Imagino que ninguém estivesse a contar com Nintendo World Championships: NES Edition. Até acrescento que provavelmente poucos ansiariam por ele, mas este novo baralhar na apresentação de jogos velhos até consegue ser divertido.
A ideia original para Nintendo World Championship veio da Nintendo America, que organizou por duas vezes um evento ao vivo em Los Angeles nos anos 1990. Provavelmente o custo da organização superou a sua capacidade promocional para a marca e este primórdio dos esports não pegou, tendo apenas sido reavivado posteriormente por duas vezes, sendo a primeira para comemorar o seu 25º aniversário.
Esta versão digital não é tão complicada de jogar, muito menos de criar um ambiente minimamente competitivo, contudo esta facilidade não implica que o jogo seja inquestionavelmente a oitava maravilha do Mundo, já que para além de fogachos de diversão, não transmite aquele cariz de completude que a Nintendo nos habituou.
Também tenho de admitir que não sou especial fã de jogos com níveis muito curtos que se prezam, ou melhor, atiram à repetição em busca de um tempo marginalmente mais curto e é exactamente isso que Nintendo Word Championships: NES Edition faz.
Há alguns detalhes engraçados que apelam à saudade, por exemplo, mal entramos no jogo podemos escolher se jogámos e queremos ver nomes de NES ou Famicom, há uma lista de todos os jogos lançados para esses sistemas para que possamos escolher o nosso favorito, algo que pode ser mudado a qualquer altura, e os jogos escolhidos foram emblemáticos na altura, embora alguns agora não pareçam assim tão emblemáticos, chegando mesmo a parecer desadequados.
E é essa adequação que questiono. Se Super Mario, Metroid, Donkey Kong e mesmo Kid Icarus se sentem perfeitamente em casa neste mundo speedruniesco, considerando a quantidade gigante de jogos disponíveis e a forma como adaptaram desafios a Kirby ou Zelda, pergunto-me a relevância de incluir jogos como Excitebike, que já não gostei quando saiu, Ice Climber com os seus controlos tradicionalmente hediondos e até posso fazer o caso que Ballon Fight, embora bastante relevante quando foi lançado, sendo um jogo que sempre gostei, aqui torna-se irritante porque os controlos não são nada adaptados a estrutura física da Switch.
E estes controlos são mesmo a minha maior embirração. Ninguém sonhava com estes controlos em 1990 e o joycon oferece uma má experiência de jogo, já que basta apontar ligeiramente mais para o lado para o boneco saltar em vez de ir em frente. Usar as setas que tentam imitar um D-Pad não ajuda, pois essa tentativa está longe se ser conseguida, e o que acabei por fazer mais vezes foi jogar com o comando Pro, chegando mesmo a atirá-lo para a mochila para levar e jogar com a consola nas pernas e comando na mão. Isto fez-me pensar seriamente em comprar os comandos NES presentes na loja online da Nintendo, tanto que a certo ponto pensei quantos o terão feito e se esse não seria um dos objectivos do jogo.
Há um modo offline que é usado para treinar todos os níveis, níveis esses que vão crescendo de tamanho e complexidade. Para haver algum propósito em jogá-los, por cada vez que os acabamos vamos ganhando medalhas e moedas que usamos para desbloquear novos níveis ou comprar avatares na loja.
Claro que a componente mais esperada é a online onde… jogados sozinhos ou contra “fantasmas”. É isso. Continuamos a jogar exactamente da mesma forma num dos modos, apenas lançando o nosso tempo final para duas listas de classificação, uma global, outra referente ao nosso ano de nascimento. O que notei é que a minha classificação relativa é similar em ambas as listas, pelo que o talento dos jogadores será mais ou menos homogéneo, quando eu pensava que a minha classificação seria bem pior dentro da minha idade.
No outro modo jogamos uma espécie de Battle Royale de níveis contra gravações de runs de 7 outros jogadores e temos que ir sucessivamente ficando na metade superior da tabela para evitarmos ser eliminados. Há dois níveis de dificuldade, o prateado e o dourado. O primeiro é relativamente simples de bater, já no segundo apenas consegui chegar à final, nunca o ganhei.
Curiosamente a minha filha gostou imenso do jogo e andou toda entusiasmada a passar níveis de alguns dos jogos, já eu vejo pouco que me mantenha. Após desbloquearmos todos os níveis sobra-nos o online onde há 5 níveis semanais, que após batidos não exercem grande força para nos fazer voltar, e esta espera semanal para novo momento competitivo apenas nos fará esquecer o jogo de forma relativamente rápida.
Mesmo considerando todas estas areias na engrenagem, o jogo é divertido e tem um preço razoável. Acho que poderiam ter feito um bocadinho mais, mas as coisas são como são.
Então vale a pena comprar Nintendo World Championships: NES Edition? Eu esperaria por uma promoção. A falta de competição em tempo real fará com que cada tempo esteja lá para sempre, logo tanto faz estarem 3 milhões de jogadores ao mesmo tempo ou apenas nós. Jogamos contra um tempo, uma imagem. Fora a saudade, ou um registo mais competitivo, há melhores opções para se jogar. Vão para WarioWare: Get it Together!, por exemplo.