Jogar Game Boy é das recordações que guardo com mais carinho da minha adolescência. Tudo era brilhante naquela altura, até ficava fascinado com jogos maus – naquela época estava convencido que era eu que não sabia jogar. Portanto, não é de espantar que vos trago, pontualmente, videojogos em pixel art, adoro esta forma de criar arte onde os artistas digitais desenham simples e belos sprites de personagens, modelos de habitações, elementos do cenário ou simples meios de transporte. Tal como eu, outros produtores de videojogos foram influenciados pela máquina de jogos portátil da casa de Quioto, o que os levou nesta jornada que é produzir entretenimento digital. Muitos deles produzem jogos, como os que vos vou mostrar aqui, que bem podiam ser lançados nos icónicos cartuchos cinzentos da Nintendo – ou assim gosto de imaginar.

Pipistrello and the Cursed Yoyo

Pocket Trap – Brasil

Data de lançamento não definida – PC

Sinceramente, os leitores (ou ouvintes) desta rubrica têm bons motivos para estarem empolgados com Pipistrello and the Cursed Yoyo, uma aventura bidimensional que traz uma nova abordagem ao género de puzzles e plataformas. Esta aventura passar-se-á numa vasta localidade urbana repleta de segredos, onde serão desafiados a dominar uma arma peculiar: um versátil ioiô. Com seis truques dinâmicos e seis movimentos especiais à vossa disposição, o ioiô transforma-se numa ferramenta essencial para resolver puzzles, explorar terrenos complexos e enfrentar os senhores do crime rivais da cidade. O design engenhoso permite reinterpretar o ambiente, criando percursos criativos de parkour com o ioiô que são tão desafiantes quanto gratificantes. Com milhares de desafios, quatro zonas distintas para explorar e uma narrativa rica sobre a luta da família Pipistrello pelo poder, este jogo é imperdível para os fãs de exploração com um combate criativo.

Mas Pipistrello and the Cursed Yoyo não se destaca apenas pelas suas mecânicas – oferece também uma história profundamente envolvente. Na pele de Pippit, um herdeiro do legado dos Pipistrello, os jogadores terão de lidar com os dramas familiares enquanto defendem os seus entes queridos de uma conspiração corporativa implacável. Com mais de quatro dezenas de crachás equipáveis para personalizar a jogabilidade, oito dezenas de colecionáveis para descobrir e até acordos com especuladores financeiros de origem muito duvidosa que desbloqueiam melhorias poderosas, cada recanto da cidade está repleto de novas possibilidades. Seja pela estética retro, pelos puzzles intricados ou pelas mecânicas de combate inovadoras, este jogo promete cativar uma boa parte dos jogadores, nomeadamente os que já têm uma certa idade e que cresceram com o Game Boy.

Mina the Hollower

Yacht Club Games – Estados Unidos da América

Data de lançamento não definida – PC

Sabem porquê que vos trouxe Mina the Hollower, para além de ser um jogo indie? Pelo simples facto de ser o próximo labor criativo dos aclamados criadores de Shovel Knight, a Yacht Club Games. Este jogo, inspira-se, esteticamente, no gótico e combina o charme nostálgico do grafismo 8 bits colorido do Game Boy Color. O título contará com inovações modernas, como animações suaves, suporte a ecrã panorâmico e controlos afinados. Os jogadores assumem o papel de Mina, uma destemida Hollower armada com um chicote, numa missão para salvar uma ilha amaldiçoada repleta de segredos, monstros e locais exóticos. Com mecânicas centrais que incluem escavar túneis, esquivar-se agilmente e combates estratégicos, o jogo promete uma emocionante fusão de exploração e batalhas intensas. Além disso, o sistema de progressão personalizável, através de relíquias e armas secundárias, permite aos jogadores adaptarem a experiência ao seu estilo de jogo preferido.

Para além das várias mecânicas até aqui descritas, Mina the Hollower cativa com o seu mundo atmosférico, inspirado pelo horror gótico vitoriano. O mapa vasto e interligado está repleto de mistérios para descobrir e personagens com personalidades fortes para conhecer, tudo acompanhado por uma banda sonora, que será certamente bela, assinada por Jake Kaufman. Bosses desafiantes e um design de níveis complexo garantem que este será um teste à habilidade dos jogadores, enquanto os gráficos meticulosamente detalhados oferecem uma experiência visual imperdível tanto para fãs de jogos antigos como para novos jogadores. Para quem procura a reinvenção moderna dos clássicos, esta aventura será, possivelmente, imperdível. Mina the Hollower não será apenas um jogo, mas uma carta de amor à idade de ouro dos videojogos.

The Edge of Allegoria

Button Factory Games – Reino Unido

4 de Dezembro de 2024 – PC

Quando vi as primeiras imagens deste jogo, The Edge of Allegoria, fui transportado para uma das muitas tardes que passava em casa com a jogar no meu Game Boy transparente com o cartucho azul de Pokémon Blue inserido atrás do ecrã. Este é também um RPG por turnos que canaliza, sem só nem piedade, o espírito dos clássicos da era dourada das consolas portáteis, como o exemplo que referi. Num mundo recheado de monstros, magia e caos, Allegoria oferece uma aventura ousada e irreverente, cheia de humor cru e violência desmedida. Desde colher partes dos inimigos para vender, até equipar um arsenal impressionante de armas, os jogadores estão prestes a embarcar numa jornada desafiante e incrivelmente gratificante, pois o jogo sai daqui a algumas semanas.

O jogo apresenta mais de uma centena de inimigos únicos, desde clássicos de fantasia como dragões e slimes, até adversários menos convencionais como gansos canadianos e tartarugas majestosas, garantindo batalhas para todos os gostos. Com mais de oitenta habilidades para aprender e quase uma centena e meia de equipamentos para dominar, The Edge of Allegoria subverte as mecânicas tradicionais dos RPGs ao obrigar-vos a evoluir constantemente o vosso estilo de jogo. Junta-se a isso uma narrativa caótica, personagens NPC excêntricos e uma boa dose de loucura, e terão a receita perfeita para um RPG tão imprevisível quanto viciante. Se são fãs dos RPG de outrora terão aqui uma abordagem fresca e irreverente ao género, pois The Edge of Allegoria promete oferecer uma experiência pixelizada inesquecível.