Não sou um fã antigo da franquia Diablo. Comecei por jogar Diablo III e adorei, mas quando voltei a Diablo II Reforged já não o consegui acabar porque me tinha habituado a algumas das mecânicas mais recentes e não me apeteceu voltar às mais antigas. Isto não me demoveu de ter Diablo IV como um dos meus jogos mais aguardados, mas como jogador paciente que sou esperei por promoções e tive a sorte de ver o jogo a ser o primeiro a entrar no Game Pass depois da Microsoft adquirir a Activision/Blizzard/King (doravante ABK). Que serviço prodigioso… na grande maioria das vezes.
Faço parte do grupo de jogadores que não tem paciência para jogar este tipo de jogos para além da história. Não me atrai andar a completar Passes de Batalha para ter artigos cosméticos que mal se vêm no ecrã, não acho piada a andar a repetir eventos só para subir estatísticas ou conseguir itens um ou dois pontos mais fortes, daí precisar de ter uma boa história para me manter entretido e, no meio de alguns subterfúgios, Diablo IV oferece isso mesmo.
Esta oferta não vem de forma gratuita. Diablo IV lança uma história de terra queimada que de uma só vez acaba com imensas possíveis linhas futuras, mesmo que abra uma ou outra porta. O rombo no lore foi tal que personagens emblemáticas foram, mas o que vem para substituir não foi claramente consolidado. Claro que a história de Diablo é vasta e até rica pelo que, embora eu esteja desconfiado, não estou nada preocupado com o que possa aí vir.
Costumo ignorar grande parte das missões acessórias dos jogos, mas não sei o que Diablo IV fez comigo já que as priorizei sempre sobre a história principal. Isto é ridículo já que provavelmente três quartos de todas as que apanhei até acabar não mereciam dois segundos de atenção, e mesmo o quarto que sobra era por vezes assombrado por personagens que já conhecia da história, mas que agiam como se eu não os conhecesse. Isto é especialmente parvo porque se considerarmos um mínimo de sequência lógica no mapa seria muito pouco provável não os encontrar primeiro na história principal.
Quando comecei a jogar só existia o jogo base, mas quando terminei já tinha saído a expansão, Vessel of Hatred, que simplesmente arruinou a minha build e tornou muitos itens obsoletos. Isso não é importante, muito menos relevante, dada a frequência com que apanhamos novo loot mal desbloqueamos mais uns níveis. O que esta actualização veio trazer foi um número enorme de crashes para ambiente de trabalho que antigamente não aconteciam, tanto que nesta fase final estava sempre com o coração nas mãos sempre que estava a jogar.
No entanto, e embora quisesse deixar este pequeno lamiré, este bocadinho de texto não é o âmago deste artigo. Nesta altura todos sabem o que é o jogo, do que quero mesmo falar é da forma como a Microsoft o integrou na sua loja no PC, ou melhor, da má forma como o fez.
Ouvi com entusiasmo a promessa de adicionar Diablo IV ao Game Pass mas já o esperava, afinal a sua expansão estava a chegar e era uma excelente oportunidade de conseguir mais jogadores, possíveis futuros clientes para a mesma. Acrescentando a isso, não gostei nada da integração dos jogos da Zenimax Media, adicionados todos de uma vez, o que levou a que… apenas tivesse jogado um deles, pois outros jogos iam aparecendo e eu queria jogá-los. Isto conjugado era música para os meus ouvidos. Não poderia correr mal, certo?
Bem, talvez não tenha corrido mal para os jogadores de consola, mas eu sou um jogador de PC. No meu caso o jogo foi integrado através de uma associação da conta Battle.net à conta Xbox. Até aqui tudo certo, mas isto implicou que eu acabasse a jogar com duplo DRM, abrisse sempre duas lojas e… não tivesse direito aos Achievements.
Gosto dos Achievements. Não ando a procurá-los, mas gosto quando aparece a notificação, gosto de ver aquela pontuação subir e esperava que isso também acontecesse aqui, afinal o jogo pertence agora à casa mãe, mas isso nunca aconteceu. Fiquei relativamente mais descansado quando em alguns podcasts apontaram uma solução que deveria funcionar comigo, sincronizar o jogo com a consola. Ora eu tentei isso e só me sincronizou um. UM! O de ter terminado o jogo, com os restantes contadores a zero. Já agora, mesmo depois de ter jogado mais um punhado de horas após isto, continua tudo a zero e com apenas 6 minutos de jogo contabilizados, pelo que provavelmente teria mesmo de jogar na consola e isso está fora de questão!
Algo que a Xbox também prometeu foi que seria possível jogar os seus jogos em cloud. Inicialmente não liguei muito a essa opção, mas admito que gradualmente vou aumentando o tempo que passo a jogar dessa forma, mesmo considerando a má integração do serviço quer em dispositivos com sistema operativo Android, quer dispositivos com sistema operativo iOs. Também admito que não é o melhor serviço de cloud do mercado, mas é mais que aceitável, e gosto de ligar um comando ao meu telefone, ou mesmo a um tablet e jogar nos tempos mortos fora de casa, tendo-se tornado também uma excelente alternativa para as minhas férias. Ora, Diablo IV nunca ofereceu essa possibilidade e muitas vezes me perguntei o porquê.
A franquia Diablo adaptou-se bastante bem a ser jogada com o comando, surpreendentemente bem até. Certo que embirro um bocado com o apanhar de itens, mas milagres só em Fátima. Essa adaptação faz-me sempre pensar porque não podemos jogar em cloud. Terá a ver com o acordo com a Ubisoft? Ainda é a história com a FTC? Sim, porque a história da aquisição da ABK ainda anda em tribunal nos Estados Unidos da América. Será que não querem agitar as águas? Será que só estou a pensar demasiado nisto, e apenas não tinham a infraestrutura preparada, será que pensaram que o jogo não traduziria bem para um ecrã pequeno? Afinal também não tem uma versão para Nintendo Switch.
Independentemente da resposta contei com o ovo no cu da galinha e não correu totalmente bem.
Assumo que todas as questiúnculas que tenho são completamente abafadas pelo facto de poder jogar o jogo com a subscrição do Game Pass, mas não me impede de dizer que esta integração, ainda para mais a título individual, deveria ser feita sem falhas, afinal o que podemos dizer de outras companhias não aderirem a estas faculdades quando a própria casa mãe não é capaz de as oferecer?