Talvez este artigo já venha com algum atraso tendo em conta que o jogo foi finalista no último Indie X que teve uma edição física por isso aproveitando o lançamento de FTW – For the Warp na Nintendo Switch para fazer um artigo sobre o que eu considero um dos melhores jogos feito em Portugal nos últimos anos.
A minha opinião é partidária porque For the Warp é focado em duas coisas que eu adoro, Ficção Científica e Deck Builders. É como convidar-vos para jantar e dizerem logo que a sobremesa e o prato principal são dois dos vossos pratos favoritos. Já vão com apetite voraz e uma abertura de mentalidade muito diferentes do que se fossem comer algo que não gostam. Este aspecto teve muita influência na minha opinião, mas também podia ter corrido mal porque não há nada pior que cozinhar mal algo que gostamos.
For the Warp é um roguelike por turnos, em que temos que levar uma nave por vários sectores até ao nosso destino final. O primeiro problema que o jogo nos coloca é que só vemos um passo de cada vez, sabemos a direcção que temos que ir mas não sabemos que caminho é o melhor. Cada “quadrado” que andamos gastamos combustível e temos mais um leque de opções para avançar. A gestão de combustível tem que ser muito cuidadosa porque não há nada pior que perder porque não podemos avançar, e ficamos à deriva, sem comida, sem água, sem ar… Isto já é na minha imaginação, o jogo simplesmente acaba e podemos começar outra vez com outro conjunto aleatório de mapas.
Além da gestão de combustível e caminhos, temos outros aspectos para decidir, gastamos dinheiro a comprar cartas ou não? E que cartas comprar, as de defesa ou de ataque? E nas estações? Reparamos a nave ou compramos combustível? Quando vamos avançar, fugimos ou combatemos sem saber quem nos vai aparecer à frente? Há aqui uma nítida inspiração de outros jogos como FTL mas com uma perspectiva e algumas mecânicas próprias. O estilo da arte e da jogabilidade são particulares, não são totalmente originais nem reinventam a roda, mas são bem executados e aqui está o cerne da questão. Em tudo o que faz, está bem construído e executado.
Digo muitas vezes que não há nada mais fácil do que esconder erros em algo grande, qualquer um dos “grandes” jogos que foram lançados nas últimas semanas e são candidatos a GOTY estão carregados de pequenas e médias falhas e erros mas no meio de tudo o resto não reparamos. Um erro por mínimo que seja em For the Warp seria evidente, como uma borbulha vermelha e enorme numa testa imaculada. Até agora não encontrei nenhum erro. Isso é de louvar tal como a construção de um jogo coeso, desafiante e belo no seu todo.
Altamente recomendado em todas as plataformas que está disponível.