Já andámos a desbravar o aparente ressurgimento do género pelas mãos de developers indie, inicialmente com a grande surpresa de No Creeps Were Harmed TD, e depois com Cats on Duty, e apesar do mês que separa estes artigos, isso não significa que estivéssemos de mãos vazios com jogos deste tipo. 

Um dos dois jogos que chegaram quase em bundle temporal com os anteriores dois foi Age of Defense, o mais recente jogo do estúdio Battlecruiser Games (que já se tinham aventurado por estas lides com Warstone TD), e publicado pela editora Valkyrie Initiative. Com uma introdução ao público com uma demo gratuita intitulada Age of Defense: Prehistory, um formato do qual não sou grande fã enquanto crítico, já que tem acontecido recebermos apenas este formato e do outro lado esperarem uma review completa a partir de uma versão seccionada e introdutória de um jogo. 

A proposta aqui em Age of Defense é clara: um tower defense inspirado em grandes clássicos do género, em particular os jogos da Ironhide Game Studio, criadores da aclamada série Kingdom Rush, dos quais é impossível não sentir o decalque de direcção artística. A proposta e ambição de Age of Defense quer transportar essa fórmula bem-sucedida para um cenário da Pré-História, mas será que consegue atingir esse objetivo?

Como já perceberam pelo que dissemos antes, mas também pelas imagens que ilustram este artigo, a primeira coisa que salta à vista em Age of Defense é a sua direção de arte. E é impossível não notarmos as semelhanças com Kingdom Rush ou Iron Marines, numa tentativa deliberada de capitalizar com o sucesso visual das séries da Ironhide Game Studio. Os elementos estilísticos que a compõem – das animações, figuras estilizadas, aos designs das torres e unidades – parecem uma homenagem directa a esses jogos, numa familiaridade visual que podemos sentir como parecer derivativa.

Embora a estética possa atrair muitos jogadores como eu e os meus filhos que somos fãs da série Kingdom Rush, é nas mecânicas de estratégia e tower defense que Age of Defense enfrenta alguns dos seus maiores desafios. Fiquei negativamente surpreendido com o número limitado de torres e variações – apenas quatro tipos de torres, cada uma com 2 a 3 evoluções possíveis. Comparado com outros títulos do género – ao qual somamos muitas propostas com quase 20 anos, ou outras tantas contemporâneas e F2P, esta é uma oferta no mínimo… modesta. Restrição criativa de variedade essa que não se resume às nossas unidades: também os inimigos são limitados, diminuindo também o desafio do jogo. 

Se tantas vezes nos é impossível sorrir com o arrojo dos criadores indie de repensarem alguns elementos essenciais de alguns géneros, virando-os do avesso criativamente, outras vezes questiono-me o porquê racional de algumas decisões. A impossibilidade de vendermos torres em Age of Defense é um desses casos. Sendo que a ausência dessa opção limita-nos, e muito,  a nossa flexibilidade táctica, forçando-nos a decisões permanentes que resultam em termos de recomeçar alguns dos níveis diversas vezes, por mau (?) planeamento.

Atualmente, o mercado de tower defenses é vasto e competitivo, com uma variedade de jogos que oferecem experiências inovadoras e refinadas, mas quando comparado com outros maravilhosos jogos disponíveis, de agora ou dos últimos 15 anos, Age of Defense é pouco mais do que mediano. Como fã do género, havia algo de praticamente impossível de falhar com a ideia de mesclar a visão de um estúdio do qual eu tanto gosto, muito graças à sua série Kingdom Rush, e a estratégia em tempos pré-históricos. Mas a limitada oferta de unidades, tanto nossas como inimigas, conduz a que este Age of Defense seja só uma nota de rodapé no género, com todo o seu potencial ainda longe de ser cumprido.