Ser o Dungeon Master (ou Game Master) tem que se lhe diga. Não vou dizer que não dá trabalho, até porque se o fizesse estaria a mentir… ou até mesmo a lançar friends. Dá trabalho, consome um bom bocado de tempo, que é usado para planear encontros, construir uma cidade de raiz, conferir personalidades a vários NPCs, preparar uma série de demandas (primárias e secundárias), criar mapas (2D e/ou 3D), e até mesmo tudo em simultâneo (recomenda-se prudência). Mas, apesar de tudo, vale sempre a pena ver aquilo que criámos ganhar forma através do trabalho conjunto dos nossos jogadores. Posto isto, e apesar de tudo, às vezes é uma boa ideia fazer uma pausa e trocar de lugares com o Dungeon Master.

Como alguém que tem vindo sempre a desempenhar esse papel, procurando sempre novas formas de surpreender jogadores, não posso deixar de pensar que inverter papéis seria uma agradável experiência. Como eu há muitos outros, alguns dos quais trocam constantemente entre o papel de jogador e de Dungeon Master sem terem uma preferência por nenhum dos dois. Faz todo o sentido.

Creio que toda a gente conhece o filme O Clube dos Poetas Mortos (caso não, vejam-no depois de lerem este artigo). Há uma cena onde é pedido aos alunos que se ponham de pé em cima das suas secretárias. Aquilo que ao início aparenta ser algo perfeitamente ridículo acaba por incutir algo realmente valioso. É-lhes pedido para olharem melhor para a sala de aula, e é claro que não há grandes diferenças, mas o que realmente importa é a mensagem por detrás da experiência: novas perspectivas permitem encontrar novas ideias que podem posteriormente ser exploradas.

Neste sentido, falem com o vosso Dungeon Master e mostrem o vosso interesse em experimentar o lugar dele pelo menos uma vez. Se precisarem, de certeza que ele estará disposto a ajudar, não só com a preparação da sessão em si, como a descobrir qual é a vossa forma de administrar a mesma. É também ao mesmo tempo uma excelente forma de fortalecer os laços que já unem o grupo, com os vários membros a experimentar e a explorar uma série de cenários e aventuras muito mais diversos. Para não falar que estão a demonstrar ao mesmo tempo um sinal de respeito e de apreciação ao vosso Dungeon Master pelo tempo que investe nas vossas sessões.

Ser o Dungeon Master não é mau de todo. Diria mesmo que o mais difícil é preparar e administrar a primeira sessão. Depois disso, tudo corre naturalmente. Neste sentido, aqui fica a minha sugestão para trocar de lugares à mesa e dar-lhe uma dinâmica mais rica e diversa. Em todo o caso, se o setting, o enredo ou outros aspectos da actual sessão não forem do teu agrado, quem sabe, tu podes ser o Dungeon Master que o teu grupo está realmente a precisar.