendo uma abordagem única ao género, mas numa inovação que para o meu gosto passou completamente ao lado do que um bom shooter espacial deve ter.

Neste indie gratuito somos mercenários espaciais e assumimos o controlo de uma nave gigante que ocupa uma parte significativa do ecrã, tornando-a inescapavelmente no centro da ação. Só que esta centralização e escala da nave obriga-nos a ter de afastar a câmara constantemente para antecipar os muitos inimigos que surgem. Uma característica peculiar do jogo que piora com a estranha decisão à volta da movimentação da nave: a nave principal tem a limitação de se poder mover apenas para cima ou para baixo.

Esta restrição no movimento é extremamente frustrante num jogo que exigiria outro tipo de agilidade em dogfights, limitando a nossa capacidade de manobrar e responder rapidamente aos inimigos. Apesar de esta nave gigante não ser a única que utilizamos, temos também a transição eventual para o controlo de um caça espacial menor e mais ágil, que corrige, em parte, o maior estatismo que sentimos em grande parte do jogo.

A limitação no movimento da nave principal força-nos a adotarmos uma abordagem um pouco mais estratégica, focando-nos na antecipação das vagas de inimigos, mas parte da diversão de um shooter espacial é a dança feita com a nossa nave pelo vazio do espaço. Algo ausente neste jogo e que causa um desvio significativo dos shooters tradicionais, onde a mobilidade e a evasão rápida são cruciais. 

Sem ser excessivamente duro com este jogo, é importante reconhecer as conquistas de Shabunov Leonid como um solo developer: criar um jogo do zero é uma tarefa monumental, e Firehunt demonstra um nível respeitável de dedicação e habilidade. 

One Way Road: Firehunt é um jogo que desafia as convenções do género side-scrolling shooter mas que tinha um objectivo muito simples: abrir-nos o paladar para o jogo principal que sairá em breve, e parece-me, infelizmente, falhar redondamente esse objectivo.