Está quase a terminar este meu período de descoberta de novas franquias da Nintendo, um mundo que quase desconhecia e que a geração Switch, com um misto de novas entradas, remasterizações e remakes de jogos antigos me fez conhecer. Com a aproximação a passos largos da nova consola não sei o que me está reservado, mas para já desfrutei de Mario & Luigi: Brothership, a minha entrada na franquia, uma da qual pensei que nunca mais saía.
Mario & Luigi: Brothership é um JRPG tradicional com algumas adições de qualidade de vida que irei falar ao longo do texto.
Graficamente foge um pouco ao estilo de desenho animado que resulta tão bem na consola para um intermédio entre esse estilo e o cel shaded que permite jogos de cor muito mais subtis, e criação de nuance mais detalhada. Adorei! O único ponto menos positivo é que ao criar um mundo tão adaptado á premissa da história, e mesmo percebendo porque foram desenhados assim, os figurantes perdem muito da sua individualidade, parecendo sempre todos similares entre si.
O que já não resultou tão bem e não é nada característico da Nintendo foi a banda sonora. Não quero que pensem que é a Maria Leal a cantar ao som de giz a chiar no quadro preto, é música perfeitamente aceitável, apenas sem ser memorável. Para que entendam, enquanto vou jogando jogos da Nintendo costumo passar o dia a cantarolar ou tamborilar as músicas do jogo, mas desta vez mal desligava a consola tudo desaparecia do meu cérebro, e já fui voltar a liga-la só para ter a certeza disto mesmo.
Gostei imenso da ideia subjacente da história principal e de como a acção se foi desenrolando em seu torno. Uma data de personagens do Reino Cogumelo foi transportada magicamente para Concordia, um mundo fragmentado por um vilão, espalhando o que outrora estava unido pelos confins dos 5 mares (neste caso), e a função de Mario e Luigi é reconectarem todas estas ilhas recém separadas novamente. O ponto central da história é o navio onde acoplam todas as ilhas e de onde flui a energia que as mantém vivaças.
A linha principal da história é muito interessante e divertida, suportada por uma escrita humorística com muitas quebras da quarta parede e piadas secas que adoro, mas muita da acção secundária é aborrecida e repetitiva. Não ajuda existir, como também é próprio destes jogos, muito texto para ler, mas poucas ou nenhuma personagem destas historietas paralelas sobressaiu.
Vivemos da exploração das ilhas, e estas são todas relativamente pequenas, o que é bem-vindo pois temos de as repetir por mais que uma vez, seja porque depois de energizadas abrem novos caminhos, quer pelo facto que depois de desbloquearmos novas habilidades podemos aceder a novos pontos. Esta ligeira componente de metroidvania seria muito aborrecida se as ilhas fossem maiores, assim é sempre relativamente rápido voltar atrás, mantendo o jogo frescote durante mais tempo.
Apesar de ter apanhado ligeiras quedas de fotogramas quando jogava em modo docked, em modo handheld estes raramente aconteceram, o que para mim foi uma surpresa, pois estou habituado a muitíssimo pior. Aqui nem queixo.
O que mais gostei no jogo foi a luta que introduz algumas mecânicas curiosas. Para começar podemos começar o nosso ataque ainda no overworld saltando ou martelando os inimigos, mas isto não é novidade. O que é novidade são o sistema de fichas que podemos conectar durante as batalhas, cada uma delas com especificidades próprias, que nos permitem abordar cada uma das batalhas com estratégias algo diferentes. A existência de inimigos com propriedades diferentes também leva a alguma adaptação. Tudo isto somado leva a que o nosso interesse se mantenha por muito tempo, mas como tudo neste jogo, com o avançar da história começa também a parecer repetitivo. Esta repetição é muito menos visível nas batalhas contra os bosses, onde temos uma nova opção, a Lógica do Luigi, uma opção muito assente no risco e recompensa, já que é muito mais difícil de executar, mas também permite muito mais dano.
Passando para os puzzles, para mim foram um bocado repetitivos e, de uma forma geral, redutores na cooperação entre os irmãos. O Luigi é maioritariamente um NPC quando esperava poder controlá-lo muito mais. É uma opção que resulta, mas embrutece, pois, leva a que este resolva ou aponte a solução de alguns dos problemas, simplificando imenso o processo com os seus automatismos.
Mario & Luigi: Brothership é um jogo bastante bom, mas muito longo. Torna-se repetitivo, trabalhoso e chato a partir de determinado tempo. Somos levados a crer um par de vezes que estamos a chegar ao fim, mas não estamos, e possivelmente o jogo teria resultado muito melhor se tivesse ficado pelas 20 horas. Até aí tudo óptimo. Mesmo assim não posso deixar de o recomendar. Em quantos jogos espetaram 20 horas este ano?