Ataque dos Clones #39

Pelos vistos a moda do retro está de boa saúde e recomenda-se. Neste Ataque dos Clones trago-vos uma notícia em português mas do outro lado do Atlântico. Pois é meus amigos, a Tectoy, aproveitando o crescente mercado retro, anunciou o lançamento de uma nova versão da Mega Drive! 

Ao contrario das atuais versões da ATGames e da Blaze, esta é uma versão de tamanho e hardware reais. Aqui não há emuladores nem comandos wireless! Esta é uma versão feita nos moldes originais com o chip desenvolvido pela Tectoy numa altura em que a Sega ainda desenvolvia consolas domésticas.

Mas como tudo na vida, fazer mais do mesmo não é inovar, e neste sentido a Tectoy não se limitou a fazer uma Mega Drive exatamente igual à original. Nesta versão as grandes diferenças são: a saída de vídeo composto pela primeira vez com áudio em stereo de origem e uma entrada para cartões micro SD que pode ser usada para jogar ROMs!

Sim ouviram bem… ESTA CONSOLA PERMITE JOGAR ROMS NO HARDWARE (SEMI)ORIGINAL!!!!

Mas nem tudo são boas noticias. Com a eliminação da saída DIN, deixamos de ter disponível uma saída direta RGB. O preço também não é muito convidativo, sendo que em fase de pré-venda anda na casa dos 110€ (acresce ainda portes de envio que não são baratos…façam contas aí para, pelo menos 40€).

Vamos então fazer uma lista dos prós e contras – com as ideias organizadas, a decisão torna-se mais fácil:

Prós:

  • Hardware original (da Tectoy, uma vez que os chips usados pela Sega já não se fabricam)

  • Compatível com jogos US e EU

  • Saída AV em Stereo

  • Leitor de cartões micro SD

  • Transformador embutido e capaz de suportar 110/220V

Contras:

  • Sem possibilidade de usar um sinal RGB sem modificar a consola.

  • Apesar do hardware ser region free, devido à entrada de cartuchos, não é possível usar os cartuchos japoneses sem um adaptador

  • Não é compatível com o hardware antigo (Game Genie, Sega CD, Power Base Converter, 32x, Meganet, Activator, Mega Mouse e multitaps)

  • Não permite jogar cartuchos com chips especiais como Virtua Racing e Sonic & Knuckles.

  • Só traz um comando de 3 botões.

  • Preço 110€ + portes.

Conclusão:

Ficamos sempre contentes quando vemos uma das consolas mais marcantes da nossa infância renascer. É uma espécie de viagem no tempo que nos faz sentir quentinhos por dentro. Mas a verdade é que já não somos crianças e a nossa exigência de adultos leva-nos a esperar um pouco mais de uma nova iteração de algo que já existia.

Infelizmente e apesar do entusiasmo inicial, achamos que a Tectoy perdeu uma excelente oportunidade para se demarcar da concorrência e conquistar o mercado internacional. Nos dias que correm, seria essencial uma saída HDMI com sinal RGB, 2 comandos de 6 botões e uma entrada de cartuchos que permitisse aos jogadores usarem o hardware region free!

Tudo o resto pode ser colmatado – os jogos com chips especiais poderiam ser jogados usando as suas ROMs no cartão micro SD e quanto ao restante hardware, passaríamos bem sem ele.

Assim sendo ficamos com a sensação de ser uma consola cara de mais (tendo em conta o preço da consola + portes) para aquilo que nos dá. Se assumirmos que iremos gastar 150€, (preço de pré-venda 110€ + 40€ de portes) ficaríamos melhor com uma Mega Drive original usada, 2 comandos de 6 botões, um cabo RGB e um Everdrive e ainda teríamos dinheiro para um saco de pipocas!

E como diria o meu amigo Rolando: “Não é bom, não é mau, é o que temos!!!”