Como alguém que se apaixonou por Donkey Kong Country Returns HD e escreveu dois artigos sobre o impacto daquele jogo, é inevitável olhar para o Donkey Kong Bananza com uma mistura de excitação e ceticismo. Com o anúncio recente do título e a promessa de levar o gorila mais famoso do mundo dos videojogos de volta à ação, a questão que se coloca é: será que a casa de Quioto vai finalmente conseguir fazer uma justa homenagem ao legado de Donkey Kong após tantos anos de ausência na cena dos 3D?

É impossível não notar que Donkey Kong Bananza é, para muitos, a grande aposta do regresso do simiesco herói. Após a sua última aparição em Tropical Freeze, lançado em 2014 (e reeditado na Switch em 2018), a marca ficou adormecida, e Bananza surge agora como a tentativa de dar a Kong uma nova roupagem.

O que salta imediatamente à vista é a transição para o 3D, que promete ser um dos maiores marcos na série. A ideia de explorar um mundo aberto com a capacidade de destruir ambientes e transformar o terreno ao nosso redor soa como um grande avanço em relação ao que Donkey Kong 64 fez no passado – também já lá vão mais de duas décadas e meia. Os fãs do estilo bidimensional, como eu, podem sentir um receio natural: será que o jogo vai conseguir manter o charme e a fluidez da jogabilidade que caracteriza os clássicos da série?

Ao ver o trailer, não pude deixar de ficar impressionado com a promessa de um mundo em constante mudança, onde o próprio cenário reage às ações do jogador. A destruição de ambientes parece ser mais do que um truque visual – é uma parte essencial da mecânica do jogo. Isso dá a entender que a exploração será mais dinâmica e envolvente. Mas será que essa mecânica vai ser realmente bem implementada? Afinal, a promessa de um mundo aberto em 3D pode resultar em algo grandioso, ou pode cair na armadilha de se tornar uma experiência vazia, sem a consistência e o ritmo que os jogos anteriores sempre garantiram.

Outro ponto que se destaca é o novo design de Donkey Kong, claramente inspirado pela versão do filme The Super Mario Bros. Movie de 2023. Não posso negar que foi uma escolha ousada, e certamente dividiu muitos fãs da velha guarda. Mas, pessoalmente, vejo um potencial visual imenso nesse novo estilo. O Donkey Kong de 2023 parece mais moderno e expressivo, principalmente para nos dar um semblante a reagir as várias peripécias pelas quais vai passar de forma cómica, adequado à nova geração de consolas, sem perder a essência do personagem. Mas será que essa mudança estética vai agradar ao público mais conservador ou afastar aqueles que eram fãs da versão clássica? Só o tempo dirá.

Por fim, a minha maior curiosidade gira em torno da exploração e da coleção de itens, que sempre foram características importantes da série. O conceito de Golden Bananas e Banandium como colecionáveis mostra que a Nintendo quer incentivar os jogadores a explorar cada canto do jogo – e esse é um ponto que considero fundamental. Eu sou um bom apreciador de jogos que me desafiam a explorar e descobrir os segredos que cada nível esconde. Será que Donkey Kong Bananza conseguirá criar esse ambiente de curiosidade e recompensa, como o fez Donkey Kong Country Returns? Parece-me uma fórmula vencedora, desde que as recompensas valham realmente a pena.

Mas, claro, o jogo também tem de ser mais do que isso: a exploração e os collectibles não podem ser apenas uma distração. Devem ser parte integrante de uma experiência coesa, que combine as mecânicas de plataforma com a busca por itens de forma orgânica e não forçada.

Em última análise, Donkey Kong Bananza tem tudo para ser um grande regresso para o personagem e para a franquia. A ideia de destruir ambientes, explorar um mundo aberto e colecionar itens parece ser uma evolução natural da fórmula que sempre fez os jogos de Donkey Kong tão cativantes. Contudo, a transição para o 3D e o redesenho do próprio protagonista são apostas arriscadas que, se não forem bem executadas, podem comprometer a experiência. Tenho esperança que a Nintendo consiga, mais uma vez, surpreender-nos, mas também sei que é um grande desafio fazer justiça ao legado de um dos maiores ícones dos videojogos.

Até que eu tenha o jogo nas mãos, tudo o que posso fazer é aguardar e continuar a especular. Mas a verdade é que, após anos de espera, Donkey Kong Bananza é um jogo que tem o potencial de ser muito mais do que apenas uma aventura para o Kong. Este título terá o poder de redefinir a forma como olhamos para os jogos de plataforma 3D. A única coisa que posso desejar agora é que consiga , em julho de 2025, estar lá para vivê-lo – e espero poder escrever um artigo muito diferente, com a certeza de que a aposta foi, de facto, vencedora.