Se não podes vencê-los… encontra uma solução criativa para tirar o melhor partido dos tempos que correm. Este é um artigo de sugestão de como colocar Gaming e mineração de criptomoedas no mesmo pacote.

É verdade que para o mundo do gaming as criptomoedas são uma cruz pesada para carregar. Para todos aqueles que não sabem ainda o mining é uma actividade que utiliza o poder de computação dos GPU para animar uma rede de informação e transacções. Esse poder de computação exige, além do material necessário, uma quantidade substancial de energia. Tudo isto é pago, a quem fornece o poder de computação, por meio de tokens conhecidos como criptomoedas.

Então o que é utilizado para montar uma plataforma de mining? Os componentes são os mesmos que utilizamos num PC regular: uma MotherBoard, uma gráfica, CPU, RAM, fonte de alimentação e disco.

Só varia na caixa e na quantidade de componentes. Ao contrário de um PC gamer a mineração não precisa de um processador ultra-competente quer sim algo como um Celeron de 36€, não precisa de 16GB RAM mas sim de 4GB ao preço mais barato possível, quero apenas um SSD o mais pequeno e barato que consiga arranjar (só quero SSD porque os reboots são norma). A caixa é substituída por uma armação metálica que permite pendurar um nº elevado de gráficas através de um pequeno dispositivo de nome riser.

Este é o cenário típico para mineração os valores para uma plataforma começam em cerca de 2500€ e ascendem a 5000€, claro que existem outras possibilidades, mas isto é a norma na mineração. De considerar que estamos a falar de um consumo energético de 800W a 2500W na variante 24/7, uso contínuo o que implica um custo grande.

Preços e mercado

A procura exacerbada de gráficas para mineração cria um problema no mercado, pois quando um produto que é normalmente adquirido em volumes de umas duas gráficas por pessoa, passa a ser procurado em volumes de 6 unidades a várias dezenas por cada cliente.

É óbvio que o mercado se vai ressentir, porém este facto não é novo e temos passado por outros picos de mineração com efeitos semelhantes, seria por isso de esperar que os fabricantes dessem uma resposta cabal ao problema. Algo que fizeram em teoria, tanto AMD como Nvidia anunciaram modelos para mineração, mas apareceram poucas unidades e sem vantagens para quem as compra para esse efeito. Creio mesmo que o resultado acaba por ser o oposto.

Que vamos então concluir destas informações!? Vamos concluir que existem limitações na produção, que nem um nem outro fabricante consegue dar resposta à necessidade do mercado. Entre outros fatores um destaca-se e faz-se sentir em outros aspetos da construção de um PC. É a produção de memórias, esta tem sido problemática nos últimos anos e o problema tem vindo a agravar. Não houve um aumento substancial de meios produtivos para este produto nos últimos anos e a sua procura tem escalado de forma brutal, desde as memórias RAM para PCs, laptops, smartphones, tablets, SSD, gráficas, etc… As gráficas utilizam uma quantidade grande de memória e isto limita a sua produção pela razão mencionada acima.

Situação das gráficas

Neste momento a procura é maior do que a oferta e os modelos de média e alta gama têm visto os seus preços disparar e disponibilidade baixar. Estamos a falar de gráficas como Radeon RX 580 4GB que se está a vender por cerca de 350€ (aproximadamente), e que nesta altura com o tempo que tem em mercado deveria ser encontrada a pouco mais de 250€, temos modelos da série 1000 da Nvidia que já está em fim de vida a venderem acima do valor de lançamento.

Para quem quer montar agora o seu PC Gamer, a vida está complicada porque vai ter uma gráfica de gama média a pagar valores de média alta.

Duas Radeon Vega a trabalhar Gaming ou Mining!?

Solução encontrada

Eu como entusiasta de tecnologia, já há muito tinha tomado conhecimento desta realidade da mineração, mas encontrava-me numa altura em que não tinha nenhuma máquina para este efeito e tinha um PC a trabalhar com uma RX 580 8GB, que é uma excelente gráfica no seu segmento. No entanto tinha planos a curto prazo para aquisição de um Oculus Rift para começar a jogar em Realidade Virtual. Para esse efeito esta gráfica apesar de capaz é um pouco limitada. A solução passava então por comprar uma gráfica mais capaz e aceitar os preços que o mercado me impunha.

Na altura de decidir, ocorreu-me criar uma solução híbrida para o meu problema, decidi comprar duas RX Vega 56, uma fonte de alimentação mais potente e um SSD. Instalei um novo sistema operativo no segundo SSD e montei tudo no meu PC. Com estas alterações acrescentei 1000€ de custo ao meu PC (depois de deduzir o valor da gráfica e fonte anteriores). Desta forma fiquei com um poder gráfico excepcional para jogar fosse o que fosse em FHD e até mesmo 1440p. Entre BF1 a uma média de 108 fps em preset ultra, ou Destiny 2 com130 média em preset very high, CSGO (só porque há muita gente em Portugal a jogar) 253 fps de média com pico máximo nos 199 fps ou finalmente Shadow of Mordor com 100 fps estáveis com tudo no máximo.

Em jogos de VR até agora tudo o que testei correu com facilidade e sem travamentos (que são especialmente penosos neste contexto), fica o aspecto negativo que tenho tido problemas em conseguir usar as gráficas em crossfire.. Este factor deixa-me na verdade muito triste pois queria mesmo ver o poder incrível de computação destas meninas em conjunto, por outro lado em modo gaming estas gráficas consomem demasiada energia para compensar usar o crossfire de forma continuada.

Já em termos de mineração as gráficas conseguem um hash rate notável, com a grande vantagem de conseguir reduzir o seu consumo para 160W por gráfica que é importante visto que o custo eléctrico não é baixo. Para os mais atentos 1800H em monero e 43MH em ehterium (ambas criptomoedas de topo).

Quanto à produtividade em mining e perspetiva de retorno do investimento, posso dizer que não tem corrido mal. Após o primeiro mês, consegui 115€ (sempre valores aproximados devido a volatilidade da moeda), gastei cerca de 30€ em energia.

Foi um mês com muitas paragens devido a festas e afins por isso conto que seja em média um pouco melhor. A estimativa mensal, com energia paga e considerando as horas que está parado para eu jogar, são cerca de 170€ líquidos. Entretanto desde o inicio do projecto e deste artigo as coisas mudaram nos mercados de criptomoedas  e neste momento os valores que menciono não estão válidos. Mas a volatilidade, como sabemos, é a alma deste negócio, ainda que acredite que mais cedo ou mais tarde existirá uma recuperação.

O que eu pretendo com este projeto, é recuperar o investimento em gráficas e ficar com uma máquina muito mais potente. Sendo que o valor em questão são 1000€ a expectativa é de conseguir, em menos de um ano, não só pagar o investimento como tirar algum lucro. Pela experiência que tenho sei que se for paciente e vender corretamente as minhas moedas mineradas, consigo superar as minhas próprias projeções.