A comunidade paleontóloga aqui da minha casa (que é constituída apenas por mim) está em total surpresa: após algumas semanas de escavação foi possível reunir aquelas que são as ossadas de uma nova espécie de dinossauros ao qual a comunidade científica da minha casa (leia-se eu) apelidámos de Stercusaurus (réptil de esterco, na tradução latina) e que pode ser encontrado no seu ambiente natural, a 3DS, sob a forma de Fossil Fighters: Frontier.

Este artigo era suposto ser uma análise ao mais recente jogo da série Fossil Frontier, criado pela Spike Chusoft/Red Entertainment, mas como a nossa política editorial garante ao leitor que apenas analisamos jogos que terminámos, ficamos apenas com um artigo de opinião. Porque para vos ser totalmente honesto, Fossil Fighters: Frontier é tão mau, que não mereceu o sofrimento de estar com ele em mãos por mais de duas horas.

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Eu pensava, do fundo do coração, que este era daqueles jogos em que com toda a certeza eu ia adorar. A paleontologia é uma paixão antiga, bem antiga, que me motivou meses de leitura quando aprendi a ler em 1989. Atrás dessa paixão veio o gosto pela etimologia que me ficou até aos dias de hoje. O Jurassic Park em 1993, a acompanhar a tradução que já adornava as prateleiras lá de casa desde 1991 do livro do mesmo nome do Crichton, e que me ajudaram, acompanhados da série Dino-Riders, a ter uma paixão que demorou a passar. Na escola muitos dos colegas queriam ser astronautas, polícias, médicos. Eu logo na primeira classe queria ser paleontólogo e mantive essa ideia até à adolescência, muito graças à história de vida da rivalidade de dois paleontólogos Othniel Marsh e Edward Drinker Cope, que era uma das minhas histórias favoritas, e que preenchia o meu imaginário, até que a dura realidade da vida me destruir os sonhos de um dia ser paleontólogo. Isso e o crescendo do meu Transtorno Obsessivo-Compulsivo e a grande reticência que tenho em apanhar Sol, e mexer na terra. Fossil Fighters: Frontier também me destruiu os sonhos e as expectativas. Afinal a certeza de um cruzamento entre paleontologia e Pokémon tinha tudo para dar certo não era? Errado.

Em Fossile Fighters temos de conduzir um veículo chamado Bone Buggy pelos mapas, e tentar, através de scan, encontrar zonas para escavar ossadas de Vivossauros (como se chamam os dinossauros aqui). O mini-jogo da escavação propriamente dita é engraçado quando o jogamos a primeira vez. A partir da segunda escavação já só nos apetece ter um botão que o faça automaticamente ou simplesmente trazer aquele pedaço de rocha às costas para casa com o osso enfiado.

O enredo é o esperado: facção maléfica, vivossauro super-poderoso, criança que vai salvar o mundo (nós), amigos para ajudar, bandidecos para derrotar, criaturas para coleccionar. Nada de surpreendente. Uma fórmula testada e que funciona. Onde é que FF:F nos cria um desejo incontrolável de assassinato e/ou de ficar feliz dos dinossauros estarem extintos e do neologismo vivossauro ser algo circunscrito? Nos combates. Os combates são tão atrozes, demonstram tanto uma tentativa dos criadores em fazerem algo mais “complexo” do que a simples fórmula dos JRPGs de escolher uma acção por turno, com a possibilidade de escolhermos support shots e outras habilidades.

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Corridas de buggy, escavações repetitivas e monótonas, combate complexificado porque sim, diversão mínima. Aparentemente com uma fórmula de dinossauros + Pokémon é mesmo possível falhar. Perguntem a este Fossil Fighters: Frontier que logo terão a resposta.

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Como não terminei o jogo acredito que conseguimos vencer os “maus” com a ajuda dos nossos vivossauros e que depois podemos escavar uma criatura lendária. Nada de novo aqui, ou aliás, o que há de novo não faz sequer jus às alterações da fórmula. Querem coleccionar criaturas e jogar a algo realmente bom? Apostem em Pokémon X e Y, Puzzles & Dragons Z ou esperem alguns meses por Yo-Kai Watch. A menos que tenham algum carinho por este Stercusaurus. Adoptem-no então. Não se esqueçam de levar um saquinho de plástico quando o levarem à rua para passear.