Quando olhei para o nome deste jogo do qual este artigo é uma pequena reflexão, de imediato tive um reflexo mnemónico de pensar numa banda-desenhada que me marcou profundamente: Micronauts, a adaptação da Marvel pela mão de Bill Mantlo e de Michael Golden a partir da linha de brinquedos da Hasbro. Uma pequena parte de mim até pensou se poderia ser uma espécie de inspiração de heróis microscópicos num universo futurista, mas é na realidade um colony sim com a rainha de todas as colónias: as formigas.

Microtopia é um jogo indie de estratégia e simulação de colónias desenvolvido pelo estúdio Cordyceps Collective e publicado pela Goblinz Publishing e pela Gamera Games, e foi lançado a 18 de Fevereiro de 2025 para PC via Steam e GOG. 

Em Microtopia somos a consciência colectiva que coordena uma colónia de formigas-robot, gerindo a sua expansão através da optimização das cadeias de produção, utilizando para isso trilhos de feromonas (as substância químicas, não o youtuber).

O objectivo principal é o de reproduzir e expandir a nossa colónia, criando jovens rainhas até que estas possam voar para terras distantes e estabelecer novas colónias, reiniciando o ciclo de crescimento das formigas robot. Para isso temos de as instruir a recolherem recursos, produzirem bens e alimentarem a rainha, fazendo upgrade às formigas operárias em diferentes castas especializadas. ​

Num título diferente onde a automação e a programação sistémica das formigas-robots é fulcral para o nosso sucesso, posso dizer-vos que Microtopia nos oferece um tutorial abrangente que nos introduz gradualmente as suas mecânicas complexas, dando-nos margem para percebermos os intrincados sistemas de produção e a forma de os optimizar. ​

Há algo de estranhamente coeso na fusão entre a componente orgânica e mecânica de todo este ambiente: já as formigas-robot são representadas em vermelho brilhante, destacando-se facilmente no ambiente quase todo em tons de azul.

Para quem está habituado a colony sims ou mesmo a automação, diria que para a qualidade e originalidade de Microtopia serem ainda mais eficazes, há duas falhas que é necessário corrigirem em breve: a falta de blueprints (já que temos de replicar à mão todos os sistemas que criamos e não há forma de os copiar e colar) e a excessiva micro-gestão que o jogo pede. Consigo compreender que conceptualmente as formigas requeiram instruções centrais para funcionarem, mas parece-me que uma ligeira autonomia das funções básicas do próprio jogo permitir-nos-ia um foco maior nas acções mais complexas.

Microtopia oferece-nos sem qualquer dúvida uma experiência num original colony sim que, contra as expectativas, se consegue evidenciar num nicho tão concorrido quanto este.