Eu bem vos tinha dito ontem que esta era a semana dos bullet heaven, mas é possível que seja uma semana curta e que só tenha mais dois artigos a explorar esta temática. E o penúltimo desta sequência é o jogo que mais joguei no fim-de-semana passado, o recém-lançado em Early Access no Steam Achilles: Survivor.
Achilles: Survivor é um bullet heaven desenvolvido pela Dark Point Games e é um spinoff de Achilles: Legends Untold, e mais um exemplo de jogos indie que rapidamente se expandem para um título bullet heaven. Mas na realidade, apesar de não conhecer o jogo original, Achilles: Survivor foi uma surpresa agradável e conseguiu manter-me agarrado durante largas horas (uma tarefa que poucos jogos têm conseguido fazer) na tentativa de desbloquear todos os personagens disponíveis.
Mas num género onde os jogos nascem como cogumelos selvagens, o que o diferencia da maioria dos congéneres é a sua abordagem ao sistema de construções, um elemento estratégico que adiciona também algumas camadas de complexidade à jogabilidade.
Como disse, Achilles: Survivor é diferente de outros bullet heaven, onde a sobrevivência se baseia habitualmente apenas no aumento progressivo do nosso poder e na nossa eficaz movimentação pelo mapa. Mas Achilles: Survivor introduz um sistema de construção de estruturas onde precisamos de minar pedras, utilizando um sistema similar ao de Deep Rock Galactic. Com estes limitados recursos, é necessário decidir estrategicamente onde gastar a pedra para erguer estruturas que possuem efeitos tanto locais quanto globais, algumas funcionam como armadilhas ou áreas de cura, mas todas concedem-nos melhorias passivas ao personagem.
A grande nuance desta mecânica está no facto de que as construções podem ser destruídas e não há uma forma de repará-las — apenas reconstruí-las, o que nos obriga a gerir de forma ainda mais eficaz quantidade limitada de pedras disponíveis.
Para além das construções, o jogo introduz elementos interactivos pelo mapa: como baús, portais e caves, e para activá-los, temos de permanecer dentro do raio desses objectos até que a barra correspondente seja preenchida, criando momentos de tensão à medida que somos cercados pelas hordas de inimigos.
Se me queixava do excessivo grind de Entropy Survivors como uma das suas poucas falha, aqui sinto que a meta-progressão também é um ponto fraco, mas no sentido contrário. Existem poucas melhorias para desbloquear e um total de apenas 10 níveis disponíveis no momento, o que pode limitar a longevidade da experiência para quem procura um ciclo de progressão mais robusto e uma notória melhoria dos nosso personagens.
O nível de polimento visual e mecânico de Achilles: Survivor está acima de muitos dos jogos do género, com as animações, os efeitos visuais e a fluidez da jogabilidadea mostrarem um trabalho atento dos seus criadores. Um dos pontos negativos, no entanto, para mim, é a falta de uma opção para acelerar o tempo após terminarmos determinado nível, especialmente porque ao contrário de outros bullet heaven, em Achilles: Survivor cada run demora 20 minutos, o que acaba por tornar a rejogabilidade algo fastidiosa.
Achilles: Survivor é mais uma surpresa e um destaque nos bullet heaven ao introduzir um sistema estratégico de construções com recursos limitados. Apesar das limitações na meta-progressão e no número de níveis disponíveis, as sua mecânicas diferenciadas e o excelente nível de polimento garantem uma experiência que o torna outro destaque num mercado repleto de jogos similares, mas de fraquíssima qualidade.