Ainda que as anuais (e usuais) surpresas do Rubber só cheguem depois da LGW, decidimos juntar-nos todos à volta da fogueira, hoje, que é o 4º aniversário do Rubber Chicken, e pensar afinal:

COMO tem sido a minha vida no rubber chicken?

Miguel Tomar Nogueira

O mais divertido no Rubber Chicken é o próprio facto de querermos ser divertidos e o gozo que dá trabalhar os textos para terem um grande cunho humorístico. Mas este não vai ser um desses textos. Este vai ser até muito sério.

Quando olho para trás, aquilo que mais mexe comigo é o crescimento. Porque não acreditava que fosse possível. Não fazemos notícia; só fazemos opinião. Não somos jornalistas; somos pessoas que gostam de escrever. Não somos geeks que conhecem o universo todo dos jogos, somos pessoas que gostam de jogar. Com o tempo passámos cada vez a analisar mais indies e menos AAA. E não fazemos isto para sermos considerados melhores ou piores. Fazemos porque assim podemos publicar apenas aquilo que nos apetece. Estas mudanças não foram premeditadas e sim orgânicas. Não eram decididas numa reunião. Aos poucos nós vamos caminhando para o estilo que nos faz mais sentido cá dentro, no centro do peito. O Rubber Chicken é feito muito mais com o coração e muito menos com a cabeça. Aliás, o melhor do Rubber Chicken é só escrevermos o que nos apetece e, dessa forma, escrever sempre com gosto. O crescimento que tivemos nas visualizações e nas redes, e o convite para o Observador que nos deu carta branca para escrevermos o que nos apetecer, como nos apetecer, porque queriam o nosso estilo de abordagem, era algo que eu não acreditava ser possível com um projecto que não publicasse noticias a todo o momento.

O Rubber hoje é um projecto com cerca de 12 pessoas e ao longo destes 4 anos foi descobrindo com avanços e com recuos aquilo que queria ser. O formato para o qual caminhámos foi um formato em que para todos o projecto é um tempo livre e no qual cada um de nós está proibido de tirar alguma vez dividendos financeiros. O Rubber nunca pode deixar de ser um hobbie para quem está no seu interior. Quando o deixar de ser, deixa de ser divertido. Quando deixar de ser divertido deixa de ser o Rubber.

O próximo passo é percebermos como devemos abordar o vídeo. O Youtube é uma plataforma de passagem de conteúdos que não se consegue evitar. Os conteúdos escritos vão perder público no futuro, e é importante que estejamos nos dois lados nesse futuro, para que não nos tornemos os velhos do Restelo a abanar uma bandeira que ninguém quer ver. Como em tudo, se há algo bom nesta equipa é que não fazemos ideia de como vai ser o amanhã. Essa vai ser outra das diversões: errar muito e ir acertando aos poucos na área de vídeo até percebermos a melhor forma de colocar no vídeo o estilo do Rubber.

O Rubber Chicken fez-se de muito mais pessoas do que aquelas que estão hoje no projecto. E é sempre ingrato falar de umas sem falar de outras, mas tenho que o fazer. Primeiro ao Pedro Filipe e ao Frederico Lira que foram aqueles que abraçaram o Rubber Chicken a 30 de Outubro de 2011 e também acreditaram no enorme potencial e enorme gozo que este projecto podia dar. Ao André Sanchez que se tornou um grande criador de jogos e hoje dá cartas no mercado nacional e internacional, mas que acima de tudo se tornou um dos meus melhores amigos. E ao Ricardo Correia por toda a força, tempo e empenho que dedica ao projecto. Há já muito tempo que é o Ricardo a maior força anímica do Rubber. Fora estes, a todas e todos os restantes, aos que estão e aos que já partiram para outros projectos: muito, muito, muito obrigado. É que se eu hoje deixasse isto, este estilo continuava. Temos quem nos ame e quem nos odeia de morte. Mas seja qual for a forma de nos ver, uma coisa ninguém pode mudar: seja para o mau ou para o bom, não há nada igual ao Rubber Chicken em Portugal. E isso mete-me sempre um sorriso nos lábios. Aquilo que faço não é imitação de nada, e deito-me a saber que já não andei nesta terra apenas para comer, cagar e produzir dióxido de carbono.

michael Jackson

 

