Seguia Gestalt: Steam and Cinder há imenso tempo e foi uma boa surpresa quando apareceu, porém, embora tenha superado as minhas expectativas em alguns aspectos, noutros ficou aquém daquilo que esperava.
Embora o género já esteja um pouco saturado eu adoro um bom metroidvania, e com tudo o que tinha visto de Gestalt: Steam and Cinder, sempre me pareceu que havia alguns ganchos que me manteriam interessados no jogo.
De facto, a história do jogo é bastante boa, aguçando a curiosidade. Muito melhor que aquilo a que estou habituado, sendo inclusive, na minha opinião, o que de melhor tem para nos oferecer. Há enigma, tramoia e muitos personagens que crescem connosco ao longo do tempo.
Não há bela sem senão, já que para enquadrar muitas partes do enredo vão sendo incluídas novas personagens que, com avançar da história, nos começam a baralhar, já que começar a confundir nomes e locais onde os encontrar é o passo seguinte.
Tudo isto poderia ser minimizado com um bom sistema de monitorização de missões. Pelo que vejo é possível fazer tracking de uma missão, mas no mapa nunca me aparece qualquer menção ao local onde me devo dirigir, e tenho que me guiar por indicações geográficas vagas, sendo que outras ainda tenho que me lembrar em qual das múltiplas portas devo procurar.
Há também algumas missões acessórias que sofrem do mesmo mal, ou as esqueço ou quando finalmente encontro um item que procuro já não me lembro onde o devo entregar.
Certo que podemos deixar marcadores genéricos no mapa, mas não lhe podemos associar notas. Admito que é melhor que nada, mas mesmo assim não é a maneira mais prática de fazer as coisas. Parecia que estava a jogar o recente remake de The Legend of Zelda: Link’s Awakening, já com o mapa cheio de pontos de interesse, sem eu já me lembrar o que eram.
Há também pequenos componentes de RPG presentes na estrutura de missões, mas especialmente na árvore de habilidades que vamos enchendo consoante vamos subindo de nível, o problema deste método é que apesar de nos manter entretidos ao longo do nosso progresso, muitas das evoluções não passam de meras percentagens outras, embora nos ofereçam novos movimentos, não mudam a forma como lutamos, sendo que a mudança mais significativa é mesmo a aquisição do duplo salto.
Admito que gosto muito de olhar para este pixel art, para este mundo steampunk, mas não havia necessidade de olhar tanto para ele. Entendo a componente metroidvania, mas aqui muito do andar para trás e para a frente não é por não conseguirmos aceder a alguma área, mas sim para ir falar com alguém, mais nada. Pensei que iria minimizar essa sensação após desbloquear o fast travel, mas o sistema é pouco prático, deixando-nos também em áreas pouco úteis, fazendo com que na prática não se ganhe muito em usá-lo, e a verdade é que pouco o usei.
O combate é o que esperava. Há um movimento de rolamento que nos torna invulneráveis, temos uma arma que permite um tiro à distância que temos de ir carregando para podermos usar, e temos a espada para o omnipresente combate corpo a corpo. Todos os movimentos são fluídos e bem encadeados, encaixando bem uns nos outros. O sistema de stamina é apropriado, sendo mais que suficiente para encaixarmos os rolamentos necessários para escapar aos ataques dos inimigos.
Os inimigos esses vão evoluindo, tornando-se mais difíceis a cada nova área. Mantém o aspecto steampunk e encaixam no ambiente e todos parecem evoluções naturais dos primeiros que nos aparecem. Não há imensa diversidade, mas há o suficiente para percebermos que estamos numa área diferente.
Há uma tendência grande para tornarem estes jogos demasiado difíceis, mas não é aqui o caso, tanto que muitos dos itens que vamos apanhando nem cheguei a usar. Há um sistema de crafting no jogo, e com esse é interessante jogarmos um bocado e mudarmos o nosso equipamento para melhor nos adequarmos a algumas situações não sendo, mesmo assim, fundamental fazê-lo.
Com isto fiquei com sentimentos mistos ao jogar Gestalt: Steam and Cider. Por um lado toda a história, arte e contextualização é excelente, o combate e fluido e satisfatório, mas a progressão, travessia dos níveis e sistema de missões é um pouco confuso e não produz mudança necessária para mudar o nosso estilo de jogo. Como o preço é completamente adequado, é um jogo que não me custa nada recomendar.