Peço desculpa, queria dizer Doutor! Sou Doutor, ou pelo menos tenho mania que sim.

Bom… os meus próximos textos desta rubrica vão ser dedicados a um estilo que encontrou a casa perfeita na Nintendo DS, de tal modo que não só a minha primeira entrada aqui foi sobre o meu favorito, como a do Ricardo também. Quando juntamos dois Rapazes Ventoinha enormes e lhes dão rédea solta para escreverem sobre o que quiserem na sua temática de eleição e ambos vão para o mesmo estilo (não que seja estranho connosco já que temos gostos muito semelhantes) deve ser porque há algo especial nestes jogos.

Obviamente se vou falar nas melhores visual novels que deram ares de sua graça na Nintendo Infinite Space e toda a saga Phoenix Wright já falados vão ser colocados de parte mas nunca esquecidos. Esquecidos vão ser a enormidade de títulos que nunca saíram do Japão pois cobrem um mercado muito específico, dos que vão aparecer nas próximas semanas o primeiro é aquele que acredito ter aberto as portas para todos eles.

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Trauma Center: Under the Knife não é só um bom jogo e uma boa visual novel por direito próprio, como foi uma espécie de exemplo do que podia ser feito de modo diferente na portátil de ecrã duplo da Nintendo. Já muitas vezes disse que por mais que goste das suas consolas e das suas inovações ou diferenças da jogabilidade clássica muitas vezes os developers (in-house e não só) exageram no que diz respeito à sua utilização passando rapidamente aquela fronteira ténue de feature para gimmick. No caso da DS o touch screen foi muitas vezes abusado nos estilos mais absurdos, lembro-me por exemplo de um jogo do Spiderman em que tudo era controlado com touch, do movimento à luta que era estúpido.Já Trauma Center mostrava como e onde ele podia ser bem utilizado.

No que diz respeito ao enredo não foge muito ao clássico japonês onde estes jogos são característicos, um jovem que tem uma capacidade especial e se encontra no meio de uma intriga internacional. Trauma Center podia ser uma visual novel banal, igual a tantas outras mas como se concentra no campo da medicina porque Derek Styles, o nosso personagem, é um cirurgião e a parte final de cada nível é passada numa sala de operações onde temos que salvar um doente faz com que o jogo ganhe um interesse diferente.

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A história é passada pelos diálogos e imagens típicas num estilo Manga/Anime. Se em Infinite Space tínhamos as batalhas e em Phoenix Wright os julgamentos, neste somos confrontados com situações nas quais uma cirurgia é necessária. No ecrã táctil da Nintendo DS podíamos utilizar todas as ferramentas para executar a nossa tarefa: de bisturis a seringas, esponjas a analgésicos entre outras. A jogabilidade era intuitiva, os movimentos que tínhamos que fazer no ecrã naturais e lógicos, até a parte mais fantasiosa fazia sentido ali. Muitos jogos na DS, especialmente no início eram invulgares, especialmente quando ninguém sabia bem o que fazer com aquilo e tentavam enfiar a martelo tudo o que era possível do equipamento, microfone, ecrãs, touch screen, portabilidade e mais coisas se o tivessem. Mas Trauma Center soube restringir a sua potencialidade e fazer apenas aquilo que podia fazer bem deixando o jogador totalmente imerso num ambiente em que pela primeira vez podia simular uma operação.

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Olhando para trás, mais de uma década se passou e Trauma Center: Under the Knife já não é o jogo brilhante que foi na altura de seu lançamento, mas ainda é um óptimo jogo e foi um pioneiro que desbravou caminho para outras Visual Novels e várias experiências muito bem sucedidas da Nintendo como Professor Layton ou Ghost Trick que dificilmente funcionariam noutra plataforma. No campo da medicina, também abriu portas para outras investigações.