
Sou muito tendencioso quando escrevo sobre Xenoblade Chronicles, e não será excepção agora que irei escrever sobre Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition, porque noto perfeitamente o que tem de mau, mas empurro-o para debaixo do tapete porque fico encantado por tudo o que tem de bom.
Muito do que tem de bom é atribuível à forma como a Monolith Soft consegue espremer a Switch para apresentar um mundo tão grande, bonito e cheio de vida, que rapidamente se enche de missões que adoro fazer, mas que muitas vezes se escondem atrás de pré-requisitos que me fartei de tentar perceber, que me levou a deixar um batalhão delas por fazer.
O sistema de luta tradicional deste JRPG, a meio caminho entre batalha por turnos e acção em tempo real é um dos seus pontos fortes, e adoro-o. Em Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition os elementos da nossa equipa até nos pedem combinações de ataques, mas isso implica que passamos dezenas de horas a ouvir as mesmas frases.

Gosto imenso da complexidade dos sistemas, de todo o grind que temos para descobrir loot, levando a uma progressão gradual e muito satisfatória, que infelizmente aparece nos é apresentada através de um tutorial atroz, de uma complexidade desnecessária, com tanto texto que ponderei reler “Em busca do Tempo Perdido”, todos os 7 volumes de Proust, talvez fosse mais rápido. Também foi nessa luta de textos que me apercebi que já me custa ler as letrinhas que aparecem no ecrã. Estou velho…
A enorme liberdade que o jogo nos oferece com o equipamento é de louvar, mas ter de procurar através de listagens intermináveis de novas peças de vestuário ou armas para encontrar a que queremos, ou retirar aquele ponto vermelho que nos diz que temos uma que ainda não vimos? E não esqueço que tive mais de 20 horas com um que nunca descobri, até que a determinada altura resolveu desaparecer.
Que outro jogo oferece na Switch uma exploração tão épica como Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition? Com uma história e estrutura de missões principais tão bem escritas? Com o aborrecimento de frequentemente nos aparecer um inimigo com mais de 10 níveis que nós e acima dos requisitos da missão sempre a meio do caminho que nos ataca a milhas de distância e nos mata invariavelmente?

E esta é a versão cheia de melhorias de qualidade de vida, pelo que dizem.
Adorar Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é isto mesmo, estar preparado para o agre e para o doce, escolhendo a parte que mais nos convém. Eu prefiro o doce, de muito longe.
Prefiro o doce por vários motivos. Porque o nosso protagonista silencioso dá espaço a todos os outros personagens contem a sua história e cresçam conforme o tempo vai passando.
Prefiro o doce porque adoro detalhes como a fauna de Mira, o planeta onde decorre a acção, pode ser dócil ou agressiva, mas se estivermos dentro de um mech, os Skells, essas posturas podem mudar, ou se for de noite existirem diferentes animais a passear.
Prefiro o doce porque posso mudar os elementos da minha equipa a qualquer altura, apenas porque gosto mais de estar com outro, mas que todos vão subindo a experiência.
Prefiro o doce porque a exploração é muito rápida de fazer, e pouquíssimo intimidante.
Prefiro por muito mais coisas.

Xenoblade Chronicles será sempre uma franquia especial. O facto de ter passado bastante despercebida indica isso mesmo. Primeiro que continua a ser um jogo de nicho dentro do portefólio da Nintendo, em segundo que os seus fãs não precisam que ninguém lhes diga que o jogo é bom, mesmo tendo as suas peculiaridades. Vão comprá-lo, não interessa como seja.
A Switch tem sido uma boa montra para jogos que anteriormente apenas tinham encontrado a sua casa na Wii U. Era uma pena não oferecer Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition a um auditório muitíssimo mais vasto que o da consola onde foi lançado. Estava a ver que iria sair a Switch 2 sem isso acontecer. Felizmente não aconteceu.
Sou tão parcial com esta franquia que, para mim, Xenoblade Chronicles X: Definitive Edition é um jogo quase perfeito, apesar de ter passado um terço do texto a dizer que me irritava, mas pensando bem, isso fará alguma diferença? Nadica de nada!













