Nota do Redactor: Tradicionalmente no Rubber Chicken escrevemos análises apenas após a conclusão do jogo. As minhas antevisões costumam ser muito menos detalhadas que esta, o que faz com que, segundo os meus olhos, a única coisa que me impeça de chamar a este artigo de Warlocks vs Shadows uma review seja efectivamente o facto de não o ter terminado. Independentemente do que isto é, aproveitem.

Muitas mães angolanas que tiveram filhos de portugueses acabaram separadas das crianças e sem nunca mais saber delas, quando os pais as trouxeram para Portugal. Há mães que nunca se conformaram e sempre que um familiar vem para Lisboa, pedem-lhe que procurem os seus filhos.

Por isso, Nicolau saiu do seu país com uma missão: Localizar a prima Otília. Ela veio com o pai em 1975 e a mãe, e lá em Luanda, há muito que não tem notícias.

Antevisão de Warlocks vs Shadows –

    – Lopo AC feat. MC Leo & ChickenLoverCorreia

A entrada a pés juntos desta forma sentimental deve-se, principalmente, a tanto o jogo de que vou falar hoje e o programa que me recordo que esteve no ar na década de noventa se encontrarem no seu conteúdo. Para os que não são desse tempo, Ponto de Encontro reunia pares de pessoas que se procuravam há imenso tempo e Warlocks vs Shadows, além de reunir Warlocks e Shadows, reune amigos de volta de um host online, através de cada um dos seus computadores.

Warlocks vs Shadows apresenta-se com uma fórmula simples: É um brawler que conta com o roster de 11 Warlocks (5 dos quais desbloqueáveis durante o story mode) que sobem individualmente de nível mediante a vontade do jogador. O jogo ocorre numa sequência de níveis por cada acto (com um boss no final de cada um) e cada nível tem uma sequência de waves de Shadows para derrotar. Conta, como disse, com um Story Mode, Horde Mode (que contam com Single e Multi Player) e Versus Mode (apenas multiplayer).

O título escolhido para Story Mode é discutível já que esta é inexiste, porém é o modo onde ocorre o encadeamento de actos, permitindo jogá-los sequencialmente. Versus Mode consiste em pôr até quatro jogadores (locais ou em rede) no campo para ver quem é o último jogador vivo e Horde Mode consiste em escolher um ambiente de um dos actos e combater um número infinito numerável de vagas de sombras, pela disputa do primeiro lugar nos leaderboards online.

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Muito a acontecer, muito a aparecer no ecrã e, infelizmente, pouco a ser transmitido com sucesso.

O jogo é bastante fast-paced e amigável para principiantes, visto o gameplay tender por vezes para carregar freneticamente em todos os botões (ou qualquer subconjunto dele). Cada personagem tem um set de quatro skills evoluídas individualmente sempre que o nosso Warlock sobe de nível, muito ao estilo de League of Legends. Conta também com itens para equipar (que alimentam os nossos stats de formas variadas e munem a nossa personagem de passivas) e poções para usar durante os combates. Durante o Story Mode, no final de alguns níveis, surgirá uma loja para adquirir e vender itens (comprados anteriormente ou deixados cair pelos inimigos). Durante modos cooperativos também é possível reviver parceiros que ficaram com os pontos de saúde a zero.

A relação do Rubber Chicken com Warlocks vs Shadows foi, acima de tudo, saudável. Isto pois foi jogado de forma séria em diversas sessões, porém, foi abandonado depois de nos certificarmos diversas vezes que o jogo não queria ser jogado (detalhes sobre isto mais tarde). Assim, gostava de deixar aqui a testemunha do Tiago Leonel Ferreira e do Ricardo Correia sobre a sensação de ressuscitar alguém no jogo:

Tiago Leonel Ferreira: Porque é que as Shadows se parecem com sombras do Heart of Darkness? Preocupa-me esta discriminação. Está bem que estão a matar os teus companheiros, mas fomos nós que viemos para o território delas. Não podemos ser todos amigos? Vais a ver e elas até nem queriam magoar, só queriam ser a tua sombra, como uma namorada controladora ou herpes simplex. Pensa nisso.

Durante o tempo que escrevi esta frase já ressuscitei o Ricardo 6 vezes, o Bernardo 4 e estou morto desde 2014.

Ricardo Correia: Ressuscitar alguém em Warlocks vs. Shadows é a verdadeira prova de amizade, de fraternidade para com o próximo, de amor inconsequente e inesperado. Ressuscitarmos alguém obriga-nos a ser o alvo de todos os ataques dos inimigos, dando a nossa própria existência para que um amigo viva. Ressuscitar alguém em Warlocks vs. Shadows é ser Jesus Cristo.

 

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A escolha de personagens do Rubber Chicken

Quando acompanhado, Warlocks vs Shadows é bastante divertido, sendo os bosses do modo história o ponto alto do jogo. Para uma experiência solitária esperem apenas gostar se este género é a vossa praia, pois a elevada quantidade de inimigos no ecrã faz com que grande parte das vezes o nosso sucesso esteja mais nas mãos da sorte do que nas nossas. Tem pouca rejogabilidade (nula, à excepção da evolução das personagens) e tem uma curva de dificuldade incompreensível (começando equilibrado, depois muito fácil, depois extremamente difícil o que fez que não passássemos daí), fazendo de Warlocks vs Shadows um produto estranhamente incompleto, já que a parte que está em falta ser a mais fácil de arranjar.

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Não se vê um bo(i/ss) à frente do nariz, mas garanto que são divertidos e desafiantes.

Fazer de Warlocks vs Shadows um ponto de encontro para tí e até mais três amigos é um bom plano para vários serões. Porém, certifiquem-se que quando vocês e os vossos amigos o comprarem têm a perspectiva de jogar isto a sério, pois deixá-lo esquecido na conta do Steam poderá fazer com que tenham de o jogar sozinhos. E isso pode ser o suficiente para que nunca mais lhe voltem a tocar.

Um abraço, neste Ponto de Encontro®