O Rui Parreira acha que existem roguelites a mais. Quase que lhe posso dar razão, ainda que já tenha visto nos últimos anos uma abordagens muito criativas de incluir elementos de roguelike e roguelite a diversos géneros, como por exemplo Against the Storm, o city builder roguelike finalista do Indie X que me deixou agarrado durante semanas. Neste artigo trago uma experiência de mistura de géneros algo inusitado, a sequela em Early Access de um jogo que me encheu as medidas há 8 anos.

Como dizia, é sabido que os roguelites têm-se diversificado cada vez mais, trazendo experiências únicas e desafiadoras, ou aliás, têm sido muletas para outros géneros dada a sua popularidade. Não sendo inédito, é na realidade surpreendente que um sidescrolling beat ‘em up combine aqui combate frenético com elementos roguelite, com a progressão a ficar ancorada em recursos obtidos após cada derrota. Porque se há algo certo num roguelite é de que vamos perder. E muito. Lost Castle 2 não é excepção.

Lost Castle 2, desenvolvido pelo Hunter Studio, é a aguardada sequela do sucesso indie de 2016, recém-lançado em Early Access, e cujo jogo original foi um beat ‘em up de fantasia que eu devorei de uma ponta a outra. 

Voltamos aqui a assumir o papel de um dos membros de uma guilda de aventureiros, em busca de um lendário tesouro escondido algures em masmorras repletas de inimigos, criaturas e obstáculos que querem apenas uma coisa: ver-nos mortos. Como esperaríamos de um roguelite clássico, a cada run entramos em dungeons geradas proceduralmente, enfrentamos hordas de inimigos e bosses desafiantes, e inevitavelmente, quando derrotados, somos enviados de volta à aldeia de onde somos originários. 

É aí que entra um dos pilares do género: a progressão faseada e dependente de alguma repetição. Os recursos adquiridos em cada tentativa podem ser usados para melhorar as nossas habilidades, desbloquear novos equipamentos e, assim, aumentar as hipóteses de sucesso nas próximas incursões. Ainda que esse sucesso possa significar apenas chegar o mais longe possível na dungeon.

Para os fãs de beat ‘em ups, uma das características mais interessantes deste jogo é a variedade de armas disponíveis, os 6 tipos distintos oferecem um estilo de combate único, onde precisamos de aprender e dominar o comportamento próprio de cada arma. A cada nova run, a escolha de armas pode transformar a jogabilidade, e dependendo das nossas preferências e aptidão.

É-me impossível não notar uma forte semelhança com um dos nossos jogos preferidos lá de casa, Castle Crashers, não só devido ao estilo visual vibrante mas sobretudo ao tipo de combate. Contudo, o que o diferencia de Castle Crashers é o aspecto menos humorístico e é a sua essência roguelite, com uma estrutura onde a morte é parte integrante do progresso. 

A dinâmica de “limpar salas de inimigos” e escolher o próximo caminho é central para a progressão em Lost Castle 2, obrigando-nos a gerir recursos como vida e itens, para sobrevivermos o máximo possível até chegarmos ao boss, já que a tarefa de os derrotar é algo verdadeiramente desafiante.

Estando o jogo em Early Access, não é de surpreender que a experiência ainda se encontre relativamente simples, com a ausência de couch co-op a ser a mais notada. Facto que me gera alguma tristeza sabendo ao mesmo tempo que a possibilidade de jogar localmente tanto diversão como caos controlado, aproximando-o ainda mais de clássicos cooperativos intemporais como Castle Crashers.