Desde que vi o anúncio de The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom (doravante somente Echoes of Wisdom) que fiquei apaixonado. Refiro amiúde que o meu jogo favorito da franquia é o remake The Legend of Zelda: Link’s Awakening, mas foi um jogo que me afligiu imenso pela sua performance no mundo aberto, algo que me deixava extremamente receoso para este. Infundado, felizmente. 

Não ser a pessoa com mais disponibilidade deste mundo faz com que muitas vezes já tenha ecos, piadola intencional e claramente desnecessária, da opinião da comunidade acerca dos jogos, especialmente dos da Nintendo porque são muito populares e porque, de forma genérica, costumo discordar ou não valorizar muitas pintelhices que parecem ser importantes para muitos fãs. Não encarem este texto como uma análise, não o será, é mais uma pequena dissertação da minha experiência com o jogo, do qual gostei tanto que nem o quero analisar. Isso pode ficar para o Querido Líder fazer no programita onde fala da vida dele. 

Neste momento acho que era mais que merecido a Princesa Zelda assumir o papel de protagonista numa franquia que usa o seu nome há mil anos! Mais, ao contrário de muitos eu considero este jogo um dos mais criativos da série. Certo que não apresenta a imponência de Breath of the Wild, ou mesmo o impacto de Link to the Past ou Majora’s Mask, mas é importante mencionar que servem propósitos e objectivos bem diferentes. 

Echoes of Wisdom viu-se perante o dilema de baralhar as mecânicas de Link, ou mudar o paradigma e entregar o protagonismo a Zelda. Ora, uma das críticas que li amiúde nas redes sociais foi mesmo esta mudança de paradigma, que Echoes of Wisdom não parecia um jogo de Zelda, porque não partíamos para cima dos inimigos mal os víamos, ou porque o protagonista não era Link. 

Tretas! 

O apelo de Echoes of Wisdom é exctamente esse. Era muito difícil ter Link como protagonista neste jogo, mantendo estas mecânicas, já que com ele a nossa tendência seria imediatamente partir para a violência e começar a fazer barbas à chapada, pelo que a decisão de as entregar a Zelda, para além de agora parecer óbvia, foi brilhante. A possibilidade de criar ecos de inimigos e objectos que posteriormente eram usados quer nos combates, quer na resolução de puzzles, quer na transposição de obstáculos, objectivamente deixando para segundo plano a intervenção directa do nosso personagem, algo completamente diferente e estranho para os fãs, criou uma dinâmica tão divertida e original que não consegui parar de jogar antes de terminar a história.  

Sei que muitas vezes os jogos nos tocam por motivos que vão muito para além da sua qualidade, mas aqui não me parece ser o caso. Rapidamente me adaptei a este novo sistema, e diverti-me muito a tentar encontrar soluções diferentes para problemas similares, ou a combater inimigos de múltiplas formas diferentes. Até a minha vertente colecionista acordou, logo eu que passo ao lado da maioria destes chourições que nos atiram para fazer passar o tempo. Mais, desde Breath of the Wild que não tinha um jogo que me fizesse gastar uma carga completa da consola, e Echoes of Wisdom fê-lo múltiplas vezes. 

Até a história me pareceu extremamente apelativa, sendo que praticamente desde o inicio me pareceu prequelar até a Skyward Sword dados os nomes usados com certos e determinados elementos, “if you know what I mean, wink, wink”! Por acaso acho que não sabem, mas apetecia-me tanto dizer isto que encaixei aqui à papo seco. 

Há, de facto, alguns momentos que impedem o jogo de se tornar memorável, isto no meu entender. Não achei grande piada às missões acessórias, fiz um punhado delas antes de as abandonar, e a parte final do jogo, onde incluo a batalha final, foi anticlimática. Uma sombra do potencial que apresentava. Mesmo os minijogos pareceram poucos e nada motivadores, isto excepto a caça por selos. 

Há muito que me alegra com o final do jogo mesmo assim. Quer a história quer alguns personagens secundários ficaram com o seu papel em aberto, o que dá margem quer para uma sequela, quer para o regresso de  alguns dos personagens (estou a olhar para vocês Condé, Stamp Guy e Tri). 

Ahhh, e a minha lamúria com a performance? Bem, há algumas quedas de fotogramas, mas nada comparado com Link’s Awakening que fui inclusive forçado a parar, dada a severidade da situação. Em Echoes of Wisdom esta queda é curta e relativamente suave, praticamente não incomodando e sempre no mundo aberto. Não é assunto despiciendo, mas não me chateou por aí além. 

Adorei Echoes of Wisdom. Continuo a preferir Link’s Awakening, mas este baralhar da fórmula veio fazer com que o colocasse, na minha escala de preferência, ao nível de Breath of the Wild, o que só por si diz imenso sobre o que estimei este jogo. Estão a estranhar nunca ter mencionado Tears of the Kingdom até agora? Deixo isso para outras histórias. Talvez escreva sobre o assunto, mas agora tenho que me ausentar que tenho consulta às cinco.