Plucky Squire é um jogo de ação e plataformas com uma estética única, bem diferente de outras propostas no mercado. O jogo, produzido pela All Possible Futures, transita entre a ação de uma perspetiva isométrica 2D que lembra as primeiras aventuras de The Legend of Zelda, para um mundo 3D, inspirado nos quartos de brincar do mundo real, como se literalmente, o protagonista Jot quebrasse a quarta barreira, saltando para fora do seu mundo, para o quarto de Sam, um rapaz que é fã da personagem e tem todo o merchandising do herói.
São estéticas bem diferentes, num jogo ambicioso e tecnicamente impressionante, faltando apenas ao estúdio ter equilibrado mais os momentos em que estamos de um lado e do outro. Neste caso passamos mais tempo dentro do livro, do que a explorar o quarto de criança do mundo real. Se dentro do livro a jogabilidade e estética parecem os primeiros Zelda a 2D, cá fora o ambiente colorido relembra o Link’s Awekening Remake.
Esta transição entre o interior e exterior do livro permite executar algumas ações curiosas. A primeira é folhear as páginas da história, regressando a cenários anteriormente visitados, servindo como uma forma de atalho. Também pode inclinar o livro, o que faz mover alguns objetos do seu interior para a resolução de puzzles.
Um dos melhores aspetos do jogo é exatamente a resolução de puzzles. Nem todos são lógicos e por vezes requerem um pensamento fora da caixa. Sobretudo alguns onde podemos mudar certas palavras-chave e alterar o sentido da frase, que por sua vez está a descrever o cenário. Dessa forma muda-se o aspeto dos inimigos, abrem-se entradas e modificam-se armadilhas. esta mecânica das palavras recorda jogos como o Scribblenauts.
Há ainda alguns mini-jogos associados, sobretudo batalhas contra bosses com mecânicas de ritmo de jogos musicais, formato de puzzles como o Puzzle Bubble e ainda sequências de shoot-em-up.
Os combates são bastante simples, em que Jot utiliza a sua espada para eliminar os inimigos em pequenas sequências de combos simples. E pode arremessá-la à distância, servindo igualmente para ativar interruptores. Ao longo da aventura recolhe moedas que podem ser gastas numa loja para aumentar o dano do ataque ou aprender alguns novos golpes, como rodar a espada ou fazer ataques aéreos. Tudo muito simples.
A exploração pelo livro puxou a criatividade do estúdio, oferecendo-nos cenários enquadrados, com uma disposição de páginas tanto da vertical como horizontal. No exterior do livro Jot tem algumas habilidades únicas, ou melhor, dois carimbos, um deles que coloca bombas e permite destruir elementos do cenário dentro do livro. O outro carimbo congela os objetos atingidos, mais uma vez, utilizados na manipulação dos objetos dos puzzles.
Ainda no exterior, Jot consegue passar entre diferentes partes do cenário transformando-se numa animação num papel ou post-it, mais uma vez, uma mecânica que lembra The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. É realmente interessante como o estúdio consegue pegar em tantas referências do jogo da Nintendo, ao mesmo tempo que lhe dá uma frescura única.
Plucky Squire não é uma aventura muito longa, mas é divertida, embora tenha algum desequilíbrio nas duas perspectivas. Os puzzles nem sempre são intuitivos e até oferecem algum desafio interessante. Mas é sobretudo um jogo lindíssimo que esperamos que a All Possible Futures possa revisitar no futuro, expandido e com mais ambição.