Diria que de tudo o que Stranger Things fez de bom, o melhor foi a forma como tornou a linguagem dos filmes dos anos 1980 algo cool novamente, aproximando uma novíssima geração de pessoas mais novas dessa linguagem, e semeando-lhes a curiosidade para a cultura pop desse período.

Apenas um ano depois de lançarem Ravenlok, o estúdio canadiano Cococucumber, traz-nos Echo Generation, um tributo aos anos 1980 que evoca a sensação de assistir ao ambiente desse período que The Goonies nos deu e que Stranger Things reproduziu. Este jogo de aventura e RPG combina uma direcção de arte maravilhosa com a técnica habitual destes estúdio: pixel art transformada em voxel de alta resolução, com mecânicas de combate por turnos e um enredo repleto de nostalgia.

Echo Generation coloca-nos no papel de um grupo de jovens que exploram uma pequena cidade no início dos anos 1990, enquanto investigam eventos sobrenaturais e, sem surpresa, acabarão por ter de salvar o mundo. O ambiente geral e os personagens são profundamente enraizados na cultura dos anos 1980, com referências abundantes a banda-desenhada, filmes e jogos da época. 

A atmosfera é complementada por uma banda-sonora que captura perfeitamente o espírito da década, transportando-nos para um tempo onde os Comics reinavam supremos e as aventuras eram vividas nas ruas e florestas das pequenas cidades na companhia dos nossos amigos mais próximos.

Como em quase todos os jogos do estúdio Cococumber, o ponto alto de Echo Generation é, sem dúvida, a sua direcção de arte. Cada cenário, desde as ruas da cidade até as florestas misteriosas, é repleto de detalhes em voxel de grande detalhe que convidam à exploração. O uso de cores vivas e a atenção minuciosa aos detalhes visuais fazem de cada momento uma verdadeira delícia visual, impelindo-nos a tentar interagir com todos os elementos decorativos na esperança de encontrar algum objecto que necessitemos no futuro.

O combate em Echo Generation é por turnos, com uma mecânica de timing inspirada em Super Mario RPG, mas indo mais longe do que este clássico. Para além dos ataques básicos, podemos desbloquear (ou aprender) alguns ataques especiais através de revistas de BD encontradas ao longo da aventura. A diferença do combate, ou a forma como ele vai mais longe, vem com a inclusão de mini-jogos em alguns destes ataques especiais, tornando as lutas mais dinâmicas e exigindo de nós alguma precisão para maximizar o dano e defendermo-nos dos ataques inimigos.

Se há muito que nos surpreende neste título revivalista, há problemas óbvios, e um deles são as quests serem excessivamentee simples, normalmente focadas na busca e entrega de itens. A ausência de marcadores de quests torna a sua navegação e o seu acompanhamento das um desafio, obrigando-nos a abrir o menu com alguma frequência. Embora isto traga uma sensação de exploração e descoberta de jogos clássicos, a qualidade de vida do jogo poderia ser significativamente melhorada com uma melhor orientação das nossas quests.

A linha narrativa de Echo Generation é relativamente curta e, embora não seja memorável, está repleta de momentos que evocam a nostalgia dos anos 1980, polvilhado de de easter eggs e referências que nos fazem sorrir. 

Echo Generation é uma carta de amor aos anos 1980, oferecendo uma experiência de jogo que mistura aventura e RPG com uma direcção de arte surpreendente e mecânicas de combate divertidas, e é um verdadeiro um piscar de olhos voxel de alta definição a Stranger Things.