A Little to the Left é um dos mais criativos e visualmente deslumbrantes jogos de puzzle que os criadores indie nos presentearam nos últimos anos, tornando-se inesquecível com a sua mistura única de desafios e aura zen. Lá em nossa casa teve a capacidade de me cativar e aos meus filhos em frente ao ecrã do PC a discutirmos e a analisarmos cada um dos originais puzzles que nos são apresentados.
Se já o jogo original se destacou pela sua capacidade de nos apresentar constantemente ideias frescas e puzzles diversificados, e ao mesmo tempo mantendo sempre um equilíbrio entre o estímulo intelectual e a serenidade visual e sonora. Agora, com o lançamento do segundo DLC Seeing Stars, somos todos presenteados com 38 novos puzzles que prometem elevar essa experiência a um novo patamar. Neste caso, de dificuldade.
Esclarecendo o conteúdo que Seeing Stars nos traz: são 33 puzzles desbloqueados desde o início e mais 5 que requerem múltiplas estrelas para serem desbloqueados. Esta recolha e coleccionismo de estrelas já presente no jogo base, incentiva-nos a explorar as múltiplas soluções para cada puzzle, satisfazendo o desejo de quem, como eu, procura fazer completionism a todo o conteúdo disponível. No entanto, ao contrário do jogo original e do primeiro DLC, Seeing Stars eleva consideravelmente o nível de dificuldade, o que tem gerado algumas críticas entre alguns jogadores que sentem que o salto de exigência lógica entre o conteúdo já existente e este é muito elevado.
O aumento de desafio deste segundo (e derradeiro?) DLC é identificável desde os primeiros puzzles que nos são apresentados: as soluções – que antes eram relativamente intuitivas – agora exigem um nível ainda mais alto de atenção aos detalhes e um raciocínio ainda mais abstracto. Para os jogadores completionists como eu, o verdadeiro desafio implica na aventura de obter todas as estrelas disponíveis, o que nos vai trazer um esforço que o conteúdo original não exigia. Especialmente porque a dificuldade adicional surge não só pela complexidade inata dos próprios puzzles, mas também da necessidade de encontrar soluções alternativas, que nem sempre são óbvias e são, por vezes, ilógicas, ou excessivamente crípticas.
Uma das maiores qualidades de A Little to the Left sempre foi sua capacidade de misturar o relaxamento com o desafio de forma harmoniosa. Jogá-lo leva-nos ao passado, a folhear um velho livro de puzzles, onde cada página oferecia uma nova e agradável surpresa, sem pressa, sem pressão, mas aqui, nesta vertente videolúdica, elevada a um milhão.
Seeing Stars continua essa tradição, mas exige muito mais de nós, intelectualmente. Completar todos os puzzles e finalizar todas as estrelas (e portanto encontrar todas as soluções possíveis para cada quebra-cabeças) em Seeing Stars leva aproximadamente seis horas, uma quantidade significativa de tempo que pode variar dependendo da nossa habilidade e paciência. Admito que na nossa casa apreciámos o desafio adicional, mas tivemos também alguns momentos de frustração em encontrar algumas das soluções mais obscuras para alguns dos puzzles.
Seeing Stars é um DLC que nos desafia a irmos além do que já conhecemos, oferecendo-nos puzzles mais complexos e exigentes, ainda que a única crítica resida na ocasional visão críptica e ilogicidade de algumas soluções. No entanto, para todos aqueles como a minha família que apreciam um bom quebra-cabeças e não se importam de investir tempo e esforço mental para desvendar todos os segredos, Seeing Stars é uma adição valiosa e recompensadora a um dos jogos de puzzle mais encantadores e originais da última década.