Para quem vem da ensolarada costa lusitana o Verão de Colónia é tudo menos agradável. Mas para o Mario, o ex-canalizador italiano, com morada fiscal no Reino Cogumelo, o Estio alemão pode ser o que mais precisava para se manter na sombra das atenções. É certo e sabido que as férias de Mario, Luigi, Peach e companhia correm sempre mal, com raptos e ameaças de fim-de-mundo à mistura, e com tanta azáfama e tanta correria, o mais normal é que a mascote da Nintendo queria proteger a sua imagem dos paparazzi e da exposição pública. Ficando por isso o ónus de levar a marca a bom porto, qual timoneiro virtual da empresa nipónica, a cargo de outros IPs. O que acaba por encaixar na perfeição com a postura mais sóbria e recatada que a Nintendo adoptou, sem levantar grandes alaridos e sem grandes espectáculos, a tentar elevar as vendas da Wii U com um catálogo que começa a ser promissor, e que adivinha um grande final de 2014 para a consola, e um ainda maior 2015.

O stand da Nintendo na área de business acabava por destacar-se das restantes companhias: ao invés de marcações mais rígidas para experimentar os seus títulos, a empresa limitava-se a dispor de uma guestlist para uma área fechada com bar aberto, onde uma série de 3DS’ e Wii Us tinham disponíveis os títulos para demonstração. Sem grandes alterações ao alinhamento apresentado na E3, que compreendia Theatrhythm Final Fantasy, Fantasy Life e Monster Hunter 4 para a 3DS, assim como Captain Toad, Mario Maker, Yoshi’s Wooly World e Bayonetta II para a Wii U, os quais tivemos a oportunidade de jogar com todo o tempo do mundo, enquanto conversávamos com a equipa da Nintendo que falava com alegria dos próprios jogos. Alguns destes jogos têm já a sua data de lançamento para muito breve, o que nos deixa espaço para falar dos que mais nos surpreenderam no stand da Nintendo na Gamescom:

 

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Super Smash Bros

Há um estranho déja vu a jogar SSB. Por breves momentos esqueci que estava a jogar o novo jogo da série e não o anterior lançado para a Wii. Enquanto dizimava os funcionários da Nintendo com os ataques fofos e mortíferos do Kirby1, a diversão intrínseca à série impediu-me de pensar neste conflito tão flagrante entre falta de, e margem de evolução neste novo jogo. Não queria que o jogo fosse diametralmente oposto, e por muito que pense em torno disto não consigo pensar em formas de o inovar. Mas será que este SSB é apenas o anterior em HD e com novos personagens? Teremos de esperar pelo final do ano para perceber mais a fundo, mas até já fica apenas uma certeza: SSB está igual a si próprio. O que significa aproximadamente 2.000 t de diversão condensada.

 

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Sonic Boom

Depois do autêntico suicídio de imagem que foi o anterior Sonic, Sonic Boom partia nesta corrida com uma dose tão baixa de expectativa, equivalente à esperança de alguém que vê os MTV Video Music Awards na esperança de nos dias de hoje encontrar alguma relevância musico-cultural no meio daquilo tudo. E o que acontece (menos vezes do que deveria) quando as nossas expectativas em torno de algo são baixas é que a fronteira da nossa surpresa é rapidamente alcançável. E com Sonic Boom, para além da quase anorexia nervosa do protagonista e que potenciou muitos quilómetros de texto online, percebemos que o segredo para devolver alguma qualidade ao ouriço azul passaria por não imitar as mecânicas de outras séries que marcaram a história dos videojogos pela sua inovação. E que apesar de não ser o jogo 2D que (acho) todos ansiamos, está vários passos acima do seu antecessor. O que não era uma tarefa difícil convenhamos…

 

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Splatoon

O jogo da Nintendo que eu mais ansiava jogar. Que não só ficou em segundo lugar no top que fiz dos jogos que mais me entusiasmaram na última E3, assim como foi para mim a grande revelação do Nintendo Direct destinado a esse evento, e cujo factor diversão estava em plena avaliação da minha parte. E o resultado final? Splatoon é bem mais divertido do que esperava e surpreende pela forma criativa com que a Nintendo conseguiu mover-se por terreno inóspito e pantanoso (e escorregadio, pela viscosidade da tinta) de um género que está fora do seu campo de acção, e dar-lhe simultaneamente o cunho e o selo da marca, como inovar, trazendo uma gigantesca dose de diversão. Resta saber se para as vendas da Wii U se após o lançamento deste enorme jogo teremos jogadores suficientes online para mantê-lo vivo. É que ver uma lula desta qualidade a definhar por falta de utilizadores é coisa para deixar o nosso-Senhor-Cthulhu algo aborrecido. Salvé geniais cefalópodes.

1 esta frase deve ser lida e acompanhada com uma sacudidela nos ombros, como quem limpa a caspa do casaco