Numa semana aparentemente dedicada a séries emblemáticas da Nihon Flacom, o artigo de hoje, como já viram se clicaram nele para o ler, leva-nos a uma série de action RPG nipónica com o qual me apaixonei há 12 anos, na Vita, e não mais larguei. 

Volto agora à série – que tem tido anos intensos de lançamentos, mantendo o ritmo relativamente estável de publicação que Ys nos habituou – com a alegria de quem regressa a um local que sabe que será feliz.

Ys: The Oath in Felghana é na realidade um remake de Ys III: Wanderers from Ys, e é frequentemente citado como um dos melhores da série graças à mudança do seu sistema de combate, mas também à narrativa complexa a cargo de Katsutoshi Eguchi, que sucedeu ao argumentista original Tomoyoshi Miyazaki. E chega-nos agora, 20 anos depois, às consolas da geração actual.

A série Ys, desenvolvida pela Nihon Flacom, teve o seu início em 1987 com Ys I: Ancient Ys Vanished. Neste RPG clássico podemos ver elementos de inovação ao género ao introduzir o sistema “bump combat“, onde os personagens atacam os inimigos simplesmente colidindo com eles, com o sucesso do ataque a ser medido pela trajetória e ângulo de impacto. Seguiu-se-lhe Ys II: Ancient Ys Vanished – The Final Chapter logo em 1988, que expandiu a jogabilidade e a narrativa, permitindo cimentar esta série no panteão nos RPGs.

Com o passar dos anos, a série evoluiu significativamente, abandonando o sistema de colisão, que apesar de inovador era extremamente limitativo por mecânicas mais fluidas, adoptando um estilo de hack-and-slash rápido e imediato. 

O protagonista de Ys é Adol Christin, um aventureiro ruivo que viaja por diferentes terras descortinando mistérios, ao mesmo tempo que enfrenta deuses antigos e explora civilizações perdidas. Em Ys: The Oath in Felghana, Adol tem a acompanhá-lo o seu amigo Dogi, que retorna à sua terra natal, Felghana. Ao chegarem, descobrem que a região está assolada por criaturas demoníacas, enquanto o governante local, o cruel Barão McGuire, impõe uma ditadura impiedosa à região. 

O enredo segue a linha tradicional de Ys ao longo destes 38 anos: com a investigação de ruínas antigas e a criação de ligações com artefactos místicos, levando-nos por um equilíbrio entre a narrativa simples, mas eficaz, que a caracteriza.

Felghana, neste contexto, liga-se ao vasto mundo Ys ao apresentar elementos da sua mitologia compartilhada, incluindo as misteriosas estátuas de Valestein e a interacção com divindades antigas. Para além disso, o jogo reforça a temática recorrente da série: Adol chega a uma nova terra não apenas para a explorar, mas para ajudar os seus habitantes.

A jogabilidade de The Oath in Felghana é um dos seus maiores trunfos. Diferente do estilo de plataforma lateral de Ys III que já quebrava com o bump system dos 2 jogos originais, este remake adopta um sistema de combate hack-and-slash em perspectiva isométrica, semelhante ao de Ys VI: The Ark of Napishtim. O combate é rápido e desafiante, exigindo reflexos apurados e bastante estratégia para ultrapassar as lutas mais difíceis.

Visto que o jogo não possui uma loja tradicional para equipamentos, a nossa forma de melhorar armas e armaduras é feito por mineração de Raval, um material encontrado em baús e inimigos, obrigando, sem surpresas, a algum grind.

Os três tipos de magia (vento, fogo e terra) introduzem elementos (trocadilho não intencional) adicionais de complexidade ao combate, e cada uma tem usos específicos tanto para a luta em si quanto para a exploração. Isto contribui para a reconhecida sobeja dificuldade de Ys, especialmente nas boss fights, em que cada um exige padrões de ataque bem memorizados e uma abordagem ágil para evitarmos danos a Adol e restantes companheiros. 

A banda sonora de The Oath in Felghana, composta por Yukihiro Jindo, é outro dos seus aspectos mais memoráveis, e que sobreviveram ao teste do tempo agora que o jogo de 2005 foi relançado para Switch, PS4 e Ps5. 

Com uma série tão longeva como esta, um mergulho em The Oath in Felghana representa o que a série tem de melhor: uma história coesa num mundo memorável, e que pode, quiçá, abrir o apetite para conhecer toda a aventura de Adol a quem entrar neste universo através deste remake.