“(…) Lá vai o maluco

Lá vai o demente

Lá vai ele a passar (…)”

É desta forma que o eterno António Variações prepara a ponte para o refrão de Sempre Ausente, e penso que pelo menos uma pessoa que lê os nossos artigos deve pensar exactamente o mesmo de mim sempre que disparo mais um texto sobre cozy games.

Desta feita vamos a um alchemy sim relaxante intitulado Alchemist: The Potion Monger, e desenvolvido pelo Art Game Studio, uma nova adição ao género e recém-lançado no Steam. Neste jogo vivemos numa simpática e medieval vila habitada por animais antropomórficos, colocando-nos na pele de um alquimista encarregado de responder às necessidades dos moradores locais.

O âmago mecânico de Alchemist: The Potion Monger está, como se esperaria, na alquimia. Para criar poções, temos de encontrar e recolher ingredientes pela vila, prepará-los utilizando equipamentos tradicionais como almofariz e pilão, e realizar diversos processos como secagem e mistura. Cada equipamento de alquimia não é interagido através de simples toques de botão, mas oferece-nos mini-puzzles únicos e associados que devem ser dominados para alcançar a máxima eficiência e a melhor qualidade nas nossas poções.

Já as poções que criamos podem ser vendidas de duas maneiras: directamente aos clientes que nos batem à porta com quests específicas ou numa banca de vendas, onde vendemos as nossas poções excedentes de forma mais indiscriminada, e menos rentável.

A vila é repleta de NPCs com personalidades e pedidos variados, e é essa diversidade que adiciona um toque orgânico de vida ao cenário, mas também introduz um desafio em gerir múltiplos pedidos ao mesmo tempo, obrigando-nos a gerir o stock de ingredientes e a prioridade nas produções.

Visualmente, Alchemist: The Potion Monger apresenta uma direção de arte que é, à falta de um termo melhor, competente, mas sem qualquer elemento de identidade minimamente marcante. 

Mas se a estética visual do jogo é algo banal, na realidade o maior problema de Alchemist: The Potion Monger é o seu loop principal. A necessidade constante de ir de um lado para o outro, seja para colher ingredientes ou atender a pedidos, rapidamente se torna repetitiva e enfadonha. Apesar das mecânicas de alquimia serem interessantes no início, a falta de variação significativa faz com que o loop mecânico perca parte do apelo em longas sessões de jogo.

Alchemist: The Potion Monger traz-nos uma experiência reconfortante para os fãs de cozy games, focada num simpático simulador de alquimia na primeira pessoa, mas a sua execução deixa a desejar em termos de variedade mecânica e qualidade visual. Para mim, junta-se apenas ao rol de uma mão-cheia de jogos cozy com esta temática que me desiludiram em 2024.