Parece que ultimamente andamos numa perspectiva mais educacional e familiar aqui Rubber Chicken como o Ricardo aqui, e o meu germà d’armes nestes campos Nintendistas quanto falou no controlo parental da Switch e até nas suas recordações de desenhos animados e jogos da Disney que partilha com o seu rebento, e um dia eu também irei partilhar com a minha. Assim como Transformers G1, Thundercats, Saber Rider and Star Sherrifs e outras franquias da década de 80 dos mil e novecentos e o meu gosto por viajar pelo mundo, locais conhecidos ou pouco visitados que são o mote do texto de hoje.

Nos anos 80 um dos membros fundadores da Brøderbund Software quis criar um jogo que incentivasse as crianças a investigar uma das suas grandes paixões, a Geografia. A maneira que o ele e um dos seus game designers tiveram de o fazer foi de criar um jogo educativo baseado no seu hobby, na minha opinião há hobbies melhores mas cada um é como como cada qual.

Sempre associado a programas de TV educativos para pré adolescentes foi criada Carmen Sandiego, e a sua série de crimes. O conceito não era dos mais elaborados, até porque o seu público-alvo era um que estava numa fase inicial da sua educação. Carmen, uma misteriosa mulher sempre com um casaco comprido e um chapéu que cobria a parte da sua cara, com longos cabelos escuros e lábios vermelhos a combinar com as suas roupas, era a líder da V.I.L.E. uma associação de criminosos que incluía Rob M. Blind e Ruth Less entre outros trocadilhos linguísticos.

Olhando em retrospectiva acho que a Carmen teve tanta influência no meu padrão do que acho sexy nas mulheres como a Jessica Rabbit teve no meu gosto por mulheres ruivas…

De todos os jogos, aquele com o qual eu passei mais tempo incluía não só viagens pelo mundo mas pelo tempo também. Habitualmente, a fórmula era bastante simples. Nós, agentes da ACME Detective Agency éramos chamados ao local de um crime onde Carmen e/ou um dos seus associados roubaram algo. Este “algo” podia ser algo como as jóias da coroa britânica mas eles preferiam monumentos ou até às margens do Nilo. Eu sei que parece parvo mas vínhamos de uma altura em que víamos uns desenhos animados onde um robot gigante se transformava num walkman reduzindo o seu tamanho às vezes e estava tudo bem, portanto não vamos pensar muito nas leis da realidade neste caso específico, ok? A nossa função era investigar o crime e encontrar as pistas que nos levavam até à captura do criminoso, mas nunca da titular Carmen Sandiego que conseguia sempre fugir.

Sempre que chegávamos a um dos locais do crime tínhamos que o analisar e entrevistar testemunhas. Estas, através de palavras bem colocadas habitualmente com uma jogada linguística ou outra indicavam-nos para onde ir. O mesmo acontecia com os locais, se as entrevistas não dessem pistas suficientes, havia um objecto ou algo semelhante que indicava a origem ou destino dos criminosos que perseguíamos. Tudo muito linear mas com um objectivo principal que falta em muitos jogos de hoje, Carmen Sandiego ensinava as crianças a raciocinar. A ver para lá do aparentemente básico e a fazerem um cálculo mental, fazia-os calcular um 2+2 figurativo em vez de dar imediatamente a solução.

Carmen, fazia com que os miúdos e também os graúdos investigassem geografia e história para resolver os seus crimes, estamos a falar também de uma altura em que não existia internet como hoje, portanto como é que os miúdos investigavam? O jogo vinha com uma enciclopédia!

Eu sempre fui apologista do manual de instruções, alguns eram autenticas obras de arte e quanto maiores, melhores. São daquelas coisas das quais tenho saudades, mas uma enciclopédia num jogo era algo que nunca tinha visto. Acho que nem no Civilization ou nesses jogos mais baseados em História acontecia.

Where in Time is Carmen Sandiego? sempre foi o meu preferido da série, era aquele que não só viajávamos pelo mundo mas tínhamos que encontrar a época certa, as opções eram limitadas e bastante óbvias de acertar na maior parte dos casos mas para um Whovian, viajar no tempo é algo que dá sempre mais gosto que apenas no espaço, nem que seja apenas virtualmente. Se calhar por isso é que gosto de recriações medievais.

Where in( …) is Carmen Sandiego espalhou-se por plataformas (de videojogos e não só), dentro da Nintendo esteve na NES, SNES e NDS mais recentemente e era uma figura bastante conhecida nos anos 90, traz-me boas recordações de tardes passadas em investigações. Se é porque já estou mais velho e não tenho ligado muito a esse aspecto nos jogos mas tirando os Brain Training lançados com a Nintendo DS não me lembro de ver jogos cuja vertente é mais apontada para educação, ou pelo menos parte apontada nesse sentido. Devem ser como as bruxas, não acredito que ainda existam, mas que as há… há.