A costumeira pancadaria

Quando jogámos este Super Smash Bros. Wii U pela primeira vez, no stand da Gamescom da Nintendo, houve um estranho déja vu sobre o jogo. Nem dois minutos tinham passado sem que a minha atenção se tivesse desvanecido na concentração de todo o caos típico de SSB. E nem sequer havia margem para pensar que estava a jogar um novo título: ali, naquele momento, estava a jogar a uma partida do meu SSB Brawl, absorto na diversão pura que a série sempre me trouxe. E o déja vu espreitava ali não como a uma crítica ou a uma sensação de enfado, mas como o reconhecimento automático de que este jogo mantém a fórmula que me fez jogar todos os jogos da série sem saltar nenhum, e de ser um dos mais divertidos party games que eu e o meu grupo de amigos de longa data possuímos.

Apenas há um mês atrás, aquando de uma visita ao showroom da Nintendo é que percebemos que existe aqui muito mais inovações do que “apenas” ser o SSB para a Wii U. Começamos por falar, obviamente, da possibilidade em algumas arenas de termos oito jogadores em simultâneo. Para qualquer humano que nestes quinze anos contactou com algum dos quatro jogos da série, fica a certeza do caos inerente a ter quatro personagens a esbofetearem-se e a tentarem efectuar um sem número de smashes uns nos outros. Com demasiadas coisas a acontecer no ecrã, qualquer jogador com ADHD-I* sentir-se-ia automaticamente perdido, pousando o comando e fixando o olhar no aquário mais próximo. Para todos os outros o nível de concentração tem de estar acima dos Concursos de Olhares: em que qualquer pestanejo pode significar levarmos com um valente smash nos queixos. A possibilidade de cada um escolher o periférico que melhor se ajusta às ua forma de jogar (entre Wii U Game Pad, Wiimote, Wiimote + Nunchuk, Gamecube Controller, Classic Controller, Classic Controler Pro, 3DS e uma banana) terminam de vez com a incapacidade de qualquer um em jogar e de culpar, tristemente, os comandos. Este caos, pluralidade e diversão de SSB Wii U duplicado com oito jogadores eleva a série para outro nível e faz dele o derradeiro party game.

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O meu corpo está pronto…para a porrada.

É verdade que nas típicas catalogações que fazemos, Super Smash Bros. Wii U é um fighting game, mais especificamente um do subgénero brawler. Mas consegue simultaneamente conter todos os ingredientes de um jogo de festa: é extremamente divertido, altamente inclusivo (especialmente com esta expansão para oito jogadores), garante horas infindáveis de animação e alimenta as salutares picardias entre grupos de amigos. A exponenciar este factor mais “festivo” encontramos em SSB Wii U uma série de modos de jogo e desafios que aproximam a jogabilidade à dos jogos de tabuleiro o que garante também essa aproximação multijogador.

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Que o caos…comece!

E falando na questão do pluralismo dos jogadores em SSB Wii U, que é obviamente o cerne de todo o jogo, temos também aqui alguns modos de single player para usufruir. É claro que falar de modo single player num jogo como SSB Wii U significa uma de três coisas: a primeira é que somos socialmente inadaptados e não temos um único amigo real, e que temos de nos contentar em desabafar as nossas frustrações quotidianas nos braços peludos do Donkey Kong. O segundo é que de alguma forma vivemos num bunker sem acesso à internet, e também não conseguimos usufruir do jogo contra jogadores (idiotas)*1 aleatórios pelo globo. E por fim, e talvez o único ponto positivo dos três, é se estivermos em sessões de treino, qual Little Mac que se prepara para o decisivo combate de boxe.

Apesar de termos este SSB Wii U na nossa posse há já algum tempo, e passadas um número de horas incontáveis, sentimos que deveríamos esperar pelo lançamento de duas características do jogo, e que foram lançadas no dia de lançamento: a componente online e os amiibos. E é em especial nas potencialidades dos amiibos que nos vamos focar.

Os amiibos não são mais do que figuras coleccionáveis com uma tecnologia NFC (near-field communication), e que permitem transferir alguns dados para alguns softwares específicos. No caso podemos treinar uma figura amiibo em SSB Wii U como um mestre Jedi treina um pueril Padawan. É que para além de evoluírem até nível cinquenta de experiência, as figuras amiibo aprendem estilos de jogo ao mimetizarem alguns truques e formas de jogar que o seu proprietário. Um amiibo pode tornar-se o sidekick perfeito e o mais duro osso de roer: é que em nível máximo, com uma série de truques aprendidos (e apreendidos) e as customizações que podemos atribuir associadas a equipamento desbloqueável, e um amiibo de nível máximo é o melhor jogador de SSB que poderemos defrontar. Um caso prático em que o discípulo não só ultrapassa o Mestre, como lava o chão com a sua cara enquanto preenche as papeladas da entrega trimestral do IVA. E sim, na visita à Nintendo todos nós sofremos com o terror de um Amiibo em nível máximo. E ficou da última Gaming Zone o Ultimate Challenge para qualquer jogador de SSB, e que é bem pior do que jogar contra coreanos e os seus reflexos super-humanos: combater sozinho contra sete amiibos em nível máximo. Ui…

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Da esquerda para a direita: Megaman Laranja, Adriano, Zelda, Chalana, Anemia-Bulimia, Bela Adormecida, Denver, Hello Transgender Kitty.

Admito que de todas as capacidades técnicas da Wii U, havia uma que me deixava de pé atrás, e que era simplesmente o seu comportamento com oito jogadores em simultâneo. Seria a consola capaz de manter a sua fluidez em Alta-Resolução com oito personagens em simultâneo sem engasgos dos seus componentes? Para surpresa minha, e de todos os que já contactaram com o jogo a resposta é simples: sim. A Wii U consegue suportar na perfeição todo o detalhe visual e dinamismo de objectos e efeitos no ecrã sem suar as “estopinhas”. E agora vou só ali à Wii U dar-lhe duas festinhas no chassi em sinal de aprovação. Linda menina!

O melhor: a expansão para oito jogadores, os diversos modos existentes, o detalhe visual, o maior elenco até à data, ser a melhor introdução aos amiibos que a marca poderia desejar.

O pior: continua a ter uma difícil “entrada/introdução” para jogadores novatos.

Super Smash Bros. Wii U é o melhor título da série até hoje. É verdade que adianta pouco ao que foi feito anteriormente, mas soube manter a genialidade típica da Nintendo: reconhecer uma fórmula, trazê-la para os dias de hoje, adicionar algumas mecânicas/potencialidades suportadas pelo hardware e juntar tudo num pacote fiável. Se é o melhor por ser o mais recente? Sim. E porque reflecte bem o que é manter o espírito base de uma série, respeitá-la, e criar uma sequela de excelência. E acima de tudo porque consegue duplicar a diversão e o caos do combate típico de SSB. E não há, de certeza, melhor party game que este.

https://www.youtube.com/watch?v=yLYoaQlp_pc

Super Smash Bros. Wii U é exclusivo da……..Wii U.

* Distúrbio do déficit de atenção sem hiperatividade

*1 Se apanharmos um jogador realmente bom e formos fuzilados, isto deve-se ao lag, ou ao nosso adversário ser um idiota, ou a ambos.