Perdidos e Machados #9

Boa tarde caríssimos

Bem vindos a mais uma aula de arqueologia gráfica e digital, no mundo maravilhoso dos videojogos.

Peço desculpa por não ter dado aula na semana passada, mas estive preso numa expedição. Bom… esta cadeira está a ter mais sucesso que esperava e têm aparecido vários pedidos de procura de artefactos perdidos na memória. É bonito ver que há quem goste de se lembrar dos clássicos, por outro lado, acho que qualquer dia vou ter que contratar uma professora assistente para me dar uma mãozinha no trabalho. Alguém que não se importe de meter as mãos na massa, e se sujar um bocado. Arqueologia e entrar em buracos não é uma actividade limpa.

A aula de hoje é sobre amores impossíveis.

Olá Perdidos e Machados,

Hoje estava eu no meu alpendre a olhar para a janela do quarto da vizinha e quando vi a sombra da silhueta dela lembrei-me de um jogo onde se andava de um lado para o outro e entrava-se em salas para procurar lâmpadas de várias cores. Tinha dragões e bruxas, estilo essa minha vizinha que me deita um feitiço todos os dias mas mais feias. A personagem principal tinha como objectivo conquistar a donzela mas o coitado era apenas um bobo, mais fofinho que os de hoje em dia que parecem todos drogados. Aquele do Batman então que Deus tenha piedade. Conseguem-me saber o nome do bobo? Faz-me lembrar um pouco de mim a tentar conquistar a vizinha.

Renovando os meus cumprimentos.

Jorge

O Jorge apresenta um dilema grande, o que fazer quando queremos conquistar a vizinha? Como não sou orientador relacional, o meu passado não é dos mais famosos, não vou entrar por esse campo. Mas, por outro lado o ditado diz: “Quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Bujarda em todos os professores! Eu incluído.

Jogos com bobos há imensos, mas não como personagens principais. E para este nem tive que ir a campo, só tive que fazer alguma busca na minha biblioteca dos jogos, ou Ludoteca, para encontrar o teu. Mas não é por isso que não vou falar de mais uns. Vou fazer render o meu tempo de aula.

Library

O mais fácil de fazer uma busca é começar para trás, e não por trás, qual é a recordação mais recente de algo que temos? Começamos por aí e buscamos as suas inspirações e origens.

No meu imaginário saltaram logo dois bobos, um porque joguei bastante o outro porque vi o jogo, nunca testei mas conheço.

Pandemonium! É um jogo criado pela Toys for Bob e distribuído pela Crystal Dynamics em 1996 para a Playstation, Sega Saturn, PC, N-Gage e até há uma versão iOS. Eu sei que este não é o jogo que procuras porque não é só um bobo, podemos controlar dois personagens distintos escolhendo-os no inicio de cada nível. Fargus, o bobo, fazia um ataque rotativo especial, enquanto Nikki, uma feiticeira podia fazer um salto-duplo.

Eu não sei o que envolvia a história, portanto nem vou falar nisso. Posso dizer que a sequela Pandemonium 2 saiu apenas para Playstation e PC no ano seguinte e a maior particularidade de Pandemonium era que os saves funcionavam por password que naquela altura era desnecessário, e sempre foi uma bosta. Quem se lembra, sabe a frustração que era quando não percebíamos a nossa letra e tínhamos que refazer as últimas 5 horas de jogo por causa disso.

Pandemonium

 

Apesar de também não ter dragões, nem bruxas, nem princesas, o bobo por excelência dos videojogos, na minha opinião é Nights, do brilhante NiGTHS into Dreams, criado pela Sonic Team e lançado pela SEGA em exclusivo para a Saturn em 1996.

NiGTHS era na altura um jogo brilhante, foi considerado dos melhores jogos da Sega Saturn, e está entre os melhores jogos de todos os tempos. As suas versões remasterizadas em HD estão disponíveis na PlayStation Network, Xbox Live Arcade e Steam. É um jogo histórico, de uma simplicidade e beleza incríveis. Daqueles que qualquer fã de videojogos que se preze deve jogar pelo menos uma vez na vida.

NIGHTS

 

Por fim, o jogo que procuras, acredito que seja Black Lamp publicado pela Firebird Software, para o Amiga, Atari ST, Commodore 64 e ZX Spectrum em 1988. Tive que ir buscar isto aos tomos empoeirados no fundo das prateleiras envoltas em escuridão.

O que me levou a isto, foi a tua exposição cheia de detalhes do jogo. Jack The Jester, estava apaixonado pela princesa Grizelda. O reino de Allegoria é invadido por dragões que roubam a lâmpada negra que o protegia (não muito bem porque senão tinha sido roubada, mas vamos dizer que sim porque: “enredo”). Jack tem que derrotar monstros num jogo clássico de plataformas e recolher as 9 lâmpadas coloridas e devolver a paz ao reino.

Black Lamp

 

Acabou a aula de hoje, até para a semana, se tiverem tempo vão à biblioteca e leiam. Considerem uma espécie de DLC grátis para as vossas mentes.

Arm yourselves!

Para pedidos enviem um email para joao@rubberchickengames.com com o assunto “Perdidos e Machados” e o máximo de informação que consigam sobre o jogo em questão.

Nem todos os pedidos serão respondidos, mas o Perdidos e Machados tem intenção de ser um espaço aberto aos exploradores e conhecedores de videojogos, portanto os leitores podem acrescentar hipóteses nos comentários.