O meu mergulho neste vasto e intrincado universo que é o manga é aventura recente. Como já várias vezes admiti, sou maior conhecedor da área da Banda-Desenhada (em especial os Comics, área onde vou desenvolver o meu Doutoramento) do que de videojogos. Mas ainda assim tive sempre mais problemas em ceder ao mundo da BD japonesa, ainda que Saint Seiya fosse durante muitos anos uma das minhas séries de animação favoritas. É claro que os manga mais famosos, em especial os shonen (manga cujo público-alvo é masculino e jovem), conseguem sempre ser adaptadas a anime e a ficar mais disseminadas por todo o Mundo. Pensemos no caso de Dragon Ball, que se tornou num dos maiores fenómenos da cultura pop, globalizado, e que permitiu a verdadeira massificação ocidental do manga e anime.

J-Stars Victory Vs+ é a versão melhorada do jogo quase idêntico da geração anterior. Um jogo de crossovers que traz personagens dos mais de 45 anos  da célebre revista semanal Shönen Jump, que contem nas suas páginas alguns dos mangas (posteriormente adaptados a anime) mais famosos do planeta. Sejam os clássicos Saint Seiya e Dragon Ball, passando por Naruto, One Piece e Bleach, para além de dezenas de outras franquias que são co-pertença da famosa revista.

Antes de mergulhar no jogo propriamente dito, parece-me que uma das grandes tarefas deste J-Stars Victory Vs+ é o de servir de porta de entrada para o universo do manga e de apresentar imensas séries que são desconhecidas do grande público. A Bandai Namco com este jogo acaba por trazer não só um gigantesco crossover que apela aos fãs de diversas séries mas também que permite a muitos de nós de conhecermos séries de manga já terminadas ou algumas em distribuição. Foi um pouco o que em aconteceu: já tinha dado uma oportunidade a séries actuais tais como Toriko e Gin Tama, mas foi depois de jogar com os personagens em J-Stars que tive a decisão final de acompanhar semanalmente as suas histórias em banda-desenhada.

jstars_plus_new1

Há uma dificuldade grande na suspensão da descrença de qualquer crossover. E neste caso essa dificuldade conceptual torna-se ainda pior: os personagens das diversas séries têm diferentes níveis de “poder” dentro dos seus universos, e colocá-los a lutar num mesmo mundo coexistente obriga a uma “normalização” das suas capacidades. Senão, por muito que adoro o Seiya e o Monkey D. Luffy, o Son Goku venceria todos os combates.

j-stars-victory-vs-seiya-pegasus-namek

Como jogo de combate é algo bastante simples e muito amigo do button mashing. Vemos o nosso personagem na terceira pessoa, numa área de combate aberta, e onde temos à nossa disposição ataques fortes, fracos, bloqueios, saltos e ataques especiais. Depois de desferirmos uma série de combos enchemos uma barra para um ataque ultimate com os outros personagens da nossa equipa et voilá! Muito dano desferido aos adversários. Não há muita técnica envolvida, nem J-Stars tem o mesmo nível de complexidade de outros jogos de luta, mas esta simplificação acaba por jogar a seu favor. A entrada no jogo é quase imediata e a curva de aprendizagem reduzida: à excepção dos ataques especiais, todos os personagens se comportam quase da mesma forma.

Cada equipa possui três marcadores, que são preenchidos cada vez que um personagem é KOed. A primeira equipa a alcançar 3 Kos vence. Simples, rápido e eficaz. Pouco técnico, é verdade, mas divertido e com uma longevidade dependente do nosso nível de investimento no jogo. Começamos com apenas quatro personagens desbloqueados, e visto que o elenco disponível são trinta e nove personagens jogáveis mais treze desbloqueados, temos muitos pontos para farmar entre os modos de história, arcade, versus e online.

Jstars-4-620x

O melhor: o elenco gigantesco, as animações e fluidez dos combates

O pior: a simplicidade excessiva dos combates

J-Stars Victory Vs+ não é um jogo de luta surpreendente nem ficará na história dos jogos de combate. Mas serve como arena de sonhos de qualquer fã destas franquias popularizadas nas revistas da JUMP, e ver Son Goku e Vegeta a lutar par-a-par contra Seiya e Luffy é algo que não veremos todos os dias. É divertido, possui um elenco de luxo e de certeza que, assim como fez comigo, consegue “vender” muitas das suas séries correntes ou obrigar-nos a importar tankōbons das séries já terminadas. Poderá ser um bom brawler para os amigos se divertirem depois de uma jantarada em que quase toda a gente vai querer ser o Son Goku. É assim, e é uma verdade abosulta na internet. Nem o Chuck Norris lhe resistiria. Acho eu.

J-Stars Victory Vs+ está presente para PS4, PS3 e Vita. Analisada a versão de PS4.