Pensavam que o artigo sobre The Last Alchemist era o único cozy game do qual ia falar hoje, ou sequer esta semana? Desenganem-se, temos muito território mais fofo para desbravar nesta semana de Verão.

Desenvolvido pelo estúdio Humble Reeds, Kamaeru: A Frog Refuge é um cozy game indie que nos mergulha nas gestão e manutenção de um refúgio tranquilo e encantador, onde a biodiversidade é celebrada através da gestão de um habitat para adoráveis e coloridos sapos. Visualmente cativante, são na realidade as suas ilustrações encantadoras e coloridas que nos relembram autocolantes que nos seduzem de imediato, e que nos deixam na expectativa de que as camadas mecânicas acompanhem a sua qualidade e encanto visuais. Mas infelizmente, isso não acontece.

Apesar do jogo nos cativar com a sua direcção de arte próxima de um livro infantil, são os ecrãs quase estáticos e algumas animações limitadas de sapos que remetem para a serenidade de um ambiente natural. As ilustrações são de longe o maior (e talvez o único) destaque deste jogo, detalhando cada elemento do cenário com cores vibrantes e um estilo que evoca uma sensação de aconchego e harmonia com a natureza.

Como já percebemos pelo título, no cerne de Kamaeru está a gestão do refúgio de sapos, com o qual interagimos através de cliques em ervas e insectos para alimentar os sapos residentes, mas podemos também escolher diferentes espécies para procriar e expandir a população. 

No entanto, é nos elementos de game design que encontramos as minhas críticas a Kamaeru: A Frog Refuge: as mecânicas são excessivamente superficiais. Para além dessa superficialidade, a aleatoriedade nos resultados da procriação e a temporização do surgimento de sapos e insectos no meio selvagem colidem com o que deveria ser uma experiência mais relaxante.

Apesar de Kamaeru: A Frog Refuge ser assumidamente um jogo casual (e de não cair mal ao mundo por isso), em todos os aspectos ele parece ser realmente destinado a ser jogado em dispositivos móveis como passa-tempo. É-me impossível não ficar desiludido com a excessiva leveza das mecânicas de management e recolha de criaturas, e a forma como isso limita a minha profundidade da experiência. Levando, como disse, à necessidade de gerir o tempo para aproveitar os momentos oportunos para alimentar sapos e colectar recursos, criando uma sensação de pressão num jogo que, idealmente, deveria ser sempre relaxante na sua casualidade.

Kamaeru: A Frog Refuge oferece-nos um refúgio virtual e visual, mas a sua superficialidade mecânica deixa-nos a ansiar por algo com mais substância.