Avaliar jogos de notório pendor académico soa-me sempre a uma tarefa injusta. E nem é essa faceta da minha vida ligada à formação a lembrar-me que estas propostas são parte do processo de crescimento de jovens criadores, mas sim porque a partir do momento em que esses jogos – que na sua maioria deveriam estar enquadrados no meio académico – vêm para o mercado, terão de ser observados à mesma lupa de qualquer outro jogo, e sabermos que os seus criadores ainda estão a terminar os seus cursos.
Este é o caso de Cube Snake, um jogo desenvolvido em meio estudantil pelo estúdio italiano Kabum, e que foi lançado a 30 de janeiro de 2025 no Steam por €2,99. A premissa soa-me a um exercício de formação de game dev: criar uma nova perspectiva sobre um clássico, neste caso calhou ao jogo Snake, introduzindo-o num ambiente 3D com uma estética retro-futurista e cyberpunk.
O jogo é tão simples que o nível que vemos é mesmo o único que aqui existe.
Em Cube Snake controlamos uma cobra que se desloca num mundo cúbico isométrico, utilizando apenas dois botões para virar à esquerda ou à direita. O objectivo é recolher alimentos que de início me lembraram sacos de dádiva de sangue mas que rapidamente percebi serem aqueles pacotinhos de fruta que os nossos filhos adoram, e que aparecem aleatoriamente no mapa, fazendo com que a cobra cresça progressivamente.
À medida que a cobra aumenta de tamanho – tal como no jogo original – o desafio intensifica-se, exigindo de nós um maior cuidado na locomoção, especialmente porque a câmara é fixa e apesar do cubo ser tridimensional, só nos podemos locomover nas faces visíveis.
É por isso que temos de estar atentos para não ultrapassar a linha vermelha que delimita o campo de jogo e evitar morder a própria cauda, sob pena de terminarmos a partida, o que nos pode levar a ficar mais longe de alcançar a maior pontuação possível, competindo nos rankings globais ou tentando ultrapassar recordes pessoais.
Dado o preço do jogo, 2,99€, e a sua qualidade (a forma como a cobra saltita quando mudamos de direcção exigia um melhor cuidado) e o seu singelo nível, diria que o estúdio Kabum talvez devesse colocá-lo abaixo do euro, evitando ultrapassar essa barreira psicológica/financeira. É que neste preciso momento consigo gastar um pouco menos do que isso no Steam para comprar jogos que fugiram como alguns dos melhores dos últimos 10 anos, e este não é certamente um deles.