Quando estamos a preparar a nossa próxima sessão de RPG de mesa, é normal perdermo-nos em notas de variável grau de complexidade sobre o que poderá ou não ter lugar. Desde de descrições do cenário às acções de NPCs com os quais os jogadores irão trocar palavras (ou algo mais), passando por referências de playlists adequadas para conseguir aquela imersão ideal, tudo é feito para criar a melhor experiência possível.

Com o decorrer da sessão e com os jogadores a procurar resolver os problemas que têm diante de si, nós, que sabemos a solução, damos por nós a pensar uma e outra vez “não, não é por aí” ou “estás a pensar demasiado nisto”. Há quem se chegue à frente e diga a solução ou pelo menos alguma forma de pista (quer os lances de dados o justifiquem ou não), e não há nada de errado com isso. É apenas uma forma diferente de mestrar uma sessão.

No que toca a revelar o que está por detrás da cortina, pessoalmente não levanto objecções no que toca a falar sobre aspectos mecânicos como a distribuição de pontos de experiência ou a gestão de habilidades das várias criaturas (depois da sessão, claro). Quando estamos a falar de algo mais narrativo, como o porquê de uma determinada personagem ter reagido de uma maneira ou porque algo aconteceu de uma forma mais peculiar, aí limito-me a encolher os ombros e a dizer “não sabes”. Contudo, é algo que tenciono revelar abertamente em apenas duas situações: quando a campanha acabar ou quando as personagens dos jogadores em questão morrerem.

Quando estamos a preparar a sessão, é importante ter em atenção estes elementos e o seu secretismo. A partir do momento em que mostramos como tudo é gerido e mais importante o porquê, a imersão dissipa-se e passamos de uma experiência a um simples jogo. A tensão, a imersão e o brainstorming que cobre todo um confronto ou quebra-cabeças reduz-se a uma conversa amigável regada com lances ocasionais de dados em que as personagens interpretadas são meros mediadores. Ainda assim, não é algo a evitar, uma vez que há grupos que poderão estar mais inclinados para este tipo de abordagem. É só uma questão de ter a certeza que estão todos na mesma página.

No fim do dia a história é contada, e com mais ou menos confusão, com mais ou menos ponderação, a mesma irá avançar com as acções que vão ser tomadas, ou no calor do momento ou ao fim de horas em redor de uma porta com um ar suspeito.