Não sei se a comparação é disparatada, mas por vezes olho para uma espécie de amostra das pessoas que conheço e que jogaram (e/ou jogam) MMORPGs, e percebo que, dado o nível de investimento pessoal e temporal, que cada um se entrega quase para a vida a determinado jogo, como se de um clube se tratasse. E é por isso que facilmente percebemos que temos aquele amigo que se entregou ao Lineage, enquanto outro andou pelo WoW até há poucos anos, ou outro ainda que saltitou do Guild Wars para a sua sequela. Por muito que alguns jogadores possam experimentar diversos jogos do género, há sempre aquele ao qual dedicaram a grande maioria do seu tempo, e no meu caso, como sabem, calhou ao jogo da ArenaNet.
Nestes 12 anos de Guild Wars 2, a paisagem de Tyria que compõe o jogo já se alterou bastante, muito graças à chamada Living Season que Colin Johansson e a sua equipa implementaram desde muito cedo. Mas com a épica história que começou com o primeiro dia de Guild Wars a terminar em 2023 com End of Dragons, a decisão da ArenaNet no conteúdo posterior é o de criar expansões com enredos auto-contidos. Secrets of the Obscure (a quarta expansão), foi o primeiro conteúdo adicional a provar esta vontade da empresa, que abandonou uma história que se estendeu por mais de uma década para nos levar a uma experiência mais tradicional, com um enredo que começa e acaba em si mesmo. Num formato episódico, com a história a ser entregue em tranches, dando-nos espaço para o consumirmos com algum tempo.
Lançado a 22 de Agosto de 2024, Guild Wars 2: Janthir Wilds é a quinta expansão do aclamado MMORPG da ArenaNet, e introduz uma série de conteúdos e melhorias que enriquecem a experiência de jogo, mantendo a tradição de inovação e qualidade que caracteriza a série. Em final de Novembro saiu a primeira de três intra-expansões de história (que expandem os capítulos lançados originalmente com Janthir Wilds), estando ainda planejados mais 2 lançamentos para encerrar esta história, abrindo caminho para a sexta expansão, anunciada para 2025.
Para mim, Janthir Wilds significou o regresso a um mundo onde já fui muito feliz, onde partilhei aventuras com dezenas de pessoas que mais de uma década depois já abandonaram o jogo. Mas é curioso que foi precisamente este regresso que me fez voltar a olhar para Guild Wars e para todos os capítulos e expansões anteriores que não cheguei a completar dado o afastamento que tive com os MMORPGs nestes anos. Mal saberia eu que seria uma expansão auto-contida o combustível que me criaria o fulgor para devorar as expansões de Guild Wars 2 que lhe antecederam.
Mas falando de Janthir Wilds: a sua história leva-nos às Terras Baixas de Janthir, uma região inspirada nas Terras Altas Escocesas e nas paisagens nórdicas, onde encontramos os Kodan das Terras Baixas que enfrentam novas ameaças emergentes no Norte. A expansão apresenta-nos dois novos mapas: Lowland Shore e Janthir Syntri, onde a fauna local, incluindo a introdução de novas criaturas como as Abelhas de Janthir, e onde os corações de missão são mais abrangentes e compreendem uma área maior que nos anteriores.
Mecanicamente temos algumas adições, sendo a primeira a introdução da lança como arma terrestre disponível para todas as classes, sendo que até então esta era apenas uma arma subaquática, e o facto de poder ser utilizadas por todas as profissões confere a cada uma delas um conjunto único de habilidades. E felizmente, para quem investiu ao longo dos últimos 12 anos, as skins de lanças já desbloqueadas no guarda-roupa são compatíveis com as versões terrestres e aquáticas.
Mas possivelmente a maior introdução de Janthir Wilds (e a mais pedida pela comunidade há muitos anos) são mesmo as Herdades: um sistema de habitação que implementa uma rede de instâncias domésticas, com decorações e ferramentas de personalização, permitindo a cada um tornar o seu espaço em algo único. Através de uma linha de mestrias específica, podemos desenvolver as nossas propriedades e cultivar recursos, num espaço que também facilita a interacção social, permitindo que amigos visitem e apreciem as criações uns dos outros.
Para além disso, a Warclaw, uma montada anteriormente exclusiva do modo World vs. World (WvW), foi desbloqueada durante a campanha de Janthir Wilds, com habilidades adaptadas para o ambiente PvE, e temos de utilizá-las, em modo tutorial, para atordoar os bosses dos primeiros capítulos.
Ainda com metade dos capítulos de Janthir Wilds lançados, a experiência mais contida deste modelo actual de expansões serviu-me como uma espécie de aperitivo e incentivo a mergulhar novamente em Tyria. E ao mesmo tempo a perceber, com as recentes adições, o quanto a equipa da ArenaNet criou o verdadeiro standard para o género que se mantém fresco até aos dias de hoje.