Tenho uma dúvida honesta: depois de ver o que um punhado de indie developers conseguiu fazer para criar o que é mais do que óbvio ser um The Legend of Zelda Maker, como é que a Nintendo não o fez primeiro? É que aqui temos a prova de que não só é possível, como funciona. 

Quest Master foi desenvolvido por Julian Creutz e Skydevilpam, publicado pela Apogee Entertainment, e é um dungeon maker que se inspira no sucesso de Super Mario Maker, mas voltado para os clássicos jogos de Zelda de 16 bits. Actualmente em Early Access, o jogo oferece-nos uma série de ferramentas para que possamos criar as nossas próprias masmorras, jogá-las e desafiarmos os nossos amigos a superá-las. Embora ainda esteja em desenvolvimento, esta build alpha de Quest Master apresenta-se já de forma muito promissora.

Como seria de esperar, a verdadeira estrela de Quest Master é o seu sistema de criação de masmorras. Surpreendentemente robusto e sofisticado, este permite que jogadores de todos os níveis de habilidade desenhem masmorras detalhadas e desafiantes, mimetizando, se quiserem, alguns dos níveis mais emblemáticos dos seus jogos de infância. 

A interface é intuitiva e é quase imediata a compreensão de como adicionar blocos de construção, armadilhas, inimigos e puzzles, proporcionando-nos uma flexibilidade que incentiva a criatividade. Cada item principal que encontramos em cara run serve como o objectivo isolado dessa mesma run, tornando cada masmorra um desafio auto-suficiente, e ainda sem a possibilidade de criar uma campanha inter-masmorras.

Esteticamente este Quest Master é uma homenagem visual e sonora aos jogos de Zelda de 16 bits. A pixel art remete-nos para esse período, e é também a banda-sonora nostálgica que captura a essência dos clássicos dos anos 1990, proporcionando uma experiência extremamente familiar. 

Apesar de estar em Early Access, Quest Master está em constante evolução: novos conteúdos são adicionados em cada patch, e os seus criadores têm sido pró-activos em aplicar o feedback da comunidade, com uma das promessas mais esperadas a ser a possibilidade futura de criar um overworld, além das masmorras, o que ampliaria significativamente as nossas criações.

A imaginação é o limite, já que esta plataforma permite a criação de desafios e puzzles complexos, que vão desde armadilhas simples até enigmas intricados. Mas como dizia, talvez a única limitação perceptível de Quest Master é a ausência de uma estrutura de campanha mais tradicional. Cada criação é um desafio independente, sem uma continuidade narrativa entre si, mas este cenário até pode ser preferencial para aqueles que preferem uma experiência de jogo mais linear, com cada masmorra a poder ser apreciada como um teste isolado.

O seu sistema de criação sofisticado e a promessa de futuras adições fazem de Quest Master um recreio único para fãs de Zelda, mostrando um enorme potencial de crescimento e assumindo-se como o oficioso Zelda Maker que os fãs tanto esperavam.