_. ._ _.. ._ __ ._ .._ (Note: é código Morse!)
Steel Diver: Sub Wars é a mais recente manifestação do IP Steel Diver, que começou por ser uma aventura side-scroller também na Nintendo 3DS. À primeira vista o jogo parece ser uma versão “Bizarro World” de Star Fox, tendo submarinos no lugar de naves, e como é óbvio desenrola-se debaixo de água em vez do espaço. O ritmo lento e cauteloso de Steel Diver é por sua vez muito diferente do clássico da Nintendo que é conhecido pelo seu passo viciantemente acelerado. Para além disso tem personagens com uma linha gráfica mais ou menos parecida, mas com muito menos destaque e personalidade. Quando analisamos mais detalhadamente a equipa por trás do jogo podemos perceber rapidamente de onde originam estas parecenças, pois tanto o diretor – Takaya Imamura – como o produtor – Tadashi Sugiyama – trabalharam na saga Star Fox.
Quando ultrapassada esta primeira impressão de Sub Wars percebemos que este tem uma identidade própria e características únicas.
Que pôr-do-sol tão benito!
Antes de analisar a parte divertida (gráficos, jogabilidade, narrativa, etc.) é importante contextualizar a parte aborrecida (o modelo económico) por trás de Sub Wars. Este jogo é uma das primeiras aventuras da Nintendo com o modelo Free-to-Play, portanto qualquer pessoa pode, e deve, descarregar o jogo da eShop a preço zero, e depois fazer um upgrade para Premium se quiser enriquecer a sua experiência. Este Premium tem um preço acessível e dá-nos mais missões single player, dezoito submarinos desbloqueáveis e a possibilidade de equipar até cinco membros no nosso submarino. Portanto, se tens interesse neste jogo – e se estás a ler este artigo deduzo que tenhas – vai até à eShop e descarrega a versão Free-To-Play! Já! Aliás… depois de leres este maravilhoso artigo até ao fim, claro!
A componente single player do jogo é bastante repetitiva e desprovida de qualquer tipo de narrativa lógica, acabando por assemelhar-se mais a um prolongamento do tutorial do que propriamente um modo de jogo independente: faz-nos mergulhar através de corredores de anéis enquanto lutamos contra inimigos com uma IA bastante reduzida, cumprindo pequenas missões sem fundamento linear e outras atividades igualmente inúteis. O que é de facto cativante neste modo de jogo é a possibilidade de desbloquear novos submarinos e membros para a nossa tripulação, no entanto esta é uma funcionalidade apenas possível para jogadores do modelo Premium. É claro para qualquer jogador que este modo foi um pensamento secundário no desenvolvimento do jogo, estando o ênfase de toda a jogabilidade no Multijogador.
Mais uma voltinha mais um anel, menina bonita não paga mas também não anda!
Os jogos multiplayer funcionam bem, são emocionantes e estão bem equilibrados entre os jogadores Free e os Premium, apesar da frustração inerente a um FPS competitivo extremamente lento. O uso da camuflagem e do código Morse são sem dúvida as componentes mais divertidas deste modo de jogo.
Visualmente, Sub Wars é apelativo, tendo gráficos semi-cartoon a três dimensões que fazem bom uso das habilidades da consola, deixando apenas um pouco a desejar nos efeitos que usam partículas, mas mesmo isso é perfeitamente perdoável tendo em conta o hardware onde corre. Os menus e interfaces sentem-se um pouco datados e demasiado sérios para o tipo de jogo que é, parecem saídos de um survival horror dos anos 90 – depois de limpo o característico sangue a escorrer por todo o lado. Já as personagens são giras mas aparecem apenas marginalmente dentro do gameplay, não dando oportunidade aos jogadores de se identificarem e relacionarem com elas.
Os controlos parecem complicados de início, mas com a prática tornam-se rapidamente parte do jogador. Por vezes pode ser frustrante a falta de precisão milimétrica, no entanto, devido à lenta velocidade da jogabilidade e ao facto do jogo não viver desse tipo de habilidades Call-Of-Dutianas, mas sim de estratégia e bom uso do reduzido números de armas disponíveis. O jogo oferece também um método de comunicação muito próprio: o código Morse! E apesar de poder soar estranho, a verdade é que torna-se bastante divertido o uso desta linguagem durante combates multijogador para comunicarmos com os nossos adversários.
Se fosse possível convidar o inimigo a vir ao meu Sub tomar um chá… quem sabe… talvez eu e a Jen tivéssemos muito em comum.
O melhor: Sub Wars revoluciona o franchise e o conceito de FPS, é equilibrado e uma boa maneira de passar algum tempo morto em transportes públicos.
O pior: As componentes single player deixam muito a desejar. O modelo Premium não oferece nada de substancialmente melhor.
Steel Diver: Sub Wars vale pela sua componente multiplayer, visto que as partes desenhadas exclusivamente para single player são pouco inspiradas. A validade do serviço Premium é um pouco questionável, mas o melhor que podemos fazer é ir à eShop imediatamente e experimentar o jogo, pois pode ser precisamente aquilo que faltava no teu inventário de jogos para a Nintendo 3DS / 2DS!
Steel Diver: Sub Wars é um exclusivo 3DS.