Frederico Lira

Muito do que poderia dizer aqui, fui dizendo ao longo de 4 anos. Tudo começou com um nariz meio torto a olhar para a mensagem do Miguel “Olha, vamos começar um blogue? Vai se chamar Rubber Chicken”. Afinal, o que era um blogue? Qual seria a importância de debitar umas frases e pensamentos num blogue se já o posso fazer nas redes sociais com amigos ou nas conversas de café? E porque não? E cá estamos nós 4 anos depois após uma grande viagem, a fazer um pouco de tudo porque, afinal, um blogue, pode ser muito mais do que possamos idealizar. Acho que todos dizem neste artigo o que há para dizer e vou só deixar um agradecimento a todos os que nos acompanharam nesta viagem, aos que participaram neste projecto e continuam a participar com grande ânimo e a transmitir o melhor de si, aos novos que estão para vir, ao André Sanchez que respeito imenso como uma das pessoas mais humanas que conheci e que sempre deu o máximo enquanto esteve no galinheiro. Que venham mais 4 anos e que continue com esta excelente equipa. Às vezes andamos à turras, mas é como sempre: quando mais me bates, mais eu gosto de ti.

Bondage-pinata-

 

João Machado

Retrospectiva do meu tempo no Rubber?
Complicado dizer porque entrei na capoeira só há 4 meses. E desde que entrei aqui, fui obrigado a longas horas de trabalho escravo, algumas actividades contra as minhas crenças mo
rais, e cenas… que prefiro não me lembrar.
*o resto deste texto foi escrito em posição fetal no chuveiro, mas as manchas não saem… malditas manchas…*
Fora de brincadeira, o Rubber é um site fora do normal, aqui descobri um local onde posso falar à vontade, do que quero e como quero. Tive a oportunidade de ir à Gamescom, não porque não tinha antes, mas porque desta vez tinha razão para o fazer e conhecer developers e testar jogos antes do seu lançamento.
Acima de tudo o Rubber para mim é um local onde posso ler sobre jogos como eu gosto e não transcrições dos press releases das editoras/produtoras. Onde podemos dar a nossa opinião isenta de pressões. Se gostamos, gostamos, se achamos uma merda é uma merda, e lá porque eu acho uma merda, outra galinha pode achar genial, e é isso que nos faz os melhores. Sim é arrogante dizer isso mas eu sou orgulhosamente arrogante. Podia dizer que nós aqui pensamos fora da caixa, mas a nossa caixa é maior por dentro.
Para finalizar: queria anunciar aqui também faz favor que isto aqui, isto aqui é uma data de jogadores, uma data de escritores e uma data de artistas!

Tardis-JPEG

Roberto Gil

Estou no Rubber há um ano e uns trocos, graças a uma rasteira matreira do Ricardo Correia que, já que eu tinha ido à Gamescom 2014, me sugeriu que escrevesse algo “do ponto de vista de um leigo” e depois não me largou, bendita seja a sua paciência. No meu primeiro artigo auto intitulei-me um “gamer acidental”, passado este tempo, no Rubber, cada vez mais me convenço que não sou um gamer e que começo a detestar o termo. Sou um tipo que gosta de jogos e que tem a sorte de pertencer a um grupo de amigos que partilha dos mesmo interesses. Verdade seja dita, o Rubber tem-me dado a oportunidade de descobrir mais acerca do universo em constante expansão que é a indústria dos videojogos, sobretudo de olhá-la não apenas do ponto de vista do consumidor, mas de construir uma visão mais informada e crítica. A Galinha faz anos e está crescida e à capoeira vão chegando novos pintos, cada um com a sua identidade e mandatórias idiossincrasias o que é excelente, porque temos a sorte de não concordarmos sempre uns com os outros. O resultado é um caldo criativo propício à aprendizagem. Ad multos annos!

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André Marrucate

Um mês no meu mundo-natal equivale aqui a 150 anos. Tive a infeliz ideia de vir passar férias na terra, e o primeiro problema foi aterrar num galinheiro. O sensor do computador da nave indicou que as galinhas eram os seres mais inteligentes do planeta.. o quanto estava enganado, seres completamente sedentos de sangue, tive que fugir sem sequer ter tempo de ligar os piscas da nave e pedir ajuda. Agora estou aqui meio perdido no meio de seres muito estranhos. Mas encontrei um passatempo muito divertido, no meu planeta chamari-lhe-ia de “perder tempo” aqui são videojogos, ao menos posso escrever sobre este estranho ritual e dizer que é uma perda de tempo sem que eles se apercebam. Histórias à parte, tenciono gerar o medo e a confusão por toda a imprensa desta indústria! Obrigado Rubber! 

