
Enquanto vos escrevo este artigo lembro-me que se o mundo não estivesse acossado por uma pandemia, estaria a preparar-me para ir ver o John Cleese ao Coliseu. Mas hey, chamem-lhe positivismo tóxico como a minha mulher lhe chama, ou como eu apelido, aproveitando a deixa dos Monty Python: é preciso mesmo ver o lado “claro” da vida.
O humor do grupo britânico é um dos mais influentes na minha vida, e na de milhões de pessoas pelo mundo. É quase impossível não sentir a sua influência em dezenas de comediantes nacionais e internacionais, alguns a roçar o plágio. Que o digam alguns felinos com problemas odoríferos.

Jogar Riposte! (que chegou ao Steam há dias pela mão do estúdio Misdirection Games) é como ter um hilariante (e sangrento) party game retirado da famosa cena do Cavaleiro Negro dos Python.
A começar pelo visual, emulado de gravuras da idade Média, que representam não só os nossos personagens mas também os fundos, todos eles traçados por cima de imagens com os maneirismos da época.
Os seus autores definem Riposte! como um party fighting game, e não poderiam estar mais certos. O seu modo principal centra-se em duelos, com cada um dos oponentes a ocupar uma extremidade do ecrã. Pelo meio duas mãos flutuantes a empunharem uma arma, cada uma a pertencer a um dos oponentes, com o objectivo de conseguir desferir e ripostar ataques, aproveitando brechas na defesa do adversário para conseguir ir destruindo a sua armadura, e finalmente empalá-lo.

Depois da apologia dos emparedamentos no Split-Chicken, eis que um divertido party game me faz rir com empalamentos e lâminas a trespassarem corpos. Não é sadismo, juro. É que à medida que vão jogando Riposte! é impossível não se rirem com os vossos oponentes, já que eles estarão quase obrigatoriamente sentados ao vosso lado.
Cada vez que perdemos uma ronda podemos trocar de arma, mas o segredo de Riposte!, como na esgrima, é a capacidade de aproveitar a vulnerabilidade do adversário para atacar. E verem umas mãos flutuantes a duelarem com as suas armas, com alguns golpes falhados e defesas risíveis, cedo vão perceber o porquê de este ser um jogo de festa.
Para além do modo base há muitos modos adicionais pensados entre 4 a 8 jogadores localmente (sem grandes problemas de divisão de ecrã já que cada jogador controla apenas uma mão armada flutuante). Desde lutas de taberna em que temos de rebentar os balões dos nossos oponentes, até a valentes peixeiradas em que tentamos acertar em peixes voadores com um punhal, Riposte! é um divertido party game, com muito conteúdo, mas sobretudo com uma identidade forte.

Com o seu visual de inspiração medieval, tudo tem um ar surrealmente cómico, o que só eleva a sua diversão para o patamar de absurdo onde ele merece estar. Mesmo para quem não tem companhia ao seu lado, Riposte! é mais um aderente do Remote Play Together, permitindo que partilhem o jogo com os vossos amigos, tornando-o um party game sui generis, e ao mesmo tempo obrigatório.
E é, ironicamente, um dos dois jogos com uma aura montypythesca que jogámos esta semana. Mas lá chegaremos nos próximos dias.













