Estava à espera de Donkey Kong Country Returns HD porque pensava que não o tinha jogado na altura da Wii, e como nunca tive uma DS essa versão nem aparecia nas minhas contas, mas mal peguei na consola e joguei os primeiros níveis percebi que o jogo já me tinha passado pelas mãos algures no tempo e alegra-me dizer que há alguns jogos que se tornam intemporais pela sua qualidade, sendo extremamente divertidos independentemente da altura em que os jogamos.
Donkey Kong Country Returns HD é um jogo de plataformas em 2D com muito poucas palermices modernas. É pegar e jogar sem pensar em grande história, se bem que esta existe, mesmo que não seja muito elaborada.
A tribo Tiki Tak, muito provavelmente treinada pelo Pep Guardiola, hipnotizou os animais para que roubassem as bananas da floresta. Isso levou a que Donkey Kong, com o seu companheiro Diddy Kong partissem numa aventura para as recuperar e acabar com toda a palhaçada.
Graficamente este remaster parece mais próximo de um port que o habitual, embora se note que os nossos gorilas foram ali um bocado trabalhados para os aproximar do tradicional aspecto de desenho animado actualmente usado muitas vezes pela Nintendo, porém nota-se imenso a antiguidade nos cenários e segundos planos que nos momentos mais extremos até nos dão alguma dúvida de podemos ou não interagir com alguns elementos. Também tenho de dizer que uma remasterização como esta sofra quedas pontuais de fotogramas. Não me incomodaram, mas tenho de as mencionar.
Nunca me lembrei da franquia Donkey Kong pela sua qualidade musical e sonora e continuo no mesmo diapasão, acrescentando até que o jogo, apesar de tudo ser adequado a qualquer situação, sofre de um problema estranho que aparece esporadicamente que é o de o volume mudar sem mexer no seu controlo. É raro, mas bem perceptível quando acontece.
Donkey Kong Country Returns HD é a remasterização de um jogo que envelheceu bastante bem, com controlos bastante precisos em 99% das situações, apenas falhando nas situações em que temos de soprar, algo que exige que o nosso personagem esteja completamente parado e agachado, porém o jogo é muito sensível ao movimento e o que acontecia por vezes era eu rolar em vez de soprar. Ao início isso não é problemático, quanto mais perdia um coraçãozito ao embater num inimigo que teria de apagar, mas mal a quantidade de plataformas começa a aumentar tive algumas quedas gratuitas para os abismos, e isso nunca parece justo.
Esta dificuldade progressiva vem muito mais associada à forma como os níveis estão dispostos do que à dificuldade dos inimigos, embora estes também sejam progressivamente mais chatos, e diversos na sua quantidade, de forma a não estagnar o jogo, algo extensível aos bosses que são divertidos e diversos na forma de abordar. A progressão vem muito associada ao gradual aumento de dificuldade com as plataformas, quer seja na sua variante mais pura, quer seja com tudo o que de novo o jogo nos atira que aumenta muito a velocidade do jogo, bem como a necessidade de precisão e memorização dos níveis que felizmente são curtos.
O que o jogo nos atira são essencialmente “veículos”, quer sejam rinocerontes para montar, carrinhos de minas que nos fazem saltar de carril para carril, foguetões que temos de controlar para não bater nos diversos obstáculos, ou simples lianas que temos de usar para atravessar o nível. Isto são só alguns dos exemplos de mecânicas que parecem tão próprias da franquia.
Passar os níveis e achar as letras que formam a palavra KONG é usualmente fácil de perceber. Pode ser mais difícil passar por todas as plataformas, mas percebemos o que temos de fazer a todo o momento, já encontrar todos os colecionáveis numa primeira tentativa não é nada fácil. Adorei a forma como esconderam alguns dos itens. Nunca os encontrei todos. Cada nível também tem uma área secreta onde temos de jogar um minijogo para conseguir um colecionável, mas esses minijogos começam a repetir-se e perdem um pouco da magia.
Se o jogo começa a detectar que estamos a ficar presos em determinado ponto começa a oferecer-nos a opção de chamarmos o Super Kong que não passa de um guia que passa o nível por nós. Usei uma vez para ver como era, e limita-se a fazer o básico para passar o nível.
Por muito que fiquemos presos, o jogo oferece muitas soluções para os nossos problemas. Há dois tipos de moeda no jogo. A tradicional banana, que a cada 100 nos dá mais uma vida e as moedas que podemos usar na loja para comprar uma panóplia de elementos como corações extra, imortalidade, um papagaio que nos diz onde encontrar itens colecionáveis, poções para não morrermos nas quedas e, interessantemente, uma chave que desbloqueia níveis opcionais para cada área. É simples apanhar estas moedas e podemos sempre voltar aos níveis mais fáceis para amealhar mais alguma nos casos de urgência. Sendo um jogo essencialmente justo, não custa perder as vidas que forem precisas para passarmos os níveis apenas com o nosso esforço.
E assim chegamos à parte final deste texto. Recomendo Donkey Kong Country Returns HD? Sim em duas situações. É a primeira vez que jogam ou se quiserem voltar a jogar e não vos apetece ou não têm acesso às consolas antigas onde foi lançado. O jogo parece ser o mesmo jogo de sempre, e vi melhores remasterizações feitas pela Nintendo, é bom porque sempre o foi, não ia parar de ser agora. Pessoalmente diverti-me imenso a jogá-lo!