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Isaque Sanches

Não há equipa na qual que me pudesse encaixar melhor, ou que represente melhor o tipo de pessoa que sou, do que esta. O Rubber Chicken é a minha casa. E se depender só de mim, haverá de ser sempre. Somos todos amigos, mas metade de nós não se conhecia antes de se juntar ao projecto. Falamos todos os dias, mas raramente de trabalho.
Somos mais do que gamers, fãs do jogo A ou B. Temos todos uma forte paixão por jogos, jogamos um pouco de tudo. Conseguimos todos formular opiniões inteligentes sobre aquilo que jogamos, e no entanto temos todos opiniões diferentes, por vezes radicalmente diferentes.
Esta é a magia do Rubber. A beleza desta revista, para mim, está nos constrastes de personalidades no padrão constante que resulta disso, na ordem que sai desse caos.
Por vezes até parece que não, mas há um equilíbrio. Não se encontra é em mais lado nenhum. Nós temos uma voz única, seja na escrita, seja no vídeo, seja em Portugal, seja no mundo inteiro. Não estamos a tentar imitar ninguém, que já é meio caminho andado, mas cada um de nós acrescenta algo único à equação, cada um contribui para uma identidade que nos ultrapassa a todos.
Foi engraçado estar na Gamescom, apresentar-me como membro do Rubber Chicken, e aleatoriamente as caras estrangeiras iluminarem-se à minha frente de simpatia. Como é que eles sabem o que é o Rubber? Porquê? Vão lá ler artigos portugueses? A resposta, por mais estranha que pareça, é: sim. Nós falamos de jogos dos quais mais ninguém quer falar. Nós não desprezamos indies, nem andamos a beijar os pés dos AAA. Nós temos respeito por todos, tratamos todos por igual.
Foi engraçado termos descoberto que estávamos quase todos de blazer na Gamescom durante o evento, sem termos combinado nada. Numa apresentação, de um lado do sofá estavam jornalistas por vezes com mochilas de escola às costas, do outro, um tipo bem vestido. Sabia sempre onde encontrar o João Machado, que foi das poucas pessoas que vi na zona de business (e no evento) de colete. Na rua, todos quase sempre de óculos escuros, de ressaca.
Todos os dias da semana em que estive em Colónia, havia festa. Não só fomos para os copos no primeiro dia em que chegámos e fomos deitar-nos às 4 da manhã, para acordarmos cedo, também fizemos o trajecto de volta de câmara de filmar na mão, a fazer juramentos, a reproduzir cenas de filmes e a imitar youtubers. Na noite seguinte, estivemos numa festa privada de 300 pessoas, com DJ e bebida à discrição; dar passou-bens a toda a gente, abanar a cabeça, copo de champanhe na mão. Na última noite, fomos para um Irish Pub com dois estúdios estrangeiros, conhecidos nossos, cantar Karaoke.
Como dizia acima, há muitos contrastes no meio disto tudo, mas também há uma constante. Há uma voz. Espero que essa voz nunca enrouqueça. Tem sido fantástico trabalhar convosco.

Parabéns ao Rubber e a todos nós, galinhas loucas.

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Alexa Ramires

2015 foi o ano de mais mudanças na minha vida. Mudei de função na empresa onde trabalho, mudei de casa, terminei uma relação, descobri um novo amor e descobri muito acerca de mim e do que me rodeia. Consegui entender que a diferença está nos detalhes. As mudanças deixaram marcas, as cicatrizes foram passando, e – no meio de tanta tempestade – consegui descobrir um abrigo onde me senti sempre segura. O Rubber apareceu, não quando eu queria – mas sim, quando eu precisava. Renovou o que sempre, secretamente quis fazer. Acordou a psicóloga, estimulou a Gamer e através do Rubber, descobri aquele que me faz Sorrir como uma menina. Conhecemos milhares de pessoas ao longo de uma vida… umas marcam-nos e outras ignoramos. É muito raro sentir que encontramos o planeta onde pertencemos e que há muito procurámos. e aqui…encontrei…com mais ou menos choque com os outros habitantes….sinto um conforto que não tem preço. Aquele conforto que se sente quando se entra na nossa casa e percebemos que os habitantes têm a mesma loucura que nós. A loucura que nos faz devotar tempo, esforço, dedicação, trabalho….não em prole de dinheiro mas sim, pela mais básica e simples das razões: A Paixão pura de quem Ama fazer o melhor todos os dias!

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Bernardo Lopo

Prólogo:
Vinha a caminho do trabalho (metro) e a pensar no que haveria de escrever por aqui. Pensei ser super sentimental e puxar pelos feels. Mas perdi o fio à meada do que tencionava escrever enquanto jogava o SMT:Devil Survivor 2 q
ue tenho para fazer para análise até ao dia 23 de Outubro.
A cada altura que, no sonho, me apercebo que, na vida real, o despertador está a tocar, rebolo na cama e viro-me para o outro lado.
Assim que, no sonho, me apercebo que, na vida real, o despertador está a tocar, levanto-me imediatamente da cama e enfio-me no banho. Já no banho, penso no dia doloroso que vou passar.

Capítulo inicial, final e o do meio:
O Rubber não é, para mim, uma desculpa para justificar andar na rua com uma 2DS na mão. O Rubber não é, para mim, o motivo de aceitar-me como alguém que realmente ama os jogos de video e tudo aquilo que estes conseguem manifestar.
O Rubber é um prazer. Pelo que é. Por aquilo que me permite fazer. Pelas pessoas. Pela abordagem. Pelo motivo de luta comum, além dos objectivos distintos. Mas acima de tudo, por sentir que estou a lidar com pessoas. Tanto do lado de cá da webpage como do lado de lá. Parabéns ao Rubber, parabéns a nós e parabéns aos leitores!

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Tiago Leonel Ferreira

Entrei para o Rubber Chicken há cerca de um 1 ano – nesta mesma altura em que o Rubber fazia 3 anos e a primeira Lisboa Games Week estava no horizonte. Sempre joguei e fui fã de jogos desde pequeno, como muitos o são da nossa geração que cresceu com jogos à sua volta. Descobri que o Rubber é um conjunto composto por seres humanos sem compromisso, todos diferentes e distintos, mas que escrevem com igual prazer sobre aquilo que gostam/amam/vivem. Somos e sentimo-nos motivados a escrever sem inibições, e que isso nos torna autênticos. Não estamos a tentar agradar a ninguém, até nem mesmo a quem escrevemos – porque queremos ser verdadeiros para quem nos lê, sem fumos nem espelhos. O Rubber Chicken é um site que escreve em português, mas é transnacional. Não existem fronteiras. Escrevemos com humor, com jocosidade, com alguma comédia – porque esta é um forte veículo ideológico, porque é assim que somos, porque a nossa língua merece mais um sorriso. Quem percebe, percebe. Quem não percebe vai-se rir quando perceber ou então nunca lá irá chegar. O Rubber não é um fim, mas um meio – mais um que se tenta distinguir no meio de tantos outros. A Gamescom deste ano 2015 foi uma das melhores experiências que tive na minha vida e que nunca me irei esquecer – cada dia, cada noite, cada galináceo, colega dos media, RP ou dev com quem estive – todos plantaram raízes na minha memória. No Rubber, temos plena consciência de que somos uma merda. Mas, bolas, eu adoro esta merda!

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Ricardo Correia

O Rubber Chicken surgiu numa altura completamente inesperada da minha vida. Já há muito que escrevia, e que me debruçava sobre os videojogos e outras paixões que me cercam, mas nunca tinha pensado em fazê-lo sem ser no conforto do meu blogue com uma ou duas leituras por artigo. Escrever era, e é, um exorcismo, uma forma de controlar e adestrar tantos turbilhões internos. Escrever sobre videojogos era uma consequência desse turbilhão, dessa exasperada voz que sempre tive cá dentro para com um meio que me acompanha há 26 anos.

Soube pela minha mulher que o Rubber Chicken estava à procura de redactores. O Rubber Chicken, esse site meio diferente (?) que acompanhava religiosamente enquanto leitor, e que guardava no histórico entre outros sites de referência que tinham o condão de me por a reflectir, sozinho com os meus botões e os meus fantasmas, sobre um meio que estava a chegar à idade adulta. Submeti dois textos, e como o site estava com o déficit de “nintendistas” eu e o João Ortega fomos os escolhidos por entre uma série de candidatos. Daí até aos dias de hoje…bem…isso é uma história relatada, publicada e consultável.

É verdade o que o Isaque disse, que acabámos por criar um grande elo ainda que muitos de nós não nos conhecêssemos previamente. Temos uma voz poliftónica, um pensamento harmonizado muitas vezes pela dissonância, mas temos também uma união que nunca esperei encontrar. Também nunca esperei conhecer e relacionar-me com alguns dos meus ídolos dos videojogos, ou frequentar eventos internacionais de videojogos.

O Rubber Chicken tem sido uma viagem mágica, exaustante, animadora, surpreendente. Uma viagem que espero que se prolongue para além destes quatro anos e que continue a surpreender-me a cada esquina, a cada mês que passa. E que o Rubber cresça, assim como diariamente crescemos com ele e entre nós.

Eu e o Rubber Chicken temos uma dívida mútua um para com o outro. Mas nenhum de nós quer ceder ao outro. Preferimos continuar nesta simbiose homem-galináceo. Não sei onde termina um e começa o outro.

Power of Words