Há dias em que eu quero que a minha experiência com jogos de estratégia seja como prefiro o design nórdico ou germânico: minimalista. Encontrar um colony sim/city builder que bebe directamente das experiências mecânicas minimalistas mas amplamente complexas do Sokpop Collective é razão suficiente para eu querer mergulhar neste jogo indie, e perder-me por muitas e longas horas.

Dawnfolk é um city builder com laivos de survival retirado directamente do pensamento da Bauhaus, quase 100 anos depois do seu encerramento, um indie surpreendente desenvolvido por Darenn Keller e lançado a 13 de fevereiro de 2025. Somos um governante que, com a ajuda de uma criatura mítica chamada Lueur, tenta reconstruir o seu reino e proteger o seu povo das sombras opressivas que o envolvem. ​

Distinguindo-se brutalmente com a sua abordagem simplificada ao género de construção de cidades, focando-se na colocação estratégica de edifícios para recolher recursos e expandir o assentamento como um tile placement game, Dawnfolk é um jogo que se imprime na nossa memória. 

É, aliás, esse um dos meus pontos de encaixe imediato com Dawnfolk – a forma como bebe dos board games, aprende com as suas idiossincrasias e converte-as de uma forma excelente para a linguagem e o mindset videolúdico.

Enfrentamos diversos desafios como a gestão de recursos, mas também a exploração de diferentes tipos de terreno e a defesa contra as forças das trevas e os eventos punitivos que surgem de quando em vez. Assumindo essa essência de city builder com tile placement game, Dawfolk oferece-nos vários modos, incluindo campanha, puzzle, expedição, sandbox e infinito, cada um com os seus desafios e experiências próprias. ​

A forma como temos de gerir cada quadrado é um puzzle em si mesmo. Podemos colocar uma pequena casa ao lado de um tile de floresta, e os seus habitantes irão, de tempo em tempo, recolhendo madeira. Podemos ter o número de pessoas nesse tile de casa aumentado se construirmos uma taberna adjacente. E é nesta sequência de adjacências que um verdadeiro quebra-cabeças de optimização de cadeia de produção entra em actividade.

E depois temos a componente sobrenatural do jogo, em que a luz – enquanto recurso – tem duas utilizações distintas. A primeira, e mais recorrente, enquanto recurso que nos permite explorar novos tiles, revelando o que ali está e possibilitando-nos de lá construir uma extensão da nossa cidade. A segunda é que este recurso raro (difícil e lento de gerar) o que temos de utilizar quando os eventos negativos surgem e temos a nossa cidade a ser envolta por trevas sobrenaturais: se não tivermos luz “em caixa” suficiente, perderemos essas construções afectadas pela escuridão.

Apesar do design minimalista, o desafio lógico de Dawnfolk dá-nos a possibilidade de fazer upgrades aos tiles já construídos para edifícios mais avançados. Os recursos necessários para o fazer são dispendiosos, mas a eficácia das construções upgraded é tão maior do que as originais que ir progressivamente melhorando cada tile é praticamente obrigatório.

Dawnfolk possui ainda uma meta-progressão na forma de cristais de mana azuis que ganhamos após runs bem-sucedidas, e que podemos usar para comprar novos mapas, novos tiles e até personalizações de UI.

Dawnfolk é uma agradável surpresa, um colony sim/city builder minimalista cruzado com a direcção de arte de Loop Hero que direcciona a sua simplicidade para as suas mecânicas e o seu desafio.