Os cozy games vêm em todos os formas e feitios, dos sobejamente conhecidos farming sims, passando por jogos de culinária e muitas outras simulações simpáticas de lojas. O elemento diversificador costuma ser sobretudo a temática e a abordagem de cada um destes títulos, e sem sombra de dúvida que Trash Goblin nos traz uma perspectiva no mínimo original.

Trash Goblin é um jogo indie desenvolvido pelos Spilt Milk Studios, que nos convidam a viver o dia-a-dia de um pequeno goblin que gere uma loja especializada em bugigangas esquecidas. Lançado em acesso antecipado já no ano passado, em Novembro de 2024 e com a versão final disponibilizada em Maio de 2025, o jogo rapidamente conquistou uma comunidade fiel que foi dando o seu valioso feedback aos seus criadores, e que em muito contribuíram para a criação do seu ambiente acolhedor.

O loop de Trash Goblin é simples de explicar: estamos à frente de uma loja com balcão onde nos vão trazendo objectos abandonados que temos de limpar, restaurar e vender. Para isso utilizamos ferramentas como cinzéis e esponjas para remover a sujidade, permitindo-nos revelar lentamente os detalhes escondidos de cada peça. Estes momentos, embora simples na mecânica, tornam-se profundamente satisfatórios graças à atenção ao detalhe visual. 

A isto junta-se a possibilidade de combinar objectos, reciclando partes para criar novas peças decorativas, aumentando assim o valor e a variedade dos artigos disponíveis na loja. Um objecto aparentemente inútil que restauramos num dia pode dias mais tarde revelar-se como a parte em falta de outro objecto que recebemos, e é interessante vermos a nossa bancada a encher-se de objectos e partes cujo destino ainda desconhecemos.

O progresso no jogo dá-se através da expansão e personalização do nosso pequeno espaço comercial, onde cada canto pode ser decorado com plantas, móveis, papel de parede e até uma cafeteira que ajuda a manter o goblin bem disposto ao longo do dia, estendendo também a energia necessária para continuar a trabalhar. Apesar de não existirem pressões de tempo nem penalizações por falhar, a quantidade de trabalho que conseguimos fazer dependem da passagem das horas do dia. Felizmente que os clientes esperam calmamente, e o ritmo é sempre determinado por nós, ainda que algumas missões/clientes determinem o tempo máximo de espera que estão dispostos a passar. 

Com a actualização para a versão final o jogo introduziu uma narrativa leve, com mais de trinta personagens e trinta e cinco missões, além de novas áreas para explorar e um sistema de colecção chamado Trinketpedia. Há agora mais de duzentas bugigangas diferentes, e cada uma delas tem pequenas histórias e características únicas. Esta actualização de Early Access para Full Release também trouxe o sempre esperado sistema de conquistas e compatibilidade completa com o Steam Deck, o que me deixou feliz a mim, e acredito que a muita gente da nossa comunidade.

Trash Goblin tem um loop simples num ambiente relaxante, com uma jogabilidade reconfortante de limpar bugigangas similar à satisfação sensorial de limpar vidros ou pintar miniaturas.

Trash Goblin é um daqueles jogos que transforma o ordinário (e o lixo) em algo encantador, e onde facilmente perdemos horas a fio sem percebermos, e sobretudo sobre encontrar beleza nas coisas esquecidas, e aparentemente estragadas.