Apesar de assustador ao primeiro impacto, hoje, quase cinco anos após ter jogado Tapestry pela primeira vez, ainda sinto que este é possivelmente o melhor gateway para jogos de civilização que alguém pode jogar. Com a habitual complexidade acessível dos jogos da Stonemaier Games, depois do impacto algo assustador de aprender e olhar para todos os componentes deste jogo, rapidamente percebemos que o que Jamey Stegmeier fez foi criar um jogo estrategicamente desafiante, mas muito fácil de ensinar a jogadores de hábitos diferentes de jogo.

Tapestry: um Civilization ao alcance da mão

Com 3 expansões lançadas, não só analisámos há algum tempo a mais recente, Fantasies and Futures, como acabámos por adquirir quase em simultâneo a primeira, Plans & Ploys, deixando um vazio da segunda expansão, que muitos ávidos jogadores de Tapestry afirmavam de forma veemente ser a melhor de todas. E depois de adicionar Arts & Architecture à mesa de Tapestry tenho de dizer que concordo por completo com quem o afirma.

Tapestry: Fantasies and Futures – há uma porta que se fecha

Como disse, entre os jogos de tabuleiro modernos, Tapestry, de Jamey Stegmeier, destaca-se rapidamente como uma grande peça de game design dentro do género dos civilization games. Com mecânicas fáceis de perceber e a qualidade de componentes que a editora nos habituou  o jogo transporta-nos para uma viagem de evolução cultural, tecnológica e territorial. A segunda expansão, Arts & Architecture, é uma colaboração entre Jamey Stegmeier, o criador do jogo original e Mike Young, e introduz uma quinta pista de desenvolvimento – a da Arte. 

Esta nova opção de progresso traz uma camada adicional de estratégia sem alterar a duração total do jogo, o que vai obrigar a um malabarismo estratégico muito superior ao que tínhamos antes. Com mais uma área de progresso civilizacional para equilibrar, somos desafiados a repensar as nossas prioridades e a ajustarmos cuidadosamente as nossas acções para mantermos o progresso equilibrado entre as cinco pistas de desenvolvimento.

A “pista” (porque é que é tão difícil encontrar uma palavra em português que soe tão bem neste contexto como track se aplica em Inglês?) da Arte oferece recompensas que incluem cartas de Obra de Arte e peças de Inspiração, que adicionam poderosos efeitos a longo prazo. Sendo que as cartas de Obra de Arte são particularmente interessantes, contribuem tematicamente para a sensação de imersão e riqueza cultural da civilização que estamos a construir. Para qualquer um que tenha estudado História de Arte sabe que a criação artística tem contexto com o mundo e a realidade sócio-política que a rodeia.

Arts & Architecture também expande outros aspectos do jogo base e das expansões anteriores com a introdução de novos cartões de Capital, que trazem mais opções para modelarmos a nossa civilização e maximizarmos o uso do espaço no nosso tabuleiro. Para além disso temos 20 Cartas de Obra de Arte que representam avanços culturais e artísticos, e que nos oferecem recompensas exclusivas e nos ajudam a definir a identidade da nossa civilização. Para finalizar, em termos de novos componentes, temos as já mencionadas peças de Inspiração, que são outro dos grandes destaques da expansão.

Tendo explorado também Plans and Ploys e Fantasies & Futures adicionados ao jogo base, posso dizer que Arts & Architecture se destaca como a expansão mais impactante e ao mesmo tempo mais estratégica. 

É irónico que as circunstâncias me tenham levado a deixar esta expansão para o final, visto que acaba por ser uma espécie de corolário do conjunto de Tapestry. E é também curioso como a adição de uma quinta variável num jogo que mantêm o mesmo número de turnos permite que a deambulação mental estratégica das nossas decisões altere profundamente a forma como abordamos cada turno num jogo que nos é tão familiar.