Livro de leitura obrigatória

The Book of Unwritten Tales 2 foi um dos jogos que marcou a minha ida a Colónia. Não só ficou em quinto no meu top de todo o certame, como conseguiu prometer-me uma das aventuras gráficas mais completas da história do género. Mas teriam as minhas expectativas sido colocadas no cavalo certo?

É claro que existe uma gigantesca diferença entre apreciar um jogo durante uma apresentação num festival de videojogos e poder calmamente saboreá-lo no conforto da nossa casa, ao nosso ritmo, tendo um olhar crítico sobre cada aspecto que o compõe. Em traços gerais a ideia que nos ficou estabelecida sobre o deslumbramento da apresentação visual de TBoUT2 foi cimentada pelo seu lançamento no Steam em Early Access. O projection mapping usado para criar os cenários permitiu à equipa da KING Art produzir uma das aventuras gráficas visualmente mais detalhadas e surpreendentes de que há registo, e trazer uma qualidade visual que poderíamos facilmente associar a(o bom) cinema de animação.

The Book of Unwritten Tales 2 03

É por aqui que se vai para a casa do Pai Natal?

 

Como já tinha sido anunciado, TBoUT2 foi lançado quase de forma episódica. Tal era a ansiedade da sua falange de apoio em jogá-lo, que os seus criadores, e a Nordic Games, decidiram publicar já os primeiros capítulos de um jogo que assume a sua vontade de ser uma das mais longas aventuras-gráficas de sempre, com aproximadamente vinte horas de história.

The Book of Unwritten Tales 2 02

Mas mãe, a sério que não quero ir para a Casa dos Segredos!

 

Nestes primeiros capítulos contactamos com o regresso dos seus protagonistas: por um lado a princesa élfica Ivo, o pequeno feiticeiro Wilbur Weathervane e o humano Nathaniel Bonnet. As peripécias que ambos encontram, e em especial os diálogos que Ivo tem com o peculiar jardineiro do seu castelo (um ent bonsai) fazem-nos ter uma vontade gigantesca de dispararmos spoilers para todos os lados. O argumento, os diálogos e o humor deste jogo são de um nível de excelência tal, que enquanto jogava TBoUT2 debatia-me com a necessidade de partilhar com amigos algumas das linhas de diálogo e alguns dos pormenores de cenário que encontrava pelo jogo.

The Book of Unwritten Tales 2 01

Um pequeno grande homem num grande pequeno mundo.

 

The Book of Unwritten Tales 2 poderá vir a ser uma das minhas aventuras-gráficas favoritas, e visto que ainda não foi lançado na íntegra (e apenas sê-lo-á no próximo ano) é já um dos jogos que mais anseio para 2015. O humor inteligente, culto, com diversas camadas de compreensão está a anos-luz de alguns de abordagens à la Malucos-do-Riso-escas que alguns jogos do género têm tido. É que TBoUT2 sabe sugerir, de formas mais ou menos subtis, uma série de referências da cultura pop e fantástica que são verdadeiros tesouros ao serem descobertos/reconhecidos.  E claro, apresentar o visual mais deslumbrante que o género alguma vez teve, criando mundos de fantasia onde os personagens deambulam de forma coerente. E terá possivelmente o melhor rácio de qualidade/horas de diversão e conteúdo de qualquer aventura-gráfica. Para quem adora aventuras-gráficas é um jogo obrigatório. E sim as aventuras gráficas regressaram ainda mais fortes, e riem do alto da sua qualidade para todos aqueles que desdenharam da sua existência.

The Book of Unwritten Tales 2 é um exclusivo PC.