A palavra aculturação, de um ponto de vista Antropológico e Sociológico, refere-se ao processo de adaptação a uma cultura e valores diferentes, por parte de um indivíduo ou de um grupo. É uma palavra que pode muito bem resumir o que empresas de origem japonesa (e não só) estão a tentar fazer no nosso lado do mundo, dito “Ocidental”, pela Europa e Américas. Para poderem vender um produto no seio de uma cultura com valores diferentes é preciso primeiro quebrar (ou erodir) as barreiras culturais que dificultam a sua exportação e o podem tornar pouco apelativo ou até indesejado.

É preciso tentar equilibrar aquilo que o público-alvo deseja e o que a sua cultura geral e restantes constituintes como um todo estão dispostos a aceitar. Tomem como exemplo o recente Criminal Girls: Invite Only para a PS Vita. O jogo teve uma considerável censura com o seu nevoeiro cor-de-rosa e foi fortemente criticado pelos fãs mais acérrimos que desejavam poder adquirir e jogar no Ocidente o mesmo jogo (não adulterado) que foi jogado no Oriente – eu fui um desses grandes críticos. Contudo, também compreendo a sua posição. Tentem justificar ou tentar fazer a pessoa ao vosso lado aceitar a ideia que estão a jogar um jogo em que “motivam” (torturam) raparigas, das quais três dessas raparigas aparentam ser menores. Não é fácil. Nem quero imaginar o pesadelo legal para uma editora que queira trazer um jogo para cá e ter um ESRB rating no mínimo para maiores de 18 anos. Daí advém a necessidade de integrar a cultura e aquilo que “é japonês” a um passo alentejano, deixando-a ganhar raízes para depois dar frutos.

São empresas como a Nippon Ichi Software of America (ou NISA) que travam essa luta quase silenciosa para aproximar o Japão um pouco mais de nós. Não só publicam videojogos japoneses, como também publicam anime, no Ocidente. Tivemos o prazer de ser recebidos calorosamente por eles na Gamescom 2015, onde já tinhamos tido o mesmo privilégio em 2014, e onde nos foi revelado o seu catálogo de lançamentos para este próximo ano e tivemos a oportunidade de meter as mãos antecipadamente em alguns dos seus futuros jogos.

 

Danganronpa Another Episode: Ultra Despair Girls

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Este é o terceiro jogo da série Danganronpa lançado na Europa e é o primeiro a abandonar o formato visual novel e a adoptar um de acção na visão de 3a pessoa, sem perder o seu habitual grande foco na história. Trata-se dum spin-off que decorre entre o Danganronpa 1 e 2 em que controlamos Komaru Naegi (irmã de Makoto Naegi, o protagonista do primeiro jogo) e Toko Fukawa (também do primeiro jogo) e as ajudamos a sobreviver em Towa City.

Se não jogaram os jogos anteriores, recomendo pelo menos que dêem uma oportunidade ao primeiro, principalmente se são fãs de jogos como Phoenix Wright, Virtue’s Last Reward ou visual novels em geral.

 

Onechanbara Z2: Chaos

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Um hack n’ slash ao estilo de God of War ou Dynasty Warriors em controlamos 4 vampiras (algumas pouco vestidas), cada uma com diferentes estilos de combate, que vão defrontar vastas hordas de monstros e zombies. É um jogo com uma dose generosa de fan service e que tem perfeita consciência do quão exageradamente over-the-top ele é. Como personagem, a minha preferência pessoal recai sobre Saaya, uma rapariga que maneja uma motosserra como quem maneja uma espada – lenta, mas destrutivamente eficaz.

 

Lost Dimension

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Este será potencialmente o caso mais peculiar. Um RPG táctico da Lancarse, criadores da série Etrian Odyssey, em que assumimos o papel de Sho e fazemos parte de uma equipa de 10 outros jovens com poderes especiais que têm como objectivo salvar o mundo contra um terrorista interplanar que se auto-intitula como The End. Para exemplificar os nossos personagens, um tem o poder de se teleportar, outro tem poderes telecinéticos, uma rapariga tem poderes pirocinéticos, outra tem poderes telepáticos – o nosso personagem Sho tem o poder de ter visões do futuro. O twist deste jogo é que existe um traidor entre os personagens. Para além da sua vertente de combate em RPG por turnos, tem também uma componente de whodunnit que é fulcral para a história – similar à série Danganronpa acima referida, só que não é linear – no inicio de cada novo jogo é escolhido um personagem aleatoriamente que será o traidor, o que revela o potencial para termos 10 experiências de jogo diferentes em que a história tem um percurso e rumo diferentes. Para este jogo não vale a pena procurarem guias ou walkthroughs.

 

Mais destaques dignos de nota que a NISA irá publicar em 2015/2016 são Persona 4: Dancing All Night, Disgaea 5: Alliance of Vengeance, Etrian Odyssey 2 Untold: The Fafnir Knight, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel e Legend of Legacy, entre outros. O catálogo da NISA para estes próximos meses é impressionante, tanto em quantidade como em qualidade. Esperemos que possam continuar assim por muitos e bons anos.