Estou velho! Dói-me o joelho, dói-me parte do antebraço, dói-me a parte interna de uma perna e parte amiga da barriga, que fadiga!

O Elixir da Eterna Juventude tanto é um dos maiores êxitos do grande Sérgio Godinho como é um nome perfeito para uma carta num dos milhentos Tactical Card Game (TCG), tal como Magic the Gathering ou no caso do texto de hoje, Yu-Gi-Oh Duel Links.

A introdução não foi escolhida por acaso, tem bastante a ver com o jogo em si e tudo em sua volta porque eu estou mesmo velho, preferia que não o fosse mas faço parte de uma espécie em vias de extinção. Eu, alguns dos membros aqui da capoeira e grande parte dos nossos leitores mais fiéis. Pessoas que ao contrário de grande parte do mercado preferem jogar a ver jogar, acham melhor ler sobre do que ver vídeos, e acima de tudo ainda gostam de ver um bom jogo com uma campanha singular sólida a tudo investido no multiplayer online. Eu não tenho nada contra jogos multiplayer, grande parte da minha educação de videojogos foi feita em multiplayer, mas de uma forma física e pessoal, com vários comandos na mesma consola ou vários computadores ligados na mesma divisão, as velhas lan parties

Flat Screen é para meninos!

E na verdade TCGs precisam de um componente online hoje em dia, não há nada como um bom adversário humano que tem aquele pequeno toque de imprevisibilidade que uma I.A. não consegue ter para nos manter alerta e de vez em quando dar uma boa surpresa. Mas infelizmente como o mercado agora é todo focado em multiplayer vejo cada vez menos jogos em que a equipa de desenvolvimento dê algum conteúdo ao modo singular, a desenvolver uma história e um jogo para aqueles de nós que simplesmente não querem ou não gostam de jogar online a maior parte do tempo. Ainda há pouco falei de um jogo quem que isso acontecia, mas os TCG são o caso mais grave a meu ver porque são os que têm mais potencial para os dois campos, tal como Astro Boy é um exemplo do que deveria ser feito.

Eu já joguei muito TCG real, e já joguei muitos digitais, lembro-me de Magic: The Gathering (1997) e não sei quantas horas e dias da minha passei a jogar The Eternal Duelist Soul e Duel Academy. É por isso que quando olho para Yu-Gi-Oh Duel Links fico com pena porque perde a essência dos bons jogos da franquia que deve andar a manter a Konami fora do vermelho financeiro há mais de duas décadas.

Os cabelos mais artisticos da ficção Japonesa

Há outras opções no mercado para quem quer um jogo mais focado em single player ou que pelo menos dê essa opção como Magic 2015 e as expansões Duels of the Planeswalker mas tal como em Magic Duels, a vertente mobile veio estragar as partes boas do jogo.

Yu-Gi-Oh Duel Links é o port para PC do jogo mobile e deixa muito a desejar. Não é que seja pior que a versão mobile, é que é a versão mobile, só isso. Tudo em Duel Links foi reduzido. Cartas no baralho de 40 para 20, pontos de vida de 8000 para 4000, espaços de jogo de 5 para 3, tipos de cartas e invocações… não temos imensas das mais recentes como XYZ ou Pendulum. Eu entendo que para o mercado onde foi criado o jogo tenha que ter estas adaptações para que fosse mais rápido e exigisse menos atenção ao jogador que apenas quer um duelo ou dois numa pausa, mas no PC, onde nos sentamos com calma para jogar a velocidade é supérflua no meu ponto de vista.

Há 5 espaços mas só podemos jogar em 3. Noutro assunto Lord of D. parece um nome de uma paródia porn a qualquer coisa.

E daí talvez não, talvez seja o que é preciso para vencer no mercado actual de gratificação imediata, provavelmente ninguém quer estar a pensar nas jogadas com calma e quer apenas destruir o adversário num turno. Se é esse o vosso caso, devem gostar de Yu-Gi-Oh Duel Links, se foram de um estilo mais pausado que, como eu, gosta de um jogo táctico a nível individual não perdem nada por testar, é grátis, mas provavelmente vão desistir ao fim de pouco tempo.