Realismo e Age of Empires… bem, não é uma combinação assim tão estranha apesar de AoE manipular alguns eventos e factos para encaixar nas suas campanhas e narrativas, construindo mapas com pormenores fantasiosos mas carregados de preciosismos históricos que realmente aconteceram de certa forma. Age of Empires II sempre foi o meu AoE favorito, e a Definitive Edition melhorou significativamente a experiência, oferecendo mais campanhas, ‘civilizações’, mapas e um polimento geral à toda experiência. Ao fim de várias (centenas) de horas a jogar as diversas campanhas, antigas e novas, partilho as três mais ‘reais’, ou que pelo menos assentam em certos princípios históricos válidos – espero não vos estar a aborrecer, desde já.
Edward Longshanks
Datação: século XIII e XIV
Povo: Bretões
Nº de missões: 5
Se viram o Braveheart e acharam que aquilo era verdade, bem, posso dizer que 90% não o é, à excepção da brutalidade dos ingleses com a Escócia e todas as populações das Ilhas a norte do canal da Mancha. Eduardo ‘Pernas Longas’ foi um sujeito cruel, vil e… considerado um dos reis com maior sucesso no que toca a governar Inglaterra e reorganizar um país que estava a meio de uma guerra civil provocada pelos barões e duques.
A campanha de Longshanks é intensa, assente em cinco mapas, um passado em Inglaterra, outro na Terra Santa, um no País de Gales e dois na Escócia. A 2ª missão que é dedicada à participação de Eduardo na Nona Cruzada traz uma invocação interessante, já que através de quatro comandos de teclado, podem dar ordens a um dos vossos aliados, tendo que gerir bem estas tropas de modo a não perdê-las na sua totalidade. As cenas cinemáticas entre mapas contam bem a história de Eduardo, com o filho, Eduardo II, a contar como o pai chegou ao poder e manteve a Bretanha ‘unida’ durante o seu reinado, sendo honesto na brutalidade, crueldade e força destruidora do seu progenitor.
Não são as campanhas mais entusiasmantes em termos de segredos e mistérios escondidos dentro do mapa, mas detém um nível de dificuldade de bom calibre e que vai pedir muita atenção da vossa parte. Sugiro a deixarem o Braveheart de lado – e bem de lado -, e optem por perceber o que realmente se passou. Sim, William Wallace aparece nesta campanha, mas não de kilt e não com aquele ar tresloucado.
Attila the Hun
Datação: século V
Povo: hunos
Nº de missões: 6
As façanhas (e diversas mutilações e destruições) de Átila, rei dos hunos mereceu atenção do Age of Empires II, retratada em seis missões que tentam contar a curta história de um dos principais agressores do fim do Império Romano do Ocidente. Apesar de surgirem certas civilizações que efectivamente não fazem sentido em estarem activas na 5ª e 6ª missão – teutões, celtas e bretões … -, a verdade é que é das campanhas que tenta seguir a real linha dos acontecimentos, com o tal líder dos hunos a desafiar Roma e todos os povos do ocidente do continente Europeu.
De Roma a Constantinopla, o jogo entrega-nos a possibilidade de saquear diversas cidades e povos, com algumas missões a terem certas caraterísticas especiais e que oferecem um nível de dificuldade interessante. O 2º mapa apelidado de ‘The Great Ride‘ é talvez o mais dinâmico, começando com um séquito de soldados que vão semeando destruições espontâneas por diversas cidades, recebendo ouro e novos soldados para fazerem frente à cidade de Salónica, tudo baseado (levemente) na invasão aos Balcãs por parte dos hunos. A campanha termina com Átila a tentar entrar em Roma, algo que realmente se sucedeu, terminando num fracasso total por parte do líder dos hunos.
Tamerlane
Datação: século XIV-XV
Povo: mongóis
Nº de missões: 6
Se estavam à espera de Genghis Khan, então não, apesar de ser uma das campanhas de melhor qualidade do Age of Empires 2: Definitive Edition, com uma ou duas mentiras daquelas que podem criar certas dúvidas factuais (Genghis Khan ou o seu exército nunca se aproximou do Japão). Porém, a melhor campanha mongol vai para Tamerlane/Timur, uma personagem que viveu os 1320s e 1405, tendo conquistado o território que compreende hoje em dia Afeganistão, Irão e parte da Ásia central, iniciando a dinastia Timúrida. Nos seis mapas, somos apresentados com diversas conquistas de Tamerlane, começando com a campanha Transoxiana que terminou na sua auto-proclamação como Emir desse território que estava debaixo do controlo dos Khans.
A campanha tem a sua melhor missão no 3º mapa que trata da guerra entre Tamerlane e Tokhtamysh, um dos últimos descendentes de Genghis Khan. É uma campanha árdua mas carregada de história, principalmente pelo facto que Tamerlane fundou uma série de reinos que acabariam por se tornar em grandes cidades/países/reinos. Todos os mapas têm a sua dose de ‘fantasia’ mas no geral seguem contornos de eventos reais e que definiram a história de um dos maiores conquistadores, com um território que foi da Índia à Turquia.
Com isto, há mais campanhas que merecem todo um carinho especial, a começar pelo El Cid (a última missão não é baseada em factos, mas sim no filme de 1961 em que entram Charlton Heston e Sophia Loren), Joana d’Arc ou Montezuma (é a campanha em que os criadores tomaram maiores deliberardes em ‘criar’ história).