Fui convidado pela 1C Company para testar durante 30 minutos o Devil’s Hunt durante a Gamescom deste ano. A acompanhar a sessão tive o Director Artístico do jogo, Maciej Wojtala, que foi o meu cicerone e pacientemente me explicou todos pontos mais intrincados da história e jogabilidade. Este é o resultado dessa experiência.

Devil’s Hunt é um jogo de acção que surge como uma adaptação do primeiro livro do escritor Paweł Leśniak, intitulado Equilibrium (Równowaga). A obra original explora o tema da eterna guerra entre Anjos e Demónios. Esta origem literária está bem presente nos momentos mais sérios do jogo, que acaba por fazer um contraste interessante com o festival de pancadaria e pirotecnia que define toda a experiência.

Resumindo o contexto do jogo sem relevar demais, o nosso personagem (Desmond) vê-se a braços com um pacto feito com o Diabo, que lhe dá uma série de habilidades extraordinárias, incluindo uma forma de imortalidade, a troco de algo tão corriqueiro como a sua alma.

A parte do jogo que foi dada experimentar colocava Desmond numa cidade totalmente destruída e ocupada por demónios. Sem surpresa, a experiência global consistiu em ir de área em área, enfrentar a coleção Outono-Inverno de Demónios de todos os tipos, destrancar novas habilidades e ter formas mais criativas e graficamente mais interessantes de remeter os capangas de Belzebuth à proveniência.

Pelo meio o jogo tenta intercalar as sequências de acção com outras actividades, tais como fazer equilibrismo sobre uma tábua fininha enquanto o chão arde de forma infernal por baixo dos nossos pés, passar por uma fenda na parede, subir uma escada, etc. Na versão que joguei essas actividades não tinham mecânicas de jogo associadas, tudo consistia em chegar ao sítio, carregar no botão e aguardar que o Desmond fizesse a acção. A intenção é claramente provocar alguma imersão no mundo e dar alguma diversidade de actividades ao jogador, o que não é errado, excepto quando acontece vezes demais e nos quebra o ritmo de jogo, fazendo esmorecer o proverbial hype por mais uma batalha com Diabos diversos, porque o personagem tem de atravessar quatro tábuas em chamas, passar por três fendas e subir dois lanços de escadas até chegar ao próximo combate.

O combate em si não é complexo, na verdade é bastante simples e quase rítmico (lembrou muito o Ryse: Son of Rome), mas está bem executado nessa liga. Não pretende ser um Dark Souls e nem o tenta imitar, mas também não é um festival de combos como o Devil May Cry.  O combate simples funciona em Devil’s Hunt, porque o jogo incentiva a um ritmo rápido de avanço e combate, sendo que a lógica revolve toda em chegar a uma batalha e despachar inimigos de forma graficamente interessante e com máximo de pirotecnia associada. Novamente só é pena que o nosso frenesim de batalha esteja sempre a ser interrompido porque o Desmond tem de trepar uma caixa ou passar por baixo de uma pedra.

A minha jornada no nível terminou sem surpresa num boss, que seguiu o protocolo, telegrafando-me com a devida antecedência os ataques que ia fazer, ficando a meu cargo descobrir qual poder Demoníaco utilizar para lhe estragar a tarde.

Em termos gerais, Devil’s Hunt é um jogo pouco ambicioso e descomplicado. É tudo acerca de pancadaria com Demónios e o caminho para lá chegar. É um jogo que para a intenção está bem executado, mas tem imensos pontos de melhoria. O aspecto mais fraco é a combinação entre a narrativa e o estilo que jogo, que falha como uma tuba num quarteto de cordas. Como já referi no inicio, denota-se que existe riqueza na história, mas o jogo não consegue equilibrar isso com acção frenética e oscila entre diálogos três ou mais minutos acerca de pontos de enredo complexos e pancadaria total, resultando em personagens mal desenvolvidas, uma história mal contada e o jogador com dedo dorido de tanto fazer “skip” aos diálogos.

A minha recomendação? Devil’s Hunt é aquele jogo simples de jogar, ideal para quando não queremos pensar muito ou precisamos de descansar de algo mais complicado. É uma bela compra/aquisição em saldos de 50% – 60% ou em bundles.