Das piores coisas que podem acontecer a um consumidor é publicidade enganosa, ver algo anunciado como X ou Y que no final não é nada disso. Não chega a ser vender gato por lebre mas digamos que é inspirado nisso. Quando For the King me foi sugerido no Steam foi porque através do seu algoritmo de coisas chegou à conclusão que eu tenho andado interessado em jogos de tabletop no PC como Wartile ou Warbands: Bushido, portanto um jogo que dizia ser um RPG com elementos Tabletop e Roguelike aguçou-me o apetite por ser fã dos dois primeiros. Este tem pouco de tabletop, pelo menos da parte que me tem agradado que é a de os jogos terem mesmo aspecto de peças de tabuleiro, For the King é muito digitalizado para isso, mas mesmo assim é um bom Roguelike RPG.

For the King ainda precisa de algum trabalho, estando em Early Access, não tem grandes falhas mas precisa limar umas arestas. O jogo em si é interessante em vários níveis, especialmente nas diferentes formas que se pode jogar.

Numa perspectiva mais ampla a nossa aventura começa após a morte do Rei, a Rainha pede a aventureiros que se cheguem à frente para afastar a escuridão e caos do reino. Para isso controlamos uma party de 3 elementos em mapas procedurally generated nos quais temos que completar as missões da main quest (sempre a mesma mas em locais diferentes) e side quests que vão aparecendo aleatoriamente. Até aqui nada de novo, certo?

É verdade, é igual a tantos outros jogos que já passaram pelas nossas mãos mas por outro é diferente porque temos um nível estratégico adicional que não há em muitos. A party, não tem que ser uma party clássicanem temos que ser nós a controlar os 3 elementos porque em linha com Pit People, e da primeira aula do regresso de Perdidos e Machados, temos aqui mais um Tactical Co-Op RPG por turnos. Seja em local ou online multiplayer (ou mesmo só na cabeça do single player) cada um dos 3 aventureiros de For The King é comandado individualmente, isso implica que combates e outros eventos podem ser enfrentados a solo, par ou trio. Os jogadores podem entrar sempre em conjunto aproveitando a típica força dos números ou arriscar separar-se para cobrir mais terreno.

Todas as estratégias são arriscadas, não é por estarem juntos que irá ser mais fácil ou garantido ter sucesso na nossa tentativa, mas a liberdade de o poder fazer é no mínimo curiosa. Esta gestão três aventureiros pode ser boa ou má dependendo de com quem jogamos. Por exemplo ao acabar uma luta podemos dividir igualmente o ouro ou quem apanhar primeiro fica com ele. Talvez algo que possa ser discutido antes entre os jogadores para não terem surpresas desagradaveis, o mesmo pode acontecer com objectos porque para quem os recolhe é quem tem está no turno, se dá o objecto a quem pode tirar mais proveito dele ou se o vende para proveito próprio é lá com ele, e aí está grande parte do interesse do jogo, o entrar na companheirismo e sacanice.

Há realmente um componente de tabletop da mecânica do jogo, mas como é subtil passa ao lado, todos os movimentos e ataques são baseados numa espécie de rolar de dados. Há uma mecânica chamada “focus” que dá pontos garantidos ao rolar, por exemplo se para ter sucesso é preciso rolar um 4 ou mais num D-6, podemos usar um focus para garantir pelo menos 1, assim precisando de tirar menos pontos. Tal como em outros RPGs toda esta mecânica passa-se no background e vemos maioritariamente o resultado final é fácil negligenciar essa parte de Tabletop anunciada na “publicidade” de For the King.

For the King é um bom RPG para investir, o preço de €19.99 pode parecer alto mas não tenho dúvidas que valerá isso quando sair de Early Access e tiver na sua versão final. Não é um jogo para investir semanas da nossa vida, mas é um um bom entretenimento para quando queremos brincar a solo ou com alguém.