Não me lembro se já tinha pedido isto o ano passado, mas permitam-se os deslizes de lhe chamar FIFA 25 volta e meia. É demasiado tempo para agora lhe chamar algo diferente, um pouco como o Sananda Francesco Maitreya, que eu irei para sempre chamar de Terrence Trent D’Arby e não há nada que nem ele nem ninguém possam fazer para o mudar.
Aproveito para começar também com o discurso semi-apologético, lembrando que eu reconheço a dificuldade que existe em imprimir muitas diferenças a um produto formulaico serial e anual. Não que a EA precise de se defender – em especial se nos lembrarmos que as milhões de cópias anuais são exculpatórias em si mesmo dessa necessidade – como também não precisariam que fosse eu a fazê-lo, que certamente não figuro nas fileiras dos seus mais seguidores.
E para estes, há que lembrar, que dada a sua dedicação profunda ao jogo anualmente, são sem dúvida as vozes mais audíveis na crítica às iterações anuais, e em simultâneo os seus primeiros e mais investidos compradores, ano após ano.
A chegada de FIFA 25, aliás, EA Sports FC 25 para mim tem um efeito similar a sofrer uma sinusite e lembrar-me que estamos em Abril, uma nova iteração chega habitualmente em Setembro, já com o campeonato nacional a decorrer e o regresso às aulas à porta.
Não sei se é ingenuidade minha a expectativa de perceber se as alterações ano após ano serão profundas – em alguns poucos casos isso é uma realidade, na sua maioria não – mas ao primeiro impacto a experiência parece uma repetição do ano passado, com mudanças que passam quase despercebidas.
Marca Gyökeres, o jogador com o maior valor de força física desta edição.
A única diferença que realmente se faz sentir — e mesmo assim de maneira muito subtil — é o ajuste na velocidade geral do jogo, algo que precisei que o meu filho mais velho mencionasse para perceber. O ritmo agora está ligeiramente reduzido, numa tentativa de se aproximar mais do desporto real, numa mudança tão ligeira, para muitos jogadores mais casuais como eu, passa despercebida nas suas partidas habituais.
Uma novidade interessante é a introdução do FC IQ, um sistema que visa aproximar o comportamento dos jogadores digitais ao dos jogadores reais, numa tentativa de refinar o algoritmo com a promessa de simular melhor as reacções e decisões de atletas em campo. No entanto, novamente, para jogadores casuais, essa diferença pode não ser imediatamente óbvia, a não ser que tenham um olho treinado para identificar os pequenos detalhes das movimentações e tomadas de decisão dos atletas virtuais, ou que conheçam as suas contrapartes reais tão a fundo que conseguem distinguir essas subtilezas.
Segundo golo de Gyökeres, o melhor jogador no campeonato português da actualidade.
Uma queixa que o meu filho mais velho costumava identificar, em especial nas runs que fez do modo carreira de treinador, era as limitadas opções tácticas, sendo que nesta nova edição o leque de tácticas foi amplamente aumentado. Este apelo aos jogadores que gostam de ajustar cada detalhe da sua estratégia em campo, incrementada pela capacidade de substituir jogadores sem pausar o jogo, uma funcionalidade que agiliza as decisões durante as partidas e melhora o seu fluxo, permitindo trocas rápidas sem quebrar o ritmo da equipa.
Uma das adições mais notáveis é o novo modo de jogo chamado Rush, que oferece partidas emocionantes de 5 contra 5, e que lembra um pouco o estilo arcade e dinâmico de Rocket League, com a bola a ser lançada no centro do campo após cada golo, e quem a apanhar primeiro inicia o ataque. Um formato mais caótico e acelerado e que é para mim a adição interessante desta nova edição, cumprindo ao mesmo tempo os serviços fúnebres ao modo Volta. A introdução do cartão azul é uma inovação interessante, suspendendo um jogador por 1 minuto após uma infracção, penalidade essa que pode ser encurtada em 20 segundos por cada golo sofrido durante o período de suspensão, o que nos incentiva a uma abordagem ofensiva para reduzir a desvantagem numérica.
Apesar destas inovações pontuais, a sensação geral é que EA Sports FC 25 é pouco mais que uma actualização em relação ao ano anterior, com poucas alterações significativas que justifiquem o salto de uma edição para a outra. Para jogadores veteranos da série, diria que isso pouco importa, e é provável que a experiência se mantenha essencialmente a mesma, com pequenas melhorias e ajustes ocasionais. Mas com toda a honestidade – e a psicologia por trás do FOMO explica isto – desde o seu lançamento que até jogadores mais casuais como eu querem mesmo é jogar a nova versão, apagando a anterior dos discos e da memória como se ela nunca tivesse existido.
E no final, mais um golo do Gyökeres, que fecha o contador pessoal com um hat-trick.