Ontem mencionava conteúdo adicional, e uma das formas mais comuns de o providenciar são os sempre controversos DLC. Se uns são excelentes, outros são sofríveis, e depois ainda há tudo o que fica entre um extremo e outro. Vamos espreitar:
Mass Effect 1
Bring Down the Sky
Uns singelos 80 pontos MS (mais barato que muitos itens de avatar no marketplace da Xbox, e é gratuito em PC ou com a versão Platinum do Mass Effect para xBox 360) trazem-nos uma história de terrorismo num asteróide remoto, e apresentam-nos a uma nova raça: os Batarians. Um par de horas de jogo depois terminamos com uma decisão que nos deixa incomodados, seja qual for a opção que tomemos, mas a escrita ainda não está ao nível do que viria a estar noutras decisões difíceis. Ainda assim o preço e a promessa de mais um bocadinho na companhia do/a Shepard faz com que seja difícil de lhe resistir.
Pinnacle Station
400 pontos MS ou €5 levam-nos até Pinnacle Station, que se resume em três palavras: treino, treino, treino. Não há aqui história nenhuma, só missões simuladas, mas para quem gosta do combate do jogo, vale a pena ir buscar. (Diga-se de passagem, prefiro um conteúdo que assumidamente não tenha história do que um com uma história miserável a servir como desculpa para o combate – se tivessem seguido este exemplo quando criaram o Mass Effect Infiltrator eu teria ficado bem mais satisfeita). Além disso, assim o/a Shepard já não precisa de ser um(a) pobre desalojado/a – terminem este DLC e terão uma casinha muito simpática, completa com televisão, rádio e contrabandistas de equipamento do mais alto nível.
Mass Effect 2
Tirando o primeiro sobre o qual vou escrever, o Genesis, todos os outros DLC deste jogo estão por ordem cronológica de saída. Existem mais uns quantos DLC pagos, regra geral na casa dos 2 euros, mas que só trazem armas ou roupas novas, e optei por não falar deles. Não há nenhuma arma, armadura ou roupa nova que torne este jogo significativamente melhor do que já é – podem querer comprá-los pelo aspecto, por gostarem do dano que a arma x ou y dá, ou por fazerem questão de ter tudo, e não há nada de errado com isso (eu que o diga!), mas esses DLC não têm conteúdo que justifique que os recomende ou deixe de recomendar – são o que são. Quanto aos outros, aqui vamos:
Mass Effect: Genesis
320 pontos MS ou BioWare, que rondam a casa dos €3,40, fazem com que tenhamos direito a uma banda desenhada interactiva que nos leva pelas decisões mais importantes do Mass Effect 1 sem termos de o jogar, quer seja por não podermos (na PS3, onde este DLC é gratuito) ou por não querermos (francamente, deviam ser castigados por tamanho pecado!). Não é nada de especial, mas em termos de determinar a história passada é bem melhor do que criar um/a Shepard novo/a para o Mass Effect 2.
Cerberus Network
DLC que é suposto encorajar as pessoas a comprarem o jogo novo, em vez de usado, a Cerberus Network está disponível para quem não o fez por 1200 pontos MS ou Bioware, ou €14.99. Além de armas e armaduras traz-nos três conteúdos de história: The Price of Revenge, Normandy Crash Site e Project Firewalker. O primeiro destes três introduz na equipa um personagem novo, o Zaeed, juntamente com a respectiva missão de lealdade. É curioso ver o universo Mass Effect através dos olhos de um mercenário veterano (mais curioso ainda depois de fazermos a tal missão de lealdade e compreendermos mais sobre quem ele é) e o Zaeed tem sempre uma palavra a dizer quando o visitamos na Normandy mas, lamentavelmente, não fala connosco – fala para nós. Ou seja, quando clicamos nele, regurgita memórias e estórias, mas não lhe podemos responder nem criar uma relação sólida com ele – dependendo do passado do/a nosso/a Shepard poderia ter sido interessantíssimo ver se o considerávamos alguém a respeitar ou a detestar, um possível amigo ou descartável, uma mais valia ou ponta solta, mas não conseguimos fazer nada disso e a presença dele na party torna-se assim mais pobre. É pena. Já o Normandy Crash Site, como o próprio nome indica, envolve andarmos pelo local onde se despenhou a Normandy original a coleccionar dog tags. Pretende evocar uma sensação solene e desconfortável, mas acaba por ser simplesmente entediante ao fim de algum tempo. A última, o Project Firewalker, foi a tentativa da Bioware perceber o que é que podiam ter melhorado na Mako em vez de se verem livres dela totalmente. Andamos aos saltos por cima de lava com um veículozinho engraçado, temos como missão a recolha de informação. Mas uma vez mais, falta conteúdo e não é propriamente digno de nota.
No global e como sou completista, não me parece que tivesse conseguido resistir a comprar o DLC se não tivesse comprado o jogo novo, e o Zaeed é, como disse, interessante, mas há aqui muito potencial desperdiçado. Não é nem de perto nem de longe um DLC muito relevante.
Stolen Memory
560 pontos MS ou Bioware (o equivalente a €6.99, grátis na PS3) dão-nos direito a mais um personagem extra, a Kasumi, assim como a um fato todo elegante para o/a Shepard, mais uma armita e uma missão de lealdade. Ladra extraordinária com um passado conturbado, a Kasumi é um cruzamento entre Arséne Lupin e sonho molhado japonês. Tal como o Zaeed sofre de fraca integração na história – os outros personagens mal lhe reconhecem a existência, não temos direito a diálogo interactivo. Enfim, mais do mesmo. É mais uma oportunidade cuja perda lamento, especialmente porque tenho um fraquinho por ela. Tê-la na party poderia ter sido muito mais do que foi, e se não lamento tê-la comprado, também não a classificaria como essencial.
Overlord
Outros 560 pontos MS ou Bioware (novamente grátis na PS3) trazem-nos o primeiro DLC de Mass Effect 2 que me fez dizer “sim senhor, desta vez a Bioware acertou”. Com uma história que parece inicialmente simples mas se complica (onde é que já ouvi isto antes?), o Projecto Overlord vai ficar nas nossas memórias mesmo depois de termos acabado a missão. Quem estiver a jogar com um Renegade (presumindo que é só uma forma de jogo e não são, na vida real, sociopatas em desenvolvimento) vai sentir um gosto amargo na boca com a decisão que vai ter de tomar; mesmo os bonzinhos se vão sentir perturbados com tudo o que se passou naquelas instalações. Recomendado.
Lair of the Shadow Broker
A jóia da coroa. Um pouco mais caro que os outros, a 800 pontos MS ou Bioware (custaria €9,99 se não fosse grátis na PS3), se só pudesse comprar um DLC para o Mass Effect 2 seria este sem sombra de dúvida, e nem sequer namorei com a Liara – para quem o fez é ainda mais imprescindível. Lair of the Shadow Broker acompanha-nos por topos de arranha-céus (numa perseguição muito reminiscente da que envolve o táxi do Bruce Willis no Quinto Elemento) e planetas desolados, hotéis de luxo e naves abandonadas. Se há algum bocadinho em todos os Mass Effect que nos mostra mais de perto como é que se vive nos planetas do espaço do Concelho, é este, e aquelas ruas em Illium foram, para mim, muito mais reais que qualquer parte da Citadel em qualquer um dos três jogos. A interacção com a Liara está ao nível do melhor que já se escreveu em Mass Effect, temos finalmente a explicação para o quanto ela mudou e cresceu, e ainda a vemos pôr de lado o que quer em prol do que é preciso. É o suficiente para ficarmos com uma lágrima de orgulho ao canto do olho – a nossa menina, só com cem aninhos e já é crescida! Não contentes com isso, o humor e as piscadelas de olho a certas alterações na mecânica do jogo, como quando mencionam que antigamente podiam abrir tudo com medigel suficiente, são muitíssimo bem-vindos. A não perder.
Arrival
O último dos DLC para Mass Effect 2 volta ao modelo dos 560 pontos MS ou Bioware – e se pensaram que eu ia escrever “grátis na PS3” enganaram-se, já chega de borlas, toca a pagar €6.99 – e é solidamente bom. Concebido para nos conduzir ao Mass Effect 3, a história (não resisto a escrevê-lo – inicialmente simples mas que se complica) está boa, não tão previsível como nos quer parecer à primeira vista, e voltamos à sensação sufocante de estarmos a correr contra o tempo e tudo depender de nós. Os resultados para o Shepard são, num dia muito bom, agridoces. E temos direito, pela primeira vez na saga, a ver a cara do Almirante Hacket – e eu que pensava que o senhor ia ficar para sempre uma voz sem corpo! Muito recomendado.
Mass Effect 3
Single-Player
From Ashes
Disponível gratuitamente com edições de coleccionador do jogo, ou em separado pela módica quantia de 800 pontos MS/Bioware ou €9,99, o From Ashes é o DLC de dia 1 para o Mass Effect 3. Traz-nos uma arma, seis roupas e um personagem novo, o Javik, um Prothean (ou, melhor dizendo, o Prothean, já que é o único sobrevivente da raça) com a respectiva missão de recrutamento e mais uma missãozinha extra. E parece que desta vez a Bioware aprendeu com os erros do Price of Revenge e do Stolen Memory no que toca à integração de personagens. Ao contrário da Kasumi e do Zaeed, o Javik está perfeitamente integrado na história, na Normandy e nas missões. Podemos falar com ele exactamente da mesma maneira que falamos com o resto da party, tem diálogo único numa série de sítios em vez de ser só nas missões que lhe são específicas, todos os outros falam com ele e não notamos diferença de qualidade entre ele e outros personagens (quero dizer, até notamos, porque como referi na análise ao Mass Effect 3 os personagens não estão todos igualmente bem escritos, mas não tem a ver com o facto de ser DLC – o Javik parece-me, por exemplo, um produto mais bem acabado do que o James Vega, que já vem no cd). As missões não são nada de extraordinário, mas para mim o valor do From Ashes não está contido nesses dois bocadinhos, e sim em toda a história, inequívocamente enriquecida pelo facto de termos acesso a um Prothean vivo. Recomendadíssimo.
Multiplayer
Sinceramente, em relação ao multiplayer não me vou alongar. Existem dois DLCs (Resurgence e Rebellion) cada um com 6 personagens novos, 2 mapas e mais alguns itens. São tão bons como o multiplayer base – são gratuitos – vão buscar, se fazem favor.
Comments (2)
Boa, Valeu!
Valeu cara, serviu de grande ajuda. Sei que foi feito em 2012 mas faltam algumas DLCs do ME3 como Cidatel por exemplo